Vampiro: NOLA
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Razzoo Bar & Patio

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Derek Ramsay
Lucy Smith
Cliff Stevens
Mestre de Jogo
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31Razzoo Bar & Patio - Página 2 Empty Re: Razzoo Bar & Patio Ter Abr 17, 2012 6:10 pm

Victor Calarram

Victor Calarram

A face dela estava a poucos centímetros do meu rosto. De repente seu rosto ficou corado e iniciou a aproximação final.

Sua mão tocou minha perna. O que vem agora.

O que foi que aconteceu? Um beijo? Realmente por essa reação eu não esperava. Quando eu falei para Annabeth que eu estava me apaixonando eu esperava receber em troca um belo tapa na cara, mas um beijo não estava dentro as reações que eu esperava daquela mulher.

Assim que seus lábios tocaram os meus, muitas coisas passaram em minha cabeça, mas rapidamente se diluíram em um sentimento sólido e consciente de paixão provocado por aquele toque. De todas as mulheres que eu já tive, estava ali a primeira mulher que realmente me fez me perder. O sabor doce de seu beijo me fez desligar todos os pensamentos negociais e financistas, fazendo minha mente se entregar inteiramente a ela.

Minha mão tocou a face dela, e assim pude sentir aquela pele suave, macia e quente. Assim que os olhos dela se fecharam fechei os meus. Pela primeira vez em toda minha existência eu estava por completo entregue a uma mulher.

Maldito barulho! Assim que o barulho de vidro quebrando atingiu nossos ouvidos, ambos parecíamos ter despertado do transe causado pelas nossas emoções. Minha cabeça imediatamente retornou aos pensamentos lógicos. Annabeth, com movimentos rápidos se levantou e sem falar uma única palavra saiu quase que correndo em direção a uma das saídas da área VIP.

Eu não podia deixar ela ir. Não agora que eu a tinha beijado. Naquele momento eu não pensava mais na Vestrue CO. e nem nas desapropriações, o que minha mente queria era aquela loira que a pouco tinha me beijado.

Levantei tão rápido quanto ela, e literalmente corri pela área VIP na direção dela. Assim que a alcancei, segurei a mão direita dela com minha mão esquerda fazendo ela não só parar, mas também fazendo ela se virar de frente para mim de maneira que eu pudesse olhar novamente para seus olhos, o qual transparecia todo o meu sentimento por aquela mulher de corpo belo e espírito sedutor.

- Annabeth! Por favor, espere!

32Razzoo Bar & Patio - Página 2 Empty Re: Razzoo Bar & Patio Sáb Abr 21, 2012 2:32 pm

Annabeth Chase

Annabeth Chase



Fugir. Não era a atitude mais nobre nem a mais bonita para alguém que exibia a postura de arquiteta firme e decidida, mas era a atitude mais certa a se adotar naquela situação. O que estava acontecendo comigo, afinal?!

Meu corpo doía, como se o som de vidro quebrado tivesse vindo de algo dentro de mim. A cabeça, o estômago, o peito, todo o meu corpo reagia como se houvesse tomado um choque ou um golpe muito forte e isso nem era o pior.

A confusão. A indecisão. E a sensação de que todo o meu autocontrole estava escorrendo pelas minhas mãos como água corrente. Se fugir era a atitude certa por que algo na minha mente gritava para que eu não fosse embora, por que algo me dizia que eu devia voltar?

É fácil confrontar o outro. Um inimigo real, de carne e osso, que surge na sua frente pronto para ser desafiado, ter seus ideais rebatidos por raciocínio logico e convicções pessoais, ser insultado, ser humilhado. O que fazer, porém, quando o inimigo se ergue dentro de si mesmo? Uma imagem disforme e intocável que usa de suas fraquezas e abusa de seus temores para lhe derrotar. Agora era Annabeth contra Annabeth e não importava o que fizesse, eu seria derrotada de qualquer forma.

Eu o queria. Pelos deuses, com eu queria! Mas não era certo, não era adequado, simplesmente não era. Sabia que todo o mal estar e a confusão que sentia naquele momento passaria se eu o beijasse de novo, se me entregasse, mas apenas imaginar estar em seus braços, sentir o seu toque, fazia com que meu corpo doesse mais. Que inferno! Odeio a indecisão, os pontos de interrogação intermináveis que só servem para aumentar a minha confusão, a sensação de que emburreci de uma hora para outra. Eu tinha todas as respostas certas, mas agora não fazia a menor ideia de onde elas estavam guardadas.

Senti alguém segurar minha mão, forte o suficiente para interromper meus passos e me fazer virar, de encontro com o responsável por todas as minhas sensações confusas, pelo meu descontrole.

- Victor... - Falei, com a voz abafada.

Deixei que nossos corpos se aproximassem e fitei os olhos do advogado, procurando decifrar o que eles tentavam me dizer. Inútil. Se eu era incapaz de compreender os meus próprios sentimentos jamais conseguiria entender o que movia Victor a impedir a minha saída do Razzoo.

- Isso não muda nada. - Minha voz soou baixa, quase sussurrada, acompanhada pela respiração quente e entrecortada que saia de minha boca.- Não muda a minha opinião a seu respeito. Não muda os meus planos, nem os meus objetivos.

Segurei o braço de Victor com a mão que estava livre, aproximando ainda mais o meu corpo do seu. Só uma vez. E amanhã tudo voltaria a ser como era antes desse encontro.

