Vampiro: NOLA
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Centro Empresarial

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Liam Maverick
Victor Calarram
Henry Freeman
Mestre de Jogo
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26Centro Empresarial - Página 2 Empty Re: Centro Empresarial Sex Jun 15, 2012 4:12 am

Henry Freeman

Henry Freeman
Ancillae

POR FAVOR, LEIAM O POST ACIMA ANTES


A cada segundo que passava, Henry sentia o grandioso momento se aproximar. Em sua concepção, o ápice de tão complexa trama chegaria com a dissolução da Camarilla, dissolução esta representada pela passagem do lendário Xerife Nosferatu Edgard von Astorff à Oposição. De forma a atingir seus objetivos, o Ancillae preparou-se intensamente para a árdua empreitada de ser o único na cidade a nadar contra a maré. Buscou informações pessoais dos oponentes mais importantes a quem poderia enfrentar. Por um golpe do destino, acabou confrontando Edgard, justamente o mais forte dentre todos. Tendo sido expostos seus fantasmas e convencido de que agia sob a égide de um governo retardado, seria virtualmente impossível que o feioso resistisse à oferta Ventrue. Só que Freeman não teve tempo de ver seu plano dar certo.

A vampira que invadiu o encontro de mortos-vivos era linda como um anjo. Em um passe de mágica todos fizeram silêncio e se viraram para admirar a bela presença da mulher. Como não se dar conta de que estavam na presença de Catherine Blake, submundialmente conhecida como a senhora Ventrue? O reconhecimento daquela figura fez nascer um sorriso no rosto de Henry, não de felicidade, mas de raiva; raiva por sofrer intromissão em SEU trabalho antes da hora; raiva por acabar tendo seus méritos subtraídos por uma anciã que preferiu se manter até agora afastada do problema ao invés de arregaçar as mangas e ir à luta desde o início. A aparição de alguém mais velho, mais sábio e que surge como o salvador da pátria é um mero artifício político, mais antigo que o próprio Caim.

Não valia a pena ficar resmungando, apenas ficar resmungando pelos cantos. Como um fiel membro da casa Ventrue, Freeman consente em seguir ordens de superiores ainda que as julgue tolas. “Coloque um sorriso no rosto, um trocado no bolso e vá viver a noite seguinte”, era o que seu Senhor dizia quando lhe ensivana sobre os maus momentos. E que mau momento havia passo com Catherine... Freeman foi dispensado de maneira bem prática e descortês, logo, não fazia sentido ficar e criar tumulto. Deixou a presença dos outros cainitas com um breve “com licença” e se recolheu em seu refúgio no escritório da Vestrue CO. Pouco lhe importava o que Catherine pensava a seu respeito; enquanto tivesse autorização para agir, assim o faria. Existem muitas outras frentes de guerra além da negociação direta com o principado, como as desapropriações, por exemplo. Henry ainda tinha problemas em obter a vitória na justiça, mas não desistiria até que saísse a tão aguardada decisão de despejo. Para ele, derrubar o poder vigente é muito mais que costurar alianças e manter inimigos próximos; é uma questão de mostrar força.

Na noite seguinte, Henry se reúne com alguns diretores da Vestrue para que lhe fossem passadas as atualizações necessárias, como a reação da mídia e da bolsa de valores à exibição do balanço da empresa e também ao anúncio das desapropriações. Ele sai da sala com ótimas notícias, acompanhado de dois assessores humanos – Henry não emprega carniçais no alto círculo da Vestrue. Seguem direto para o Edifício Calarram.

Uma ligação pelo caminho abriu as portas para que a comitiva subisse direto até o 14º andar. Henry poderia ter ficado reparando em como o edifício mediria o sucesso profissional de Victor, mas suas preocupações e prioridades são outras. Catherine à essa hora estaria chegando na Longue Vue para uma reunião da qual ele não poderia deixar de conhecer o conteúdo. Sua mente faz giros e traçados tortuosos a fim de encontrar uma ligação entre seus recursos e em como eles poderiam ajudar na obtenção dessa informação.

Com as mãos unidas atrás de seu corpo, demonstrando muita calma nas palavras, Freeman fala com um de seus assessores.

- Ligue para o senhor O’Reilly assim que sairmos do elevador. Peça que deixe uns homens à paisana em frente a Vestrue e que ele pessoalmente vá até a Longue Vue bater à porta. Quero vê-lo seguindo de perto a senhorita Blake. Também quero ser informado de qualquer ligação telefônica entrando ou partindo da mansão que seja captada por nossas escutas.

A porta do elevador se abre e o homem não tarda a fazer a ligação, ficando para trás em relação ao grupo. Henry se aproxima do balcão, mas é o outro assessor a falar com a secretária, a qual Freeman sequer se dignifica a reparar nas feições. Ela avisa que o senhor Victor estava sozinho na sala os aguardando, e após falar com ele no interfone, permite que entrem. Freeman ainda mostrava preocupação em seu semblante ao entrar na sala.

- Boa noite, senhor Calarram. - cumprimenta o advogado, provavelmente assustando-o por conta da temperatura gélida de sua mão – Desculpe, lavei a mão com água fria agora há pouco.

O comentário esdrúxulo – na verdade, a “desculpa esfarrapada” - mostra o quão desconcentrado ele está. Mas como detestaria que Victor notasse a perturbação e entrasse numa conversa de “o que lhe preocupa?”, resolve aliviar a expressão. Em seguida aponta para o assessor e a mala que ele trazia.

- Trouxemos o contrato para o senhor assinar. Não se preocupe, poderá fazê-lo ao término da reunião, antes de eu ir embora. Acredito que vai estar mais propenso a assinar.

Senta-se na cadeira mesmo que não tenha sido convidado a fazê-lo. E então Henry passa a olhar firmemente para Victor, como um verdadeiro homem de negócios. Um homem de negócios extremamente dominante, que transforma as palavras em uma obrigação a ser cumprida pelo outro.

- Eu quero que você acelere esse processo. Quero ver o despejo acontecendo amanhã à noite, entendeu? – amassa com força o indicador contra a mesa de Victor, demonstrando o quão sério falava – O tempo, nesse caso em específico, senhor Calarram, não é meu aliado; é meu inimigo. E eu gosto de vencer meus inimigos. Sei que você também gosta, e que por isso terá 100% de sucesso nesse caso.

Dispensa o assessor depois que o homem deixa a maleta sobre a mesa, ficando sozinho com Victor na sala. O tempo que essa ação durou serviu para o advogado dar respostas de praxe. Feito isso, Freeman prossegue.

- Contamos com dinheiro o suficiente para comprarmos quem quisermos, mas ainda sim temos um problema, senhor Calarram. – chega o corpo um pouco mais para frente – Eu não posso simplesmente lhe dar um contrato tão generoso, disponibilizar tanto dinheiro e expor ao senhor que a Vestrue tem seus segredos sem ter minhas garantias antes, não acha?

Em um único impulso violento Henry estica o braço e puxa o colarinho da camisa de Victor, trazendo o advogado para perto de si – ainda que quase tenho o feito “voar” sobre a mesa. Ele prende o olhar do homem com seus olhos dominadores.

- Abra a boca.

Fazendo uso dos poderes do sangue, Freeman emite uma ordem simples que não pôde ser recusada. Em seguida o vampiro aproxima o braço livre da boca de Victor e morde o próprio pulso, abrindo um pequeno filete por onde o sangue começa a pingar. A excitação com o momento faz com que Freeman acabe mostrando suas presas, o que poderia intimidar ainda mais o humano. Ele leva o corte no braço próximo à boca do outro.

- Beba.

Pouco esforço é feito pelo Ventrue. Após alguns goles ele solta Victor e se recompõe na cadeira, inclusive recolhendo as presas. Calmamente fica a observar todas as reações do advogado, só intervindo caso o mesmo começasse a fazer escândalo. Quando acabasse o estágio inicial daquela primeira experimentação de sangue cainita, Freeman prosseguiria com a reunião, desta vez com a certeza de que obteria a assinatura do maquiavélico contrato.

27Centro Empresarial - Página 2 Empty Re: Centro Empresarial Sáb Jun 16, 2012 12:31 am

Victor Calarram

Victor Calarram

Estava sentado observando o anoitecer. Quando o café terminou, voltei para a minha mesa e acionei interfone.

