A menina por dentro daquela mulher ia surgindo nos toques e beijos mais apaixonados e envolventes. Ela se rendia demais para uma estrela, para uma prostituta. Para a "vadia" que havia visto no palco e duelou com ele no balcão. Chamá-la de vadia a fez se esconder, recuar por trás daquele corpo escultural e de toda a pose de uma mulher ousada e provocante. Jason queria a menina de volta, continuar revelando cada pedacinho daquela mulher de gosto entorpecente. Pensou em acelerar os movimentos, e quanto seu quadril se afastou um pouco mais, momentos antes de voltar com toda a força, ela o virou.
Não houve tempo para sua reação. Ele mal saiu de dentro dela para que seus corpos rolassem sobre o palco, e a carne das nádegas da stripper logo se chocava novamente com a pele de suas coxas. Sentiu-se como um touro domado em um rodeio. A forma como ela movia-se sobre ele deixava isso bem evidente. Tentou mover-se ali, para que voltasse a posição anterior, mas as sensações que a mulher lhe causava com aquela cavalgada faziam-no se render. Seu corpo relaxava por completo, e mal sentia suas pernas. A mulher mostrava do que era capaz, em uma dança que o fez lembrar-se do que disse a ela no balcão. "No meu pole", e era isso o que ela fazia. Dava um show no membro de Jason como se aquele fosse o poste no qual deveria se esfregar para ter notas verdes voando em sua direção e prendendo-se à sua calcinha.
Os seios empinados, balançando em um ritmo hipnotizante, clamaram por suas mãos, e ele os apertou, fazendo-os sumir em suas grandes mãos. Em contrapartida, tinha seu peito arranhado, e de tão relaxado que estava, soltou um grito, nascido de um grunhir e morrendo num longo gemido. Ele estava sendo derrotado por aquela mulher de olhar determinado e malicioso. Não era ela que queria. Era a menina que se surpreendia com as suas investidas, com a sua boca entre as pernas, com seus movimentos de quadril.
- Volta... - Disse um pouco tarde. As reticências viraram um grunhido apertado, provocado tanto pelas unhas da mulher quanto pela explosão em que Jason se transformava. Seu corpo inteiro formigava de um jeito que não se lembrou ter sentido. Nem antes da prisão. Mais uma vez o tempo que ficou sem ter uma mulher podia estar lhe pregando uma peça, fazendo daquela prostituta uma deusa, na qual devia toda sua devoção. Sua oferenda saia forte e quente de dentro dele para dentro dela, com espasmos de seu quadril, apertões de suas mãos no corpo da mulher.
Ela não entende o pedido dele ou o ignora, mordendo-o e movimentando-se furiosamente, o olhar fixo no dele. Quando o orgasmo dele chega, o dela acompanha, fazendo-a gritar e arranhar os braços de Jason ainda mais profundamente. Durante aqueles segundos, um sorriso delicado surge nos lábios aveludados, e Jason tem de volta a moça que estava procurando. É como se naqueles momentos fosse impossível para ela se esconder. Está cansada quando é colocada de volta embaixo do corpo de Jason, cedendo a seus beijos, com o corpo quente e relaxado embaixo do dele. Aninha-se por alguns segundos nos braços fortes, se distanciando mais um pouco da prostituta do strip-club para se mostrar um pouco mais vulnerável. Entretanto, com o passar do tempo, volta a desaparecer atrás daqueles lábios vermelhos, da risada provocante, das mordidas e arranhões, até não sobrar nada da suavidade anterior.
E ali estava ela, do jeito que ele queria, em poucos segundos, que seja. A guarda dela baixou completamente, e aquele momento estava ainda mais completo. De alguma forma sabia o segredo daquela mulher. E a chave para vê-la do jeito que queria era tranzendo a ela novamente a sensação que acabara de provocar.
A puxou e a beijou, agora mais calmo, de um jeito que viria a empolgá-lo em poucos segundos, mais uma vez. Mal haviam terminado e ele já queria mais dela. Sua mente estava vazia, longe de qualquer problema. Esqueceu-se de como havia parado ali, e de tudo o que lhe aconteceu até então. A visão da mulher tomava conta de todos os seus pensamentos. Aqueles beijos demoraram alguns minutos. Um tempo que permitiu que ele a virasse e subisse sobre ela. Deixando o efeito do orgasmo mais distante, notou uma mulher de verdade embaixo dele. Descabelada, decomposta, toda entregue, de um jeito apaixonante. A queria mais uma vez, e assim a teve.
