A sequência de ações que se seguiu levou a paciência de Isabela a cerca da convivência com a humanidade ao limite. Ela não se dedicava aos mortos apenas por interesses acadêmicos. Dedicava-se aos mortos porque, na maior parte do tempo, detestava os vivos, com seus talentos para levá-la ao auge da fúria. Cada vampiro é um ser partido em dois, uma parte referindo-se à humanidade que ainda lhe resta e a outra à besta que lhes dá todas as vantagens de pertencer à noite e que tem sede de sangue. Em cada momento que um daqueles patéticos humanos ousavam testar sua paciência a besta se remexia dentro dela e mandava-lhe rasgar-lhe suas gargantas e tomar-lhe o sangue... certamente, em momentos como aquele ela pensava que a Camarilla era idiota em permitir tamanha liberdade para aqueles sacos de carne.
A mulher retorna para tentar dizer poucas e boas para o advogadozinho inchado. O que ela diz chama a atenção de Isabela e a faz mirá-la com cuidado. Marcando-a e inserindo-a como seu próximo item na sua lista de afazeres. Há nomes, por mais poderosos que sejam, cujo poder está justamente por suas ações na escuridão e no silêncio. Giovanni era um nome que não podia ser proferido em vão. Imaginou quem ela seria para conhecer o nome de sua família. Ela dizia ser de Veneza, porém, em Veneza, lar dos Giovanni, aquele era um nome tão temido que os comuns evitavam dizê-lo em voz alta, evitavam torná-lo tópico das conversas. Tudo para que não se tornassem alvo da fúria de um dos descendentes de Augusto. E a idiota dizia que um Giovanni qualquer viria em seu resgate, por isso ela era perigosa... Quão patético poderia ser isto. Franchesco Giovanni... Imaginava quem seria o imbecil que deixaria a solta lacaio tão mal educado. Nota mental: educar a idiota, notificar o imbecil sobre sua criaturinha boca grande, notificar aos patriarcas sobre a irresponsabilidade do imbecil.
Quando a mulher se sentou à outra mesa, prolongou o olhar por mais alguns segundos e por fim voltou-se para o homenzinho que como um cachorrinho parecia abanar o rabinho por sua atenção. Ele lhe pede desculpas por ter-se atravessado em seus assuntos. Ela ignora. Explica que está atarantado. Ela ignora. E, finalmente, pergunta o que ela precisa de um advogado.
Normalmente, teria preferido investigar melhor a criatura antes de colocá-la a par de seus negócios. Mas ele tinha uma vantagem. Estava sob o radar de Henry Freeman e seria o responsável pelos despejos de Garden District. Para sua segurança, era possível que Freeman tivesse dado a ele de seu sangue para garantir fidelidade. Mas não acreditava que tivesse feito dele seu carniçal. A relação de um mestre com seu carniçal é mais estreita do que aquilo. Além disso, o homenzinho, ao realizar o trabalho sujo de Freeman saberia melhor quem seria seus inimigos caso se visse frente a frente com um. Victor Calarram deveria saber identificar quem seriam os membros da Primigênie e seus carniçais conhecidos. Se Calarram a tivesse reconhecido, ela saberia. Um carniçal não se mostraria tão a vontade com uma anciã. Por melhor ator que fosse, ela lidava com os malditos Toreadores numa frenquência maior que o desejado para saber se armar contra um truque ou dois.
Neste momento um som de excreções humanas enche a lanchonete, seguido do som de substâncias parcialmente líquidas caindo ao chão. O cheiro de resíduos estomacais rapidamente se espalha pelo lugar. O filhotinho do Ventrue tenta disfarçar, mas torce o semblante enojado. Ele pergunta se ela prefere se retirar e ir para um local mais apropriado para continuarem a conversa. Ela ergue a mão para silênciá-lo.
— Podemos continuar aqui, estou acostumada com odores muito piores — diz ela para a agonia do homenzinho.
— O que precisarei de você, neste momento é simples. Existe uma propriedade abandonada, em Lakefront, o antigo manicômio. Quero adquiri-la, legalmente, tudo preto no branco, para não abrir qualquer margem para ocorrer como ocorrerá em Garden District. Infelizmente não sei quem é o proprietário. Caberá a você descorbrir a quem a propriedade pertence e assegurar que ela seja passada para mim. Cubro a quantia que for necessária, mas procure negociar um preço razoável. Se você conseguir isto, com descrição, eu mantenho você e sua empresa cuidando dos aspectos burocráticos da abertura de meu novo negócio.
Seu tom de voz não abria qualquer espaço para questionamentos. E para garantir que teria dele o que queria, pôs a mão no rosto dele e fez com que seus olhos se encontrassem.
— Até que eu diga o contrário, minha presença na sua lista de clientes deve ser mantida em segredo. Como eu já lhe disse não gosto que se intrometam em meus assuntos. Você entendeu?
Ele não tem outra escolha senão dizer que sim e quando ele o faz, Isabela se afasta e se ergue, aprumando-se para sair.
— Entre em contato com Vicenzo, meu... assistente, caso precise de mais informações, ou precise se encontrar comigo. — Ela lhe pede uma caneta, e escreve o número do telefone do carniçal num guardanapo. — Perdão por isto, eu deixei minha bolsa no carro. — Entrega-lhe o papel com o número. — Acredito que estamos acertados, Sr. Calarram, — estende-lhe a mão. — Mantenha-me informada sobre seu progresso.
Antes de se retirar porém, ela se abaixa e sussurra em seu ouvido.