- Senhorita Smith! Por favor, providencie os documentos que mandei Donavam levantar ontem para mim. Obrigado!

Minha mente já retomava o seu trabalho frenético, pensando em todas as possibilidades para cumprir com serviço proposto pelo Senhor Henry Freeman na noite anterior. Decerto eu queria a Vestrue como cliente da minha carteira, e para isso não mediria esforços.

Pouco tempo se passou até que uma larga pasta de cor parda foi colocada a minha frente. De tão compenetrado que eu estava, nem percebi a entrada da senhorita Smith. No momento que eu apanhei a pasta ela me indagou.

- O senhor deseja mais alguma coisa?

Mantive-me calado, gesticulando lentamente com a cabeça enquanto encravava minha face nos papéis. Ela se retirou.

Analisei cada folha dos documentos lentamente, prestando o máximo de atenção nos detalhes, nas entrelinhas.

Após alguns minutos, caminhei até uma estante de livros situada no lado esquerdo da sala e retirei alguns livros. Sabia que tinha uma forma mais simples do que um embate processual para realizar a despejo, mas como todo advogado precavido, tinha que me certificar de que meu raciocínio não falhava, e que também não me pregava uma peça.

Retornei para a mesa, onde depositei os livros e passei a folhear. Depois de um tempo de consulta, retirei do suporte uma caneta, e da gaveta algumas folhas de papel. Finalmente eu tinha achado algo que eu procurava, e assim eu teria a ferramenta perfeita para instruir, não um processo judicial, mas sim um despejo administrativo de forma célere.

Comecei a rascunhar alguns trechos dos livros que eu achava essenciais, formulando o que eu iria apresentar para o senhor Henry quando ele chegasse.

No exato momento em que terminei de transcrever meu raciocínio, o interfone tocou. Era a senhorita Smith anunciando a chegada do senhor Freeman e seus assessores. Imediatamente autorizei a entrada em minha sala, dando ordem de que ninguém interrompesse a nossa reunião. Guardei o rascunho e a pasta com os documentos na primeira gaveta da mesa. Assim que escutei o barulho da porta se abrindo me levantei.

Adentravam na sala Henry e um assessor que trazia consigo uma maleta.

Eles se aproximam da mesa, a qual eu contorno para poder cumprimentá-los. Estendo a mão para Henry e este a recebe.

- Boa noite, senhor Calarram.


Segui o cumprimento.

- Boa noite, senhor Freeman. É um enorme prazer receber o senhor em meu escritório.


Sua mão estava fria como uma pedra de gelo, o que me causou estranheza, mas ele deve ter percebido isso em minha face e rapidamente justificou o porquê.

– Desculpe, lavei a mão com água fria agora há pouco.

Retornei ao meu lugar na mesa. Henry apontou para seu assessor e para a mala que este trazia.

- Trouxemos o contrato para o senhor assinar. Não se preocupe, poderá fazê-lo ao término da reunião, antes de eu ir embora. Acredito que vai estar mais propenso a assinar.

Ia convidar Freeman a se sentar, mas o mesmo tomou a iniciativa. Acompanhei seu gesto e me acomodei na confortável cadeira estilo presidente.

- Não me preocupo com contratos senhor Freeman, me preocupo em ter a Vestrue como cliente na minha carteira. Essa é a minha real preocupação no momento.

Sua expressão agora tomou forma de quem tem negócios importantes a tratar, e provavelmente ele iria falar sobre o despejo em massa a ser realizado no Garden District. A frase seguinte de Henry demonstrou que eu estava certo.

- Eu quero que você acelere esse processo. Quero ver o despejo acontecendo amanhã à noite, entendeu?

Henry estava realmente nervoso, mas se dependesse de mim o assunto já estaria resolvido, contudo não me deixou fazer manifestação alguma. Ele continuou sério, quase como se me desafiasse.

– O tempo, nesse caso em específico, senhor Calarram, não é meu aliado; é meu inimigo. E eu gosto de vencer meus inimigos. Sei que você também gosta, e que por isso terá 100% de sucesso nesse caso.

Terminada essa sua fala, Henry solicitou que o assessor se retirasse da sala, momento no qual retirei da gaveta o papel em que a pouco escrevia.

- Senhor Freeman, creio que já tenho a solução para seu problema. Basta o senhor ler este rascunho que acabo de fazer baseado nas leis vigentes em nosso estado, assim como nos julgados recentes da nossa suprema corte.

Levanto-me e estico meu braço entregando o papel para Henry.

Centro Empresarial - Página 2 Papel+escrit%C3%B3rio
(Papel entregue à Freeman)

Assim que ele pega o papel, começa a falar.

- Contamos com dinheiro o suficiente para comprarmos quem quisermos, mas ainda sim temos um problema, senhor Calarram.

Fiquei me perguntando a qual problema ele referia, mas no momento em que ele se levantou comecei a ter a idéia de que esse problema poderia ser eu. Meus olhos estavam atentos aos seus movimentos, bem como meus ouvidos. Ele se aproximou mais um pouco da mesa, inclinando o corpo para frente.

– Eu não posso simplesmente lhe dar um contrato tão generoso, disponibilizar tanto dinheiro e expor ao senhor que a Vestrue tem seus segredos sem ter minhas garantias antes, não acha?

Um pensamento passou em minha mente, e para ser sincero, foi o único pensamento que passou. O que esse homem estava falando era um ultraje a minha pessoa. Pronto foi só isso que passou em minha mente, pois nesse momento as coisas começaram a ficar cada vez mais estranhas.

Freeman de alguma forma segurou o colarinho da minha camisa e me puxou. O chão sumia abaixo dos meus pés me fazendo parar deitado sobre a mesa. Meus olhos estavam arregalados, fitando os olhos daquele homem. Alguma coisa acontecia comigo. Minha mente já não estava trabalhando aceleradamente como de costume. Parecia que algo a fazia esvaziar, algo parecia comandá-la. Quando já não tinha mais controle sobre mim mesmo Henry falou algo que para mim era a ordem mais absoluta. Não sei por que obedeci, mas assim o fiz sem ao menos questionar.

- Abra a boca.

Minha boca se abriu, e não sei por que não pude controlar esse ato. Henry aproximou o braço livre da sua boca e mordeu o próprio pulso, abrindo um pequeno filete por onde seu sangue começou a gotejar. Estava quase no meu limite mental tentando entender o que estava acontecendo quando aconteceu mais uns fatos aterrorizadores, os dentes de Freeman, para ser mais exato os caninos, tinham tomado a forma de presas. Eu tentei lutar contra a ausência de vontade que tomava conta da minha mente, mas foi em vão. Henry então levou corte braço próximo à minha boca e novamente ordenou.

- Beba.

O sangue penetrou minha boca, descendo por minha garganta. No início o gosto era indescritivelmente horrível. Sua textura era viscosa, sentia como se fosse vomitar, mas algo em minha mente me fazia continuar bebendo. Pouco a pouco o sabor se modificou em meu paladar, é quase impossível descrevê-lo, posso dizer que era tão bom quanto um vinho vetusto de ótima safra, ou até mesmo como o beijo doce que me fora dado na noite anterior por Annabeth.

Assim que ele retirou o braço de meus lábios, o sangue parou de escorregar pela minha garganta e algo aconteceu. Minhas entranhas começaram a queimar como se eu tivesse ingerido ácido. Sai de cima da mesa cambaleante, tentando gritar, mas minha voz tinha sumido. Somente consegui levar as mãos até o abdômen e cai no chão, me contorcendo de dor, tentando olhar para aquele homem, bem como tentando entender o que estava acontecendo comigo.

Henry estava ali parado, confortavelmente sentado me observando. Poucos minutos se passaram e a dor deu lugar a outra sensação. Eu me sentia mais potente do que nunca. Sentia em meu ser uma força que antes não existia, eu via Henry sentado e uma série de desejos incontroláveis se abateu sobre mim. Ao mesmo tempo queria matar ele, queria abraçar ele, queria destroçar ele, queria a sua companhia. Por um instante algo retirou meus pensamentos, algo monstruoso, vil e sórdido, algo que me assustou no principio, mas que em fração de segundos me fazia sentir seguro, pois o que me dominava não era nada alem do que é o ser humano, em sua forma mais primitiva. E assim que visualizei melhor não aceitei muito bem e lutei mentalmente para retomar o domínio sobre mim, sobre minha mente. Finalmente eu tinha conseguido, e agora sabia o que aquele homem, que nem sei mais se realmente é um homem ou alguma outra coisa, tinha feito algo comigo.