Naquela noite a teve de todos os jeitos, quantas vezes seus corpos permitiam. Se dependesse do vigor de Jason, fariam aquilo até o sol raiar. A experiência de prostituta e a resistência de dançarina fizeram-na acompanhá-lo. Cada móvel ali foi palco da fúria sexual daquele casal que os deuses acabavam de unir. Então descobriram o quarto atrás da porta fechada, onde havia todo o aparato em que podiam repetir o que acabaram de fazer. Uma grande cama, uma banheira, uma cadeira em formato pouco usual, espelhos para fazê-los se observar dos mais diversos ângulos...
E assim se repetiram, sem ver a hora passar, até serem dominados pelo cansaço. A essa altura Jason conhecia cada milímetro do corpo da mulher que ainda não sabia o nome, tendo a tocado de todas as maneiras que conseguiu imaginar, e também daquelas outras sugeridas pela mesma.
Nesse quarto a tatuagem das costas do homem foi revelada. Um imenso búfalo visto de frente, que ocupava todas as suas costas. Seus olhos eram duas bolas vermelhas, sendo essa a única cor que se pintava além do preto desbotado. Ainda estavam brilhantes, como se tivessem acabado de serem feitas. Provavelmente retocava aquela região com frequência. Estava em posição de ataque, com suas narinas dilatadas, como se fosse avançar em quem a olhava.
Nos intervalos entre uma e outra incursão pelo corpo um do outro, Jason era carinhoso. Isso destoava bem de sua pose e de seu tamanho, mas parecia buscar algo na mulher que se deitava com ele. Um carinho que lhe faltou durante três anos na prisão, sem visitas, sem correspondências, sem ninguém que se preocupasse com ele. No fim das contas não tinha ninguém, e mesmo que isso fosse culpa sua, sentia falta dessas pessoas. De gente que nem sabia o nome. Se pegava a abraçando apertado, a beijando devagar, afundando-se nos cabelos vermelhos cacheados. Mas logo que se empolgava parecia virar outra pessoa. O animal dentro dele voltava à tona, e a possuía ferozmente.
Não a questionava, nem falava sobre coisas dele. Ao ver que não seria incomodado com perguntas sobre a sua vida, não a atormentou com perguntas desse tipo. Nem sem nome se incomodou em perguntar. Aquela imagem lhe bastava. Falou sobre bebidas, sobre mulheres, sobre carros e motos, e até sobre o tempo. Parecia a companhia ideal para quem não queria se revelar. E, quando ele queria que ela revelasse algo, a chamava para a eterna dança em que se meteram por toda a noite, e via os olhos da verdadeira mulher que estava com ele brilharem.
Quando perceberam a luz do dia por uma fresta quase imperceptível atrás de uma das cortinas, Jason lembrou-se de que havia um mundo lá fora. Levantou-se, como se fosse ir embora, indo até sua mala de ginástica, ainda no chão perto da primeira porta que entraram. Colocou a alça da mala no ombro, como se fosse levá-la embora, mas entra novamente no quarto. A colocou sobre a cadeira de formato estranho e a abriu. Um forte brilho vinha dali, de varias cores, onde o dourado era predominante. Enfiou a mão lá dentro e tirou a primeira coisa que encontrou. A olhou e se deu por satisfeito, voltando para a cama onde estava a sua companhia. Abriu o colar na frente dela, segurando em ambas as pontas. Ouro da peça reluzia as luzes fracas do ambiente, e podia-se ver a própria imagem nas grandes esmeraldas encrustradas na peça.
A corrente de ouro tinha elos finos e arredondados, delicados, com um centímetro de diâmetro. A cada três deles o anel era maciço, e ali estava encravada uma esmeralda que tinha quase o tamaho do disco, deixando apenas um espaço para que se juntasse ao elo seguinte e anterior. O pingente era o que realmente chamava a atenção. Uma grande esmeralda, quadrada, perfeitamente lapidada, de cinco centímetros de aresta, refletindo o próprio rosto da dançarina ali, como se fosse um santinho vivo, ou como se ela fosse aprisionada pela jóia. Mesmo pega aparentemente ao acaso, podia ser o produto mais valioso de seu roubo à joalheira na manhã do dia anteior, e mesmo assim oferecia à dançarina. A mulher podia imaginar que, de onde saiu aquele colar, haviam diversas outras jóias. Uma mala de ginástica cheia delas.
- Vai ficar bem em você.