— Sobre Garden District, Freeman está lidando com gente muito mais graúda que ele. Se deseja continuar vivo, tome cuidado.
E moveu-se para se afastar, pensando que não estava tentando proteger as propriedades do principado, mas tentando manter seu advogado vivo. E se este Calarram for realmente tão bom quanto diz, irá tomar cuidado para não atravessá-la com Freeman e acabar comprometendo sua credibilidade mortal.
A mulher retorna para tentar dizer poucas e boas para o advogadozinho inchado. O que ela diz chama a atenção de Isabela e a faz mirá-la com cuidado. Marcando-a e inserindo-a como seu próximo item na sua lista de afazeres. Há nomes, por mais poderosos que sejam, cujo poder está justamente por suas ações na escuridão e no silêncio. Giovanni era um nome que não podia ser proferido em vão. Imaginou quem ela seria para conhecer o nome de sua família. Ela dizia ser de Veneza, porém, em Veneza, lar dos Giovanni, aquele era um nome tão temido que os comuns evitavam dizê-lo em voz alta, evitavam torná-lo tópico das conversas. Tudo para que não se tornassem alvo da fúria de um dos descendentes de Augusto. E a idiota dizia que um Giovanni qualquer viria em seu resgate, por isso ela era perigosa... Quão patético poderia ser isto. Franchesco Giovanni... Imaginava quem seria o imbecil que deixaria a solta lacaio tão mal educado. Nota mental: educar a idiota, notificar o imbecil sobre sua criaturinha boca grande, notificar aos patriarcas sobre a irresponsabilidade do imbecil.
Quando a mulher se sentou à outra mesa, prolongou o olhar por mais alguns segundos e por fim voltou-se para o homenzinho que como um cachorrinho parecia abanar o rabinho por sua atenção. Ele lhe pede desculpas por ter-se atravessado em seus assuntos. Ela ignora. Explica que está atarantado. Ela ignora. E, finalmente, pergunta o que ela precisa de um advogado.
Normalmente, teria preferido investigar melhor a criatura antes de colocá-la a par de seus negócios. Mas ele tinha uma vantagem. Estava sob o radar de Henry Freeman e seria o responsável pelos despejos de Garden District. Para sua segurança, era possível que Freeman tivesse dado a ele de seu sangue para garantir fidelidade. Mas não acreditava que tivesse feito dele seu carniçal. A relação de um mestre com seu carniçal é mais estreita do que aquilo. Além disso, o homenzinho, ao realizar o trabalho sujo de Freeman saberia melhor quem seria seus inimigos caso se visse frente a frente com um. Victor Calarram deveria saber identificar quem seriam os membros da Primigênie e seus carniçais conhecidos. Se Calarram a tivesse reconhecido, ela saberia. Um carniçal não se mostraria tão a vontade com uma anciã. Por melhor ator que fosse, ela lidava com os malditos Toreadores numa frenquência maior que o desejado para saber se armar contra um truque ou dois.
Neste momento um som de excreções humanas enche a lanchonete, seguido do som de substâncias parcialmente líquidas caindo ao chão. O cheiro de resíduos estomacais rapidamente se espalha pelo lugar. O filhotinho do Ventrue tenta disfarçar, mas torce o semblante enojado. Ele pergunta se ela prefere se retirar e ir para um local mais apropriado para continuarem a conversa. Ela ergue a mão para silênciá-lo.
— Podemos continuar aqui, estou acostumada com odores muito piores — diz ela para a agonia do homenzinho.
— O que precisarei de você, neste momento é simples. Existe uma propriedade abandonada, em Lakefront, o antigo manicômio. Quero adquiri-la, legalmente, tudo preto no branco, para não abrir qualquer margem para ocorrer como ocorrerá em Garden District. Infelizmente não sei quem é o proprietário. Caberá a você descorbrir a quem a propriedade pertence e assegurar que ela seja passada para mim. Cubro a quantia que for necessária, mas procure negociar um preço razoável. Se você conseguir isto, com descrição, eu mantenho você e sua empresa cuidando dos aspectos burocráticos da abertura de meu novo negócio.
Seu tom de voz não abria qualquer espaço para questionamentos. E para garantir que teria dele o que queria, pôs a mão no rosto dele e fez com que seus olhos se encontrassem.
— Até que eu diga o contrário, minha presença na sua lista de clientes deve ser mantida em segredo. Como eu já lhe disse não gosto que se intrometam em meus assuntos. Você entendeu?
Ele não tem outra escolha senão dizer que sim e quando ele o faz, Isabela se afasta e se ergue, aprumando-se para sair.
— Entre em contato com Vicenzo, meu... assistente, caso precise de mais informações, ou precise se encontrar comigo. — Ela lhe pede uma caneta, e escreve o número do telefone do carniçal num guardanapo. — Perdão por isto, eu deixei minha bolsa no carro. — Entrega-lhe o papel com o número. — Acredito que estamos acertados, Sr. Calarram, — estende-lhe a mão. — Mantenha-me informada sobre seu progresso.
Antes de se retirar porém, ela se abaixa e sussurra em seu ouvido.
— Sobre Garden District, Freeman está lidando com gente muito mais graúda que ele. Se deseja continuar vivo, tome cuidado.
E moveu-se para se afastar, pensando que não estava tentando proteger as propriedades do principado, mas tentando manter seu advogado vivo. E se este Calarram for realmente tão bom quanto diz, irá tomar cuidado para não atravessá-la com Freeman e acabar comprometendo sua credibilidade mortal.