Levantei vagarosamente do chão. Primeiro apoiei minhas mãos, depois me levantei. Achei que precisaria fazer mais força para ficar de pé, tendo em vista os acontecimentos pretéritos, mas senti minhas forças totalmente estabelecidas. Olhei para Freeman, inicialmente querendo censurá-lo, mas o fato é senti uma forte simpatia pelo mesmo, chegando a pensar que o sujeito fez o que fez para o meu melhor. Mas mesmo assim iria precisar de algumas explicações pelo que tinha feito.

Retornei letargicamente para a minha cadeira, e assim que me acomodei, olhei para ele. Minha mente estava voltando a ser controlada por mim, e comecei a tentar entender o que havia ocorrido. Tentei encontrar respostas, mas não consegui, então só me restava indagar o provocador de tudo o que acabou de acontecer.

Por mais que eu achasse que estava com o controle sobre mim, o medo interior se sobressaia, bem como a fúria e a exaltação de ânimo que percorriam não só minha mente, como todo meu ser. Em tom de voz elevado, porém sem gritar, com entonação que mesclava a raiva com dúvida, iniciei uma enxurrada de questionamentos contra Henry Freemam.

- Quem é você? Ou melhor, o que é você? Vi seus caninos se transformarem em presas, e agora estão novamente como caninos. Por que me fez beber teu sangue? Porque não consegui resistir a sua ordem? Por que tudo isso acontece e por fim o que foi tudo isso? Quero explicações Freeman, eu preciso de explicações para conseguir entender o que aconteceu comigo nesse momento em que vivi coisas que nunca nem imaginei viver.

28Centro Empresarial - Página 2 Empty Re: Centro Empresarial Dom Jun 24, 2012 4:40 am

Henry Freeman

Henry Freeman
Ancillae

Henry perdeu a conta de quantas vezes praticou o “mal necessário”. Dar o vitae a Calarram tinha como propósito maior mantê-lo fiel para que não se desviasse do caminho reto, servindo também como um forte estímulo ao sucesso. Sem ser um grande conhecedor das habilidades de Victor, tampouco de suas características ou crenças pessoais, Henry consegue enxergá-lo apenas como uma ótima ferramenta a ser usada na guerra. E só.

Ver o homem se debater no chão trouxe algumas lembranças ao executivo da Vestrue. Ele mesmo serviu como carniçal por anos em um tipo louco de teste que o seu senhor promovia entre aqueles que julgavam ter o talento. Passou pelo treinamento à moda antiga, com disputas entre os candidatos que resultavam sempre em um final trágico para todos, exceto para o vencedor. Fosse levando à ruína monetária ou à desgraça pessoal, Freeman passou por cima de seus concorrentes até conseguir o Abraço. Depois de tanto sacrifício passado, ele não consegue enxergar outro que seja mais merecedor do Abraço; por isso que Catherine pode ter a idade que for, pode ter a fama que lhe deram que continuará a ter suas capacidades postas em dúvidas por Henry. Ao menos até que ela prove ser mais esperta do que ele.

Refeito das primeiras impressões do vitae, Victor emendou uma série de questionamentos frente a Henry. Este, por sua vez, continuava com a expressão imutável, inlcusive cruzando as pernas para demonstrar o quão senhor da situação se sentia.

- Comeu Shakespeare no almoço e o está arrotando agora? – faz um ruído com a boca indicando que estava decepcionado – Dentre todas as reações ao sangue que testemunhei até hoje você foi a mais poética. E isso nao foi um elogio.

Freeman retira um lenço do paletó que usava e limpa o corte do braço.

- Você está sob meu total comando agora, Victor. Falhar na tarefa que lhe passei não é uma opção. Revelar os planos da Vestrue também não é uma opção, muito menos contar ao mundo o que você testemunhou aqui hoje.

Termina de limpar obraço e dobra o lenço antes de guardá-lo de volta. Torna a olhar Victor, desta vez juntando as pontas dos dedos em um gesto de quem quer ser muito claro.

- Há muita pressão sobre suas costas. Além dos problemas normais em sua “excitante” vida, o contrato com a Vestrue lhe trouxe uma responsabilidade grande demais e que vai testar suas capacidades. Como se tudo isso já não fosse suficiente, você está tendo um encontro bem diferente comigo esta noite. – pequena pausa antes de retomar o raciocínio - Quero que esqueça tudo isso. Vencer na pressão, nas dificuldades, é o que os melhores fazem. De resto, precisa se lembrar do nosso pacto de segredo e sucesso. Tenha isso em mente e triunfe. Quem sabe você não ganhe uma ou outra explicação de minha parte. – fazendo referência ao ocorrido segundos atrás.

Henry se levanta. Estica o corpo para ficar o mais ereto possível e então ajeita a gravata que acabou pendendo para o lado esquerdo depois que fez o movimento de puxar Victor.

- Mas se você fracassar... Saiba que eu vou atrás de você onde quer que você se esconda. E dessa vez o sangue a escorrer não será o meu. – Freeman conclui a última frase com os olhos queimando de obstinação mirando o advogado – Não cheguei na posição em que estou hoje jogando conforme as regras padrões dos negócios, portanto, eu sugiro que leve minhas ameaças a sério.

Ele pega o contrato e o coloca na mesa de Victor. Mirava o olhar no advogado de forma intensa ao fazê-lo, como se dissesse “faça o que eu digo, ou...”.

- Assine.

Aponta para o papel veementemente e se vira em direção à saída do escritório. Do lado de fora encontra seus assessores, ordenando a um deles que ficasse e esperasse pela assinatura do contrato. Ao outro pede que o acompanhe em sua retirada do Edifício Calarram. Durante a descida de elevador aproveita para conferir o celular, na esperança de ter recebido notícias sobre a reunião na Longue Vue.

29Centro Empresarial - Página 2 Empty Re: Centro Empresarial Ter Jun 26, 2012 11:33 pm

Victor Calarram

Victor Calarram

O que está acontecendo? Esse era o pensamento que ocupava parcialmente minha mente naquele momento. Essa parte que era ocupada com tal indagação comandava, nada menos, que a contraparte racional do meu ser.

A outra fração da minha mente estava em conflito. Medo e raiva, admiração e rejeição, subserviência e orgulho, sentimentos que, por essência são divergentes, encontravam-se ali, disputando arduamente, o controle de minhas emoções.

O sangue parecia ferver em minhas veias, mas não sabia se isto era resultado dos bizarros acontecimentos pretéritos, ou se tinha por origem os conflitos internos de minha mente.

Fitei Henry, esperando que este me oferecesse resposta, de uma ou outra interrogação, das muitas que formulei a ele. Este, por sua vez, continuava com a expressão imutável, inclusive cruzando as pernas. Parecia que ele objetivava demonstrar o quão senhor da situação se sentia.

Por minha vez, mantinha as mãos apoiadas sobre a mesa, enquanto meus olhos fixavam-se cada vez mais aos de Henry, buscando entender, pelos seus traços faciais e expressões corporais, o que estava acontecendo naquele escritório, e principalmente, o que havia acontecido comigo.

- Comeu Shakespeare no almoço e o está arrotando agora? – foram as primeiras palavras emitidas por Freeman, desde que, os acontecimentos estranhos, provocados por ele, se iniciaram. Tais palavras foram seguidas por um ruído saído de sua boca. Henry parecia ter se decepcionado com algo. As palavras que seguiram tal som confirmaram esta impressão. – Dentre todas as reações ao sangue que testemunhei até hoje você foi a mais poética. E isso não foi um elogio.

Observei Freeman retirar um lenço do paletó que usava e limpar o corte do braço, corte pelo qual me fez sorver, seu sangue. A simples lembrança do sangue, entrando em minha boca e descendo pela minha garganta, acarretou em pensamentos que, invadiram como tsunami, as duas partes da minha mente. Já não havia conflitos.

Sim, o sangue! Ele era gélido e víscido. Uma nova sensação percorria meu corpo, sensação esta, contrária ao sentimento de repulsa. Prazer era o que eu sentia. Esse prazer que, digamos, assemelhava-se a lascívia, sentida durante o ápice de uma relação sexual. A minha mente era inundada por prazer a cada segundo que eu me dedicava pensando no sangue de Freeman, percorrendo minha boca e minha garganta.

Fui retirado de meus pensamentos, quando Henry, voltou a falar.

- Você está sob meu total comando agora, Victor. Falhar na tarefa que lhe passei não é uma opção. Revelar os planos da Vestrue também não é uma opção, muito menos contar ao mundo o que você testemunhou aqui hoje.

Falhar? Henry Freeman, realmente não me conhecia. Realmente, falhar não era uma opção. Eu não admitiria falhar. Eu não suportaria falhar. Essa repulsa por falhar, não tinha nada haver com aquele que estava, confortavelmente, sentado na minha frente. Fui educado para ser nada mais, nada menos, do que ser, simplesmente, o melhor.
Salvei a fortuna da minha família sendo bom, mas aumente, pois sou, o melhor. Pensei em falar isso para Henry, mas achei melhor manter este pensamento, só como pensamento. Era melhor que Freeman, não me conhecesse mesmo, pois do contrário, ele teria mais vantagem do que ele já demonstrou ter sobre mim.

Revelar os planos e objetivos da Vestrue, também não era uma opção para mim. Eu sou um dos mais respeitados entre os advogados de todo estado da Louisiana, e adquiri tal nível de respeitabilidade por não expor informações de meus clientes. Como objetivava ter, permanentemente, a Vestrue como cliente da minha carteira, bem como, manter o alto nível de respeito que possuía, era certo que os segredos, planos e demais embrolhos que cercassem a Vestrue, jamais seria propagado. Pensei em narrar esse pensar para Henry, mas novamente, achei por certo manter ele encravado em minha cabeça.

Quanto contar ao mundo o que acabou de acontecer, era certo que não o faria. Se para minha pessoa tudo aquilo parecia ser uma grande loucura, era mais que certo, que as pessoas iriam me intitular como louco. Um advogado que aparenta loucura, é visto como um indigno de confiança. Para um advogado, a confiança que seus clientes possuem por ele é, absolutamente, o liame que os conduz ao sucesso. Freeman poderia ter certeza, que nada seria dito. Mas preferi, mais uma vez, não pronunciar meu raciocínio.

Assim que Henry terminou de limpar o braço, dobrou o lenço e o guardou. Olhando-me, juntou as pontas dos dedos, em um gesto de quem queria ser muito claro no que iria dizer.

- Há muita pressão sobre suas costas. Além dos problemas normais em sua “excitante” vida, o contrato com a Vestrue lhe trouxe uma responsabilidade grande demais e que vai testar suas capacidades. Como se tudo isso já não fosse suficiente, você está tendo um encontro bem diferente comigo esta noite. – Concordava com tudo o que Freeman dizia ate ai, sobre tudo com a parte do “encontro bem diferente”. Acenava minha cabeça, positivamente, demonstrando que estava em concordância com sua fala. - Quero que esqueça tudo isso. Vencer na pressão, nas dificuldades, é o que os melhores fazem. De resto, precisa se lembrar do nosso pacto de segredo e sucesso. Tenha isso em mente e triunfe. Quem sabe você não ganhe uma ou outra explicação de minha parte.

Então, tudo aquilo que aconteceu fazia parte de um pacto! Ótimo. Eu já tinha ouvido falar em pactos de sangue, entre amigo, irmãos e traficantes, normalmente se usava uma agulha e coisas do gênero, para fazer verter o sangue e assim unir ele ao dos outros envolvidos no pacto, mas não em beber o sangue do outro. Outra coisa que nunca ouvi falar foi o que vi na boca de Freeman. Presas... Sim, eu vi presas, foi por um momento mas eu vi. Nunca tinha escutado que ao ingerir tal líquido (sangue), alguém teria uma reação, como a que vivenciei.

Como pensei momentos antes, Henry parecia não me conhecer. Quando meus pais morreram, tive que administrar o escritório e todo o patrimônio da família, lutando dia a dia pelo meu espaço, dentro do escritório que era do meu pai e que agora era meu. Lutar contra a desconfiança dos sócios minoritários, dos funcionários, e acima de tudo dos clientes que não conheciam minha competência. Quando finalmente me firmei como dono do escritório, e principalmente, como um ótimo advogado, tive que enfrentar nada mais, nada menos, do que aquela maldita batalha judicial, onde lutei para recuperar o dinheiro que o governo, descaradamente, afanou de minhas contas bancárias. Recuperei minha fortuna, praticamente triplicada, e por causa disso mostrei ao mundo que eu sou um dos melhores advogados do nosso país, e porque não dizer o melhor, tendo em vista que nenhum outro advogado conseguiu recuperar o dinheiro, roubado dos clientes, pelo governo.

Triunfar era o que eu, e visivelmente e ele, queríamos. Logo percebi pela entonação utilizada, bem como, pela escolha das palavras usadas em sua frase final, que aquilo deveria ser um teste, pois se conseguisse realizar os despejos de Graden District, ele me daria respostas sobre o que aconteceu.

Freeman levantou-se e esticou o corpo para ficar o mais ereto possível, enquanto ajeitava a gravata, que acabou pendendo para o lado esquerdo, depois que me puxou para cima da mesa.

- Mas se você fracassar... Saiba que eu vou atrás de você onde quer que você se esconda. E dessa vez o sangue a escorrer não será o meu. – ao concluir a última frase os olhos de Freeman pareciam queimar de tanta obstinação, enquanto me mirava meus olhos – Não cheguei na posição em que estou hoje jogando conforme as regras padrões dos negócios, portanto, eu sugiro que leve minhas ameaças a sério.

Depois da cena teatral ocorrida momentos antes, era certo que eu levava a ameaça de Freeman a sério, porem não me sentia amedrontado, pois eu conheço minhas potencialidades, bem como, sei que se não existe possibilidade de eu falhar, vez que sou o melhor advogado que conheço, logo, se eu não puder fazer isso, sei que ninguém mais fará.

Terminada aquela ameaça, nada velada, Henry pegou da maleta o contrato e o pousou em minha mesa. Seus olhos praticamente me disseram o que fazer, mas mesmo assim ele falou:

- Assine.

Após apontar para o instrumento contratual, ele simplesmente se virou e saiu da minha sala. Por mais que eu tivesse por praxe não assinar nada sem ler demoradamente, analisando cada linha e palavra do que se encontrava escrito, algo penetrava meus pensamentos, fazendo com que eu lesse somente de forma superficial e rápida cada uma das folhas, enquanto minha mão se encarregava de assinar cada uma das folhas do contrato.

O assessor enviado por Freeman adentrou a sala e esperou de pé, no lado esquerdo da mesa, enquanto eu efetuava as assinaturas. Finalizada a solenidade, entreguei o contrato para o assessor, que colocou novamente na maleta, e saiu porta a fora.

Sentei-me na cadeira presidente que se encontrava atrás de mim. Meus pensamentos momentaneamente se perderam. Não sei para onde foram. Passado alguns minutos, retornei a raciocinar. Pressionei o botão do interfone.

- Senhorita Smith! Por favor, venha a minha sala.

30Centro Empresarial - Página 2 Empty Re: Centro Empresarial Qui Jun 28, 2012 4:37 pm

Victor Calarram

Victor Calarram

Em pouco tempo lá estava ela, de pé na minha frente, segurando seu caderno de anotações.

- O que o senhor deseja? – falou ela esperando alguma ordem

Olhei demoradamente para seus olhos. Queria ter certeza de que ela prestava a devida atenção em tudo o que falaria, pois era de grande importância fossem executadas as instruções da maneira que eu iria falar.

Apoiei os cotovelos sobre a mesa, enquanto juntava e cruzava os dedos das mãos, postando o queixo sobre elas, sem perder de vista os olhos da senhorita Smith. E com um tom de voz ameno, porem sóbrio passei a ditar os afazeres para ela.

- Antes de tudo, a senhorita deve ligar para todos os sócios minoritários e informar que eu requeiro a presença deles imediatamente, e caso não venham estarão abdicando o direito que eles têm sobre as ações em meu favor, ou seja, serão excluídos da sociedade. Informe a eles que se trata de uma reunião emergencial. Depois a senhorita irá ligar para os demais advogados do nosso escritório e os demais funcionários que compareçam ao escritório agora. Quero todos trabalhando essa noite. Informe aos que não se apresentarem que estarão automaticamente demitidos. Comunique aos sócios reunião começara ás vinte e duas horas em ponto e nesse horário quero que os outros estejam aqui. Peça ajuda das demais secretarias do escritório para lhe auxiliar.

Nas mãos da senhorita Smith, o caderno de anotações era preenchido com todas as diretrizes ditadas. Assim que terminei de falar ele parou de escrever. Retirou os olhos do papel e voltou-se para mim.

- Mais alguma coisa Senhor?

Acenei afirmativamente, e retornei a falar a próxima sequência de atos que ela deveria providenciar.

- Providencie um almoço no Arnoud’s, com o juiz Willian e com o Chefe Charles. Antes de sair, por favor, apague as luzes. É só isso senhorita Smith.

Terminado o ditado de ordens, encostei as costas na cadeira e fechei os olhos. A senhorita Smith se retirou da sala. Perdi-me nos pensamentos. Ora imaginava Annabeth com seu doce beijo e corpo ardente, ora retornava a imagem de Henry, aquelas presas, o sangue e tudo o que ocorreu depois de ingeri-lo.

Reunião.

As horas passaram. A escuridão da sala era invadida pela balburdia que assolava o edifício. Ninguém sabia o porque eram chamados, de forma tão drástica, ao escritório. Era a primeira vez desde a existência do escritório, que ele trabalharia durante a noite, normalmente quem trabalhava era um ou outro advogado com causa emergencial e os seguranças do edifício.

Levantei e caminhei até o banheiro anexo a minha sala. Ajeitei o terno, a gravata, e o cabelo na frente do espelho. Lavei o rosto. Olhei o relógio. Faltavam três minutos para dar inicio a reunião.

Sai do banheiro e da sala. Caminhei a passos largos porem vagarosos até o lado externo da sala. Assim que abri a porta, os ruídos feitos pelas pessoas que ali estavam cessou. Todas as pessoas que se encontravam no corredor, de secretarias aos advogados empregados, tomaram uma expressão de susto. Não dei atenção para ele, e caminhei direto para a sala de reuniões do outro lado do corredor. Abri a porta. Os advogados que eram acionistas minoritários, estavam sentados em volta da grande mesa retangular de mogno escuro, quando cheguei levantaram-se.

- Boa noite senhores! Antes de qualquer coisa, obrigado por comparecerem. Prometo que serei breve. Por favor, sentem-se.

Todos se sentaram. A senhorita Smith entrou na sala, fechou a porta e foi ocupar seu lugar, em uma pequena mesa separada, para registrar em ata o que seria dito na reunião. Percorri a sala até meu lugar na cabeceira da mesa.

- Senhores! Chamei todos aqui hoje, pois tenho um comunicado há fazer. Essa noite foi assinei um contrato muito importante para todos nós. Essa noite a Vestrue Co. passou a integrar nossa carteira de clientes, e com isso adquirimos uma causa de grande importância. A Vestrue adquiriu uma grande gama de propriedades em Garden District, e agora pretende realizar o despejo. Tudo poderia ser muito simples, exceto por um detalhe, precisamos ser rápidos, portando quero ter uma resposta no Maximo, até amanhã à noite. Então vou passar as diretrizes para os senhores e peço que informem aos demais advogados do nosso escritório. Todo o nosso pessoal foi chamado para o serviço, o que deve facilitar o serviço para vocês. – Fiz uma pausa para poder analisar as expressões de todos os presentes. Pareciam atônitos. – Andei analisando alguns julgados, e descobri que podemos realizar o despejo por vias administrativas de forma mais ágil, contudo, sei que podemos realizá-la por via judicial também de forma célere, pois o despejo consiste em retirar do imóvel, aquele que não tem direito de propriedade e nem de possuidor. Quero que você acelerem os dois procedimentos, e que estejam finalizados amanhã a noite. – Eles me olharam com cara de espanto por eu saber essas informações, tendo em vista que sempre atuei em processos empresariais e não em processos de despejo, sendo este o primeiro despejo que o nosso escritório iria realizar. – Isso é tudo senhores!

Me dirigi para a saída da sala de reuniões. A senhorita Smith me acompanhou. No lado externo me voltei para ela. Encarando com seriedade.

- Não vi o Philip na reunião!

Esperava que ela me desse uma resposta dela. A expressão da senhorita Smith, estava muito alterada. Alguma coisa tinha acontecido. Com lagrimas nos olhos, e com a voz embargada ela falou.

- Falei com a mulher dele senhor. O senhor Philip esta morto. – Ela começou a chorar e entre soluços continuou. – Ele estava indo para casa de ônibus, como gostava de fazer... O ônibus bateu em um caminhão... O corpo esta no necrotério do Medical Center of Louisiana... A senhorita Clarice esta no hospital nesse momento e me informou de lá... O pelo que ela me informou, o corpo ainda não foi liberado, e nem tem informação de quando será. As lagrimas rolavam pelo rosto da da senhorita Smith.

A postura séria que a encarava tinha sumido por completo. A perplexidade tomou conta do meu semblante. Philip foi o primeiro sócio do escritório. Era um ultraje não ter ninguém para liberar o corpo de uma pessoa tão “digna” ele. Eu tinha que fazer alguma coisa.

- Senhorita Smith! Não fale a ninguém sobre isso, pelo menos por enquanto. Informe Demetre e Joe para trazerem meu carro. Vou até o hospital. Qualquer coisa me informe.

Ela não falou nada, simplesmente correu para sua mesa informar os dois descendentes de italiano. Percorri os poucos passos que separava a sala de reuniões da porta do elevador.


Próximo post Medical Center of Louisiana

31Centro Empresarial - Página 2 Empty Re: Centro Empresarial Qua Ago 28, 2013 5:05 am

Henry Freeman

Henry Freeman
Ancillae

“Sucesso parcial” é como Henry considera o plano Ventrue. Faltava-lhe ainda um cargo de destaque dentro do novo quadro político de NOLA para passar de “parcial” para “total”. Detestaria lutar tanto para acabar como um mero fazedor de reis; ele deveria ser o próprio rei, tanto quando a louca nunca deveria ter sido nada. Nasceu para ser grande, ator principal, não mero coadjuvante; esse fora um papel temporário, cujo prazo de validade acabara de expirar.

Dezenas de arranjos a serem feitos ainda eram assuntos de sua responsabilidade. É verdade que a Sr.ª Blake jurou Henry após sua tentativa em acumular poder. É verdade também que seu ego já não suporta mais a submissão. Apesar de tudo, não havia em Nova Orleans – ou mesmo dentre as fileiras Ventrue na costa sul americana – alguém mais indicado que ele para fazer a transição. Típico caso de onde é melhor você aceitar o trabalho indesejado e permanecer dentro dos negócios, do que seguir seus princípios e ser colocado de canto. Este é o motivo da inquietação de Henry nos últimos dias.

Outro fator que lhe aflige é o “fator Amelia”. Ela escolhera seu lado, o oposto, e se distanciara ainda mais de uma reconciliação. O porquê dessa decisão dos Tremeres é desconhecido para Henry, que desconfia de alguma grande história por detrás dessa aparente má escolha. Não dissera de sua desconfiança para ninguém; tem seguido suas noites em silêncio quanto à isso.

Desde o Baile de Máscaras que ele não sai de sua base no Centro Empresarial. Nesse ínterim fez apenas algumas visitas ao Judiciário por conta dos vários processos em que era parte. Apenas por duas vezes desviou seu caminho, e por dois motivos bem similares: uma visita surpresa ao escritório Calarram e a um certo grupo de mídia. A filial do Entertainment Group em Nova Orleans é dirigida por um rapaz chamado Derek Ramsay, aquele mesmo a qual Henry ajudou na saída do Baile. Alguns contatos telefônicos, convites para visitar a sede da Vestrue e essa amigável visita surpresa foram suficientes para torná-los um pouco mais íntimos, e com a ajuda de uma sempre confiável rede de informação – e um ou outro uso de disciplinas vampíricas – a doença do jovem CEO se tornou conhecida pelo Ancillae.

Dois aliados e espécimes em potencial. Victor Calarram controlava um dos grandes escritórios de advocacia da Louisiana e Derek Ramsay tinha o poder de influenciar multidões. O advogado conseguiu o despejo da antiga Camarilla e seguia uma rotina como Henry gostava. O sangue que lhe fora dado o despertou para a iniciação da vida eterna, e, até agora, ele tem se saído bem. Derek que seguia sendo a grande dúvida de Henry. Ele deveria ser controlado, mas o quão forte esse controle pode ser? Mantê-lo como um carniçal atrasaria a doença, mas inevitavelmente a morte chegaria. Ademais, tempo é algo valioso para o Ventrue, podendo ser o diferencial entre ter um grande futuro ou ser relegado ao esquecimento; tornar-se uma “nova Catherine Blake” ou igualar-se à Helena de Vries. O momento de tomar a decisão se aproxima.

Esta noite ele jantará. Não de verdade, logicamente, mas como uma oportunidade de negócios. A Victor, disse que faria o pagamento final de seus serviços advocatícios. Já para Derek, disse ter uma proposta de negócio que mudaria a vida dele por completo. Certamente que não incorrera em mentira alguma, como era de se esperar de alguém com o seu caráter.

Contratara os serviços de uma personal chef, que preparara um delicioso ensopado de vitela à provençal, acompanhado por batatas com alecrim e alho e uma torta de limão como sobremesa. A comida estava cheirando muito bem na cozinha particular do prédio da Vestrue. Freeman esperava pelos seus convidados sentado na mesa de jantar, onde apenas havias os candelabros e talheres perfeitamente dispostos, conforme manda a etiqueta. Embora estivessem longe de parecer um restaurante cinco estrelas, o local servia como exemplo perfeito de um jantar para executivos.

Freeman tinha as pernas cruzadas e apoiava um notebook sobre o triângulo que elas formavam. Trajava o seu melhor terno, um Saville Row cinza escuro feito por encomenda e que lhe custou a bagatela de sessenta mil dólares. A única luz existente no ambiente era a que vinha da tela do note e dos prédios vizinhos, o que tornava apenas o seu rosto visível. E o rosto permanecia impassível enquanto ele repassava dados financeiros de algumas operações particulares...

32Centro Empresarial - Página 2 Empty Re: Centro Empresarial Sex Ago 30, 2013 1:34 pm

Victor Calarram

Victor Calarram

Durante o mês as coisas estiveram bem propicias aos meus negócios. Depois  algumas manobras administrativas e de uma acalorada discussão no tribunal, finalmente as desapropriações requisitadas por Henry Freeman tinham sido realizadas. As desapropriações ainda ocupam as primeiras paginas dos jornais, e se tornou noticia em todos os canais de televisão. A publicidade positiva que trouxe ao meu escritório só não foi maior que a publicidade que trouxe para minha pessoa. Durante o ultimo mês o escritório não dormia, e noticias de todos os escalões chegavam até meus ouvidos. Talvez a mais preocupante para meus negócios tenha sido a noticia que Donavan me trouxe na tarde seguinte ao Baile. Ann Smith, a jovem filha da advogada Samantha Smith, encontrava-se internada em uma clinica de reabilitação, após um ataque de fúria ocorrido naquela manha. Donavan não me informou de mais detalhes, mais instrui ele que assim que a jovem deixa-se a clinica, deveria me informar, pois muitas coisas poderiam ainda estar em jogo, tendo em vista que a jovem sabia de muitas coisas. Além do mais eu tinha feito um acordo com ela, e um homem em minha posição não pode se dar ao luxo de ter duas palavras. A jovem seria minha Assistente pessoal como tinha lhe dito, e em troca eu lhe permitiria buscar coisas do mundo oculto e quem sabe pudesse tirar alguma vantagem e informações sobre duvidas que ainda intrigavam a minha mente.
Já encontrava-se no meio da tarde. Minha sala Encontrava-se iluminada parcialmente pelo sol. Estava entretido alguns documentos buscando uma solução para realizar a compra do manicômio sem que ele fosse para leilão. Consegui uma ordem judicial para que o leilão no fosse realizado pelo prazo determinado pela prefeitura, mas a ordem judicial poderia cair a qualquer minuto.

A secretária adentrou o recinto trazendo uma xicara de café.

- Aqui esta o café do Senhor.  – ela parou por pouco tempo me olhando, colocou a xicara sobre a mesa e prosseguiu sua fala. – Devo lembrar ao senhor que tem um encontro o Senhor Henry Freeman na noite de hoje, e este se dará na sede da Vestrue.

- muito obrigado pelo café e pela informação. – Exclamei sem retirar os olhos dos documentos que tinha nas mãos.

A Secretaria saia da sala quando Donavan chegou. Muito cavalheiresco, ofereceu passagem a senhorita Smith e assim que ela cruzou a porta, ela a fechou.

Donavan não costuma aparecer no escritório sem ter alguma informação importante, então tratei logo de colocar os papéis na mesa. E observar o que ele tinha a dizer.

-Senhor Calarram, a jovem senhorita Ann Smith deixou as dependências da clinica na manha de hoje.

Fitei por um segundo os olhos de meu mordomo e amigo, antes de lhe dar as instruções.

- Donavan, quero impressionar essa jovem, tenho alguns planos para ela, bem como quero ajudar essa pobre alma a nunca mais ir parar em um local como aquele. Portanto providenciasse que Demetre vá até a residência dela, com o carro e a traga para assumir as suas funções aqui no escritório.  – Me levantei da cadeira e me dirigi ao banheiro, mas antes de adentra-lo terminei as instruções.– Lembre que no carro deve existir um buque de rosas e uma cesta de chocolates e uma champanhe sem álcool, pois essa jovem no momento não deve estar bebendo nada que a faça ter uma recaída.

Donavan virou nos calcanhares e se dirigiu a saia, enquanto me dirigia ao banheiro, me arrumar para os eventos que não tardavam a acontecer.

33Centro Empresarial - Página 2 Empty Re: Centro Empresarial Qua Set 04, 2013 10:40 am

Ann Smith

Ann Smith

É possível mãe e filha voltarem a conviver normalmente depois do que aconteceu entre nós na noite do baile? Acho quase impossível. Eu tinha voltado da clínica naquela manhã e, assim como nas vezes em que ela foi me visitar lá, a gente sorria uma para a outra de um jeito artificial e conversava num tom de certa formalidade, mesmo usando termos coloquiais. É claro que eu já tinha pedido desculpas mil vezes, mesmo ela não tendo se desculpado comigo pelo que falou.

Mas meu gesto de compreensão não bastava para normalizar as coisas do lado dela. Do meu lado, tinha sentimentos contraditórios: quando me recordava do que fiz, sentia muita culpa; quando lembrava do que ela disse, a raiva começava a ressurgir.

E agora ela agia como alguém que precisa cumprir o dever de ajudar um doente pelo qual se sente responsável, não como a mãe extremamente amorosa e preocupada que sempre foi. Eu ia ter que andar na linha dali em diante, pois qualquer descuido e ela me mandava de novo pro hospício. Uma vez por semana, ia fazer exame de urina pra garantir que não tava fumando maconha e, obviamente, não podia beber nada de álcool.

Logo que acordei, tive de tomar os comprimidos na frente dela e escancarar a boca depois pra ela ver que eu engoli, igualzinho na clínica. O pior é que, como íamos trabalhar no mesmo prédio, ela ia fazer a mesma coisa comigo no meio da tarde, todo dia! Uma humilhação atrás da outra.

Apesar disso, até que aquele dia não foi tão mal. Enquanto eu fazia a maquiagem para ir pro trabalho, tocaram a campainha. Ela foi atender e me deu uma ótima notícia.

- O sr. Calarram é muito atencioso… Mandou um carro com motorista para te levar ao trabalho.

- UAU! É mesmo?


Parei tudo e fui correndo ver como era o carro. Quando olhei pela janela da sala, porém, aquela intrometida dos infernos foi logo cortando meu barato.

- Não tem sentido eu ir no meu carro se você vai em outro pelo mesmo caminho. Creio que o sr. Calarram não vai se importar de eu ir com você, já que se trata de uma questão profissional, não é mesmo? Avise ao motorista para ele esperar cinco minutos enquanto eu termino de arrumar a minha pasta.

Eu disse "OK" e, assim que ela saiu, fui correndo até o carro.

- Boa tarde, seu motorista! Por favor, vamos imediatamente que eu quero chegar o mais cedo possível no meu primeiro dia.

Tinha cabimento eu chegar num carrão daqueles com a mamãe a tiracolo!

Assim que me acomodei no banco, vi que o Victor tinha me mandado alguns mimos. Demais! Se bem que os bombons eu não podia comer, então fiz de conta que nem vi. Tinha que voltar pra malhação urgentemente e ainda fazer uma lipo pra apressar as coisas. Falando a verdade, eu nem queria começar no trabalho antes de resolver isso, mas achei que, quanto mais tempo demorasse pra assumir o cargo, mais o Victor ia pensar que eu tenho mesmo algum distúrbio, quando tudo não passou de uma explosão de raiva motivada por aquelas palavras e provocações horríveis. Talvez fosse menos ruim ele me ver com uns quilinhos a mais do que achar que eu tô maluca.

Passei direto pras flores. Há quanto tempo eu não ganhava um buquê? O Victor não brincava mesmo em serviço. Por fim, estiquei as pernas no banco de trás do carro, abri a champanhe e bebi uma taça. Era gostosa! A decepção só veio quando li o rótulo e fiquei sabendo que era champanhe de criança: sem álcool! Achei esse cuidado muito fofo, mas me chateou ver que ele também tava me tratando como doente.

Ah, não importa! Saí do carro em direção ao Centro Empresarial com o buquê na mão, me sentindo o máximo. Fazia tempo que eu precisava disso! Entrei na sala do Victor carregando as flores diante de mim. Cheirei elas ao agradecer pelos presentes e, em seguida, fui logo adiantando o assunto desagradável.

- Eu sei que não estou com uma apresentação à altura de alguém que precisará representá-lo em certos eventos, mas, sabe como é, fiquei um mês sem me exercitar e esses malditos antidepressivos dão ganho de peso. Mas fique sossegado que, em pouco tempo, eu serei uma assistente exemplar também no que diz respeito à aparência.

Logo mudei de assunto, que aquela conversa sobre peso me deixava mal.

- Bom, então é aqui que você trabalha? Vejo que a sua mesa de mogno é bem espaçosa...

Disse aquilo pensando em voz alta, mas prefiro não entrar em detalhes.

- Mas, então, qual será minha primeira tarefa? E será que ela me levará a descobrir alguma coisa… interessante?

34Centro Empresarial - Página 2 Empty Re: Centro Empresarial Qui Set 19, 2013 6:04 pm

Victor Calarram

Victor Calarram

Demorei um pouco me arrumando no banheiro. Assim que sai do recinto me dirigi até minha mesa, mas antes de ocupar meu lugar, a porta principal do escritório foi aberta, e por ela passou a bela e loira, senhorita Ann Smith, trazendo em suas mãos o buque de flores que tinha mandado comprar para ela.

Escutei as palavras dela com atenção, não sem antes analisar minuciosamente aquele belo corpo. De pronto percebi que ela tinha o rosto levemente arredondado, mas não teria notado que era por ela ter engordado se ela não tivesse falado. Para ser sincero, ela estava estonteante.

Perdi-me por alguns instantes na beleza daquela jovem, mas minha atenção foi novamente  retomada quando ela falou:


- Mas, então, qual será minha primeira tarefa? E será que ela me levará a descobrir alguma coisa… interessante?

Lembrei que do compromisso com Freeman, de certo ela iria gostar e quem sabe ela veria algo que ela quisesse ver. Olhei para Ann, e percebi que ela estava trajando roupas plenamente de acordo para a ocasião, ela poderia estar me acompanhando no jantar.

- Olá Sra. Smith! Peço a permissão para lhe tratar por Ann, Sra. Ann, pois minha secretária, por obra do destino tem o mesmo, respeitável sobrenome.

Fitei seus olhos, esperando sua resposta, e assim que a obtive continuei.

- Bem minha cara. Hoje tenho um jantar o com o Senhor Henry Freeman, Chefe da Vestrue. Creio que esta é uma das ocasiões que você possa encontrar algo de interessante. Sendo assim a sua primeira função é acompanhar-me nesse jantar.

Pego alguns papéis que estavam sobre a mesa, coloco na primeira gaveta da mesa, tranco ela com a chave e a guardo no bolso interno do meu blazer. Pego o pego o telefone. Olhando para Ann.

- Sra. Smith. Peça para Joe, aprontar o carro. – Estava retirando o telefone do ouvido, quando lembrei de algo. – Ah! Por favor, informe a Dra. Samantha, que a Jovem Sra. Ann, estará comigo na noite de hoje em um jantar e suma importância para o Escritório, e como minha assistente pessoal, ela me acompanhara durante todo o evento, sendo que eu mesmo a levarei até a casa onde residem assim que o compromisso termine. Obrigado!

Dei a volta na mesa. Me aproximei de Ann,  ficando face a face.  Olhei profunda mente seus olhos.

- Creio que os pormenores já estão ajustados.  – Dobro os meu braço direito um pouco afrente de meu corpo ofertando ela a loira. – Se me der a honra, podemos ir
.

35Centro Empresarial - Página 2 Empty Re: Centro Empresarial Sex Out 04, 2013 2:50 am

Henry Freeman

Henry Freeman
Ancillae

- Vejo que trouxe uma das senhoritas Smith consigo, Victor.

A voz de Henry vem diretamente da escuridão. Não havia uma luz sequer ligada naquele andar; o resquício de luminosidade era proveniente apenas da lua e dos prédios vizinhos, e era suficiente para que pudessem ao menos caminhar sem esbarrar nos obstáculos entre eles e Freeman.

- Estou aqui, na mesa ao fundo.

Guiados pela voz, conseguem encontrar Freeman sentado à mesa grande, com pratos e talheres postos. Apenas sua silhueta era visível.

- Por favor, sentem-se. Não posso impedir que achem a situação estranha ou que se sintam acuados de alguma forma. Entretanto, eu garanto que estamos aqui sim para tratar de negócios. – seus dedos batem firme contra a mesa por duas vezes – Luzes.

Pequenas lâmpadas colocadas exatamente no teto ao redor da mesa se acendem e iluminam parcialmente o ambiente. Apesar da claridade, a sala em si parecia muito estéril e sem vida. Os móveis e utensílios eram pretos ou brancos e de desenho reto, não havia quadros ou plantas decorativas. Tudo estava novo, limpo e padronizado em suas formas.

Henry apoiava um cotovelo no braço da cadeira onde sentava, e com os dedos desse braço apoiava o queixo. O outro braço continuava esticado na mesa, tamborilando sua superfície suavemente. A cadeira girava devagar de um lado para o outro, impulsionada pelo movimento das pernas. Ele olha com firmeza para Ann e depois para o advogado.

- Você não devia tê-la trazido aqui esta noite, Victor. São regras do mundo dos negócios, você deveria saber. Mas agora pouco importa. Por conta desse desvio de conduta, eu deixarei parte de seu treinamento para depois. Encare como uma forma leve de punição. E você... – olha novamente para Ann – Quieta.*

Calmo e imperioso. Agora não precisaria mais se preocupar com interrupções por parte da jovem.

- Da primeira vez que lhe dei meu sangue, eu prometi lhe dar uma explicação quando você completasse o trabalho. Pois bem, escute com atenção.

Desfazendo sua postura anterior, Freeman coloca os dois antebraços sobre a mesa e entrelaça os dedos. Tinha total atenção ao advogado.

- Temos muitos nomes. Alguns de nós se irritam com certas nomenclaturas, principalmente as mais modernas e romantizadas, mas eu, particularmente, não me incomodo. Eu sou um daqueles que vocês chamam de vampiros. Além de agir à noite e de precisar de sangue para “sobreviver” – aspas acentuadas ao pronunciar a palavra -, eu posso doar meu sangue para uma pessoa voluntariamente, e com isso lhe ceder um pouco de meus poderes. É exatamente por isso que você tem se sentido fisicamente tão bem. A sensação de poder também é boa. Mas há uma coisa que lhe incomoda: “por que você sente tanta admiração por mim”? Tem se questionado, inclusive, se poderia ser paixão por outro homem o que sente. Não estou certo, Victor?

- Estou certo de que tem suas próprias teorias dentro de sua cabeça. – Henry aponta para a têmpora e toca com o dedo indicador nela – O tempo responderá todos elas. Se você conseguir ter sucesso nesse início, terá também mais respostas minhas. Mas, por ora, a pergunta que precisa ser respondida nesse momento é: “é isso o que eu quero pra mim”? Uma eternidade de sucessos, fracassos e maldições? “Conseguirei me privar de tanta coisa assim”? Bem, senhor Victor Calarram, eu tomei a liberdade de fazer essa escolha por ti.

Sem descolar os olhos do advogado, Henry chama alguém próximo à porta de entrada com um gesto de mão. Joe aparece ao lado de Victor. Ele saca uma arma do coldre colado ao peito e aponta para Ann. Estava subentendido que ela não deveria sequer se mexer.

- Eu preciso de ti, Victor. Preciso de ti ao meu lado. Esses são tempos turbulentos, onde um furacão de acontecimentos pode definir o nosso futuro para o melhor ou para o pior. Eu preciso ter alguém do meu lado para poder passar por isso.

A voz e a postura de Freeman agora pareciam muito mais como a de um pai, de um amigo. Ele tinha certa ternura na voz ao falar com seu pupilo. Nenhuma palavra precisou ser dita naquele minuto inteiro em que se olharam; um era parte do outro, compartilhavam o mesmo sangue em suas veias. O poder do vittae os unia.

- Lembra-se de quando eu disse que você quebrou uma regra ao trazer essa jovem para cá? Pois bem, eu preciso que me faça mais uma coisa, Victor. Joe é fiel à mim, pelo sangue. Fiz isso sem que você soubesse. No entanto, ele pode voltar a ser seu depois que você sofrer a transformação. Ann Smith é a outra pessoa que sabe do nosso segredo. – Henry faz uma pausa para que Victor consiga acompanhar as suas palavras e adivinhar o final da história em sua mente – Quando acabarmos deverá escolher um deles, enquanto que eu ficarei com o outro. Agora sim, vamos para um local mais retirado.

Os dois se levantam da mesa e começam a caminhar ao mesmo tempo para a sala de Freeman. Não cabia à vontade de Victor decidir se obedeceria ou não a Freeman; ele sentia um dever segui-lo até o inferno, praticamente uma obrigação. Um após o outro eles entram no escritório e a porta é fechada. Na semi-escuridão do cômodo, Henry estica a mão em cumprimento para o advogado.

- Que seja selado o nosso acordo.

Mal se tocaram civilizadamente. Freeman puxou Victor pela mão para perto de seu corpo. Seus dedos pareciam de aço: fortes e gelados. Com a outra mão suspendeu a manga do terno do advogado e cravou os caninos em seu antebraço. O sabor do seu pupilo era doce, muito saudável. Freeman sugava o sangue com força, sentindo os batimentos cardíacos de Victor se acelerarem cada vez mais. Quanto mais sangue bombeava o coração, mais a besta queria para si. A entrega foi tão grande que em poucos segundos o senhor Calarram havia se tornado um reservatório vazio; sua pele já não tinha vida e seus sentidos começavam a cessar. Quando a besta se viu satisfeita, largou o braço do outro e este caiu ao chão como uma fruta madura. Agachando-se, Freeman ficou ao lado de Victor. Tocou-lhe os lábios com os dedos, subiu até os olhos e os fechou. Sentiu naquele momento um misto de alegria e melancolia muito grande. Estava feito. Agora a nova vida precisava ser dada. Fez crescer sua unha e cortou o próprio pulso superficialmente. O sangue escorreu direto para a boca do advogado. O demônio se levantou, deu uma última olhada no cadáver ao chão e se retirou da sala, voltando para a companhia de Joe e Ann. Ficaria a esperar pela volta do novo Victor Calarram.


________________________
* Uso de Dominação

36Centro Empresarial - Página 2 Empty Re: Centro Empresarial Sáb Out 05, 2013 8:42 am

Ann Smith

Ann Smith

As reações do Victor quando eu cheguei na sala dele me deixaram confusa. Foi só entrar que ele me fitou com olhos intensos, mas a expressão facial era tão neutra que não deu pra saber se ele tava me comendo com os olhos ou se segurando pra não entregar que ficou decepcionado com o que viu. Aí ele me tratou com tanta formalidade que eu comecei a pensar: "a vaca da minha mãe fez a minha caveira pra ele"!

- Olá Srta. Smith! Peço a permissão para lhe tratar por Ann, Srta. Ann, pois minha secretária, por obra do destino tem o mesmo, respeitável sobrenome.


- Err… Claro, Victor. Pode me chamar assim que está muito apropriado.


Sustentei o olhar dele sentindo insegurança, e ainda tive de me conter pra não acrescentar que, embora fosse respeitável mesmo, EU ODIAVA AQUELE NOME DE GENTE COMUM!!!


Meu moral foi rolando ladeira abaixo conforme ele me chamou de "minha cara" - essa não! - e comentou que nós íamos numa reunião com um magnata. Mas o que um negociante podia saber da face oculta de uma cidade encantada como Nova Orleans?


As coisas só melhoraram quando ele deu recado por telefone pra chata da minha mãe não se meter - yes!!! - e ainda me ofereceu o braço pra sairmos juntos dali. Fiquei tão contente quando vi que ele não tinha vergonha de mim que me pus a pensar que talvez aquela intrometida tivesse me dito a verdade pelo menos num assunto: quando repetiu várias e várias vezes que eu não tava gorda como pensava, só um pouco fora de forma para os meus padrões. Aí eu enlacei o braço dele e me animei a quebrar o gelo.

- Você pode me chamar de srta. Ann quando estivermos em público, assim como eu vou lhe chamar de sr. Calarram. Mas, quando estivermos em particular, me chame só de Ann, está bem? Nada de "senhorita" e muito menos de "minha cara". Afinal, nós já bebemos e dançamos juntos, não é mesmo?


Mas eu tinha que ficar esperta! Será que ele também saía do escritório de braço dado com a tal da Beauvoir ou Beau, ou sei lá quem? Se fosse, era sinal de que ele já tava acostumado a comer assistentes, e eu não ia abrir as pernas antes de ter o que queria.


As coisas iam bem até chegar no prédio onde ficava o tal do Freeman. O maldito elevador tinha espelho, e foi só eu reparar no meu rosto pra começar a me sentir uma elefanta outra vez! Pensei: "aquela vaca da minha mãe tá mentindo pra eu não parar de tomar aquelas porcarias inúteis! Mas ela vai ver só"!


Quando a gente tava pra entrar na sala, juntou outro tipo de insegurança na minha cabeça: é que eu não entendia patavina de negócios! Se o Victor me apresentasse sem dar nenhuma credencial pra justificar tecnicamente a minha contratação, o Harry Freeman ia achar que eu tava ali só por trepar com o Victor, o que nem era verdade!


Bom, eu não dou a mínima pra cargo de secretária de luxo, mas odeio me sentir por baixo, não importa a situação! Comecei a montar um currículo de recém-formada em administração na cabeça antes de entrar na sala. Mas o que aconteceu quando entramos ali… Não sei nem o que dizer! Estava tudo um breu, com uma claridadezinha da janela suficiente só pra enxergar os contornos dos móveis. Aquilo foi inesperado e um tanto amedrontador. Aí, quando a gente chegou mais ou menos no meio da sala, veio uma voz que só podia ser do posudo com quem íamos falar:


- Vejo que trouxe uma das senhoritas Smith consigo, Victor.


Senti o rosto queimar de vergonha e raiva ao mesmo tempo! Comecei a abrir a boca pra pôr pra fora o que eu tava pensando naquele exato instante: "WHAT THE FUCK DID YOU JUST SAY!?".

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