Eu tinha perdido, completamente, o bom senso e pensar que seria apenas por esta noite fazia com que a ultimas rédeas do meu controle se soltassem, deixando as minhas atitudes à merce das minhas emoções. Eu queria e sequer sabia precisar como aquilo tudo havia começado, tampouco estava certa de como terminaria.

Aproximei o meu rosto do de Victor, o suficiente para que os meus lábios tocassem os seus.

- Diz o que você quer ou me deixa ir embora.

33Razzoo Bar & Patio - Página 2 Empty Re: Razzoo Bar & Patio Seg Abr 23, 2012 6:36 pm

Victor Calarram

Victor Calarram

Aqueles olhos me cativaram, aquele corpo me fascinou, aquela voz me arrebatou, aquele espírito me fez ter sentimentos, por fim aquela mulher fez eu me apaixonar. Naquele momento eu tinha que ter ela, mas não como se tem um objeto, mas como se tem uma mulher. Naquele segundo nada importava. Nunca antes tinha corrido em direção uma mulher, normalmente o que acontecia era exatamente o inverso, elas, interesseiras, é que vinham e se jogavam em mim e claro que me aproveitava da situação com cada uma, mas nenhuma me fez sentir o que aquela loira conseguiu em pouquíssimo tempo.

Paixão! Os poetas chamam esse sentimento de querer esquecer o mundo e se preocupar somente no momento que esta com uma pessoa, o sentimento que invade o pensamento fazendo nada mais ter importância além do ser por qual se este apaixonado.

Annabeth havia conseguido despertar em mim o doce e perigoso sentimento da paixão. Não sei por qual motivo, razão ou circunstância isto ocorreu, mas ocorreu e pronto.

Ao olhar os olhos da jovem, puder perceber que ela estava sentido o mesmo que eu, mas brigava com seus sentimentos. Parecia que ela colocava a lógica e a paixão arrebatadora que sei que ambos sentimos em um octógono para gradearem.

Ela estava ali na minha frente. Olhos nos meus olhos. Seu corpo se aproximando do meu enquanto sua mão segurou o meu braço. Pude sentir o calor do seu corpo, sentir seu perfume e escutar sua voz enquanto seus lábios estavam quase encostados aos meus. Por fim aquela frase:

- Diz o que você quer ou me deixa ir embora.

Nesse momento, com a outra mão enlacei a cintura dela, enquanto a mão que a segurava subiu até seu pescoço e a puxei, sutilmente em encontro ao meu corpo ao mesmo tempo poder beijá-la. Um beijo como nunca antes eu havia dado um beijo com paixão e volúpia.

Não sei precisar quanto tempo fiquei entregue aquele beijo, minutos, segundos ou frações de segundo, só sei que para mim foi um momento único e duradouro.

Ao termino do beijo, afastei poucos centímetros meus lábios dos dela e abri meus olhos buscando novamente olhar nos olhos dela.

-Annabeth, se este beijo não responde o que eu quero, digo com todas as palavras. Eu quero você. Não importa em que lado estamos, e quais são os seus ou os meus objetivos profissionais, para mim tudo o que importa nesse momento é você e nada mais.

34Razzoo Bar & Patio - Página 2 Empty Re: Razzoo Bar & Patio Ter Abr 24, 2012 12:28 pm

Cliff Stevens

Cliff Stevens

_Cacete de boate mais deprê. – filosofa Cliff encostado na entrada do balcão.

Há uns poucos anos atrás boates eram sinônimos de peitos, LSD e Dance Queen, mas agora são locais repletos de rapazes bêbados e diversas outras figurinhas chatas. Lucy e seu sorriso encantador eram o oasis em meio ao deserto de "beleza" nomeado Razzoo. Vê-la se esgueirar por dentre tantos obstáculos no pequeno espaço onde trabalhava faz Cliff pensar se aquela agilidade toda também poderia ser vista noutros lugares.

A bartender não pôde vir rapidamente por conta dos outros fregueses a quem atendia. E lá estava ela, rebolando as coqueteleiras de um lado ao outro, mostrando o rabo das garrafas para o alto ao derramar as bebidas e iniciar o preparo de novos drinks, rindo com os gestos espalhafatosos de Cliff. Mais alguns minutos de trocas de olhares e Lucy se aproxima saindo do balcão.

- Vamos sumir daqui, Cliff.

Ele pensa em responder alguma gracinha, mas desiste da idéia e fica apenas a observá-la se afastando alguns passos. Como funcionária da casa, deveria saber onde fica o fumódromo não oficial e se encarregaria de levá-lo até lá. Não, não hoje; ele faria as honras. Cliff aperta o passo e toma a frente, segurando no cotovelo de Lucy com delicadeza suficiente para guiá-la junto a si. A cozinha ficava literalmente atrás do balcão e é por lá que eles entram. Alguns chineses que lavavam pratos na pia industrial são os únicos a verem a dupla, que passa por eles e se dirige a uma porta dupla por onde entra um funcionário carregando um pesado caixote de verduras. Fim da linha. Normalmente os fundos de uma cozinha ficam repletos de restos de frutas, legumes e verduras largados pelo chão, possivelmente atraindo ratos e certamente produzindo mau cheiro. Seria melhor continuar na cozinha então; pelo menos o cheiro dos pratos sendo preparados não era tão ruim.

Cliff se aproveita da falta de um funcionário responsável na cozinha – ela estava repleta de ajudantes e auxiliares – e se acomoda sentado em cima de uma mesa de metal. Ele puxa o cigarro e o isqueiro do bolso novamente e estica o braço na direção da jovem para acender-lhe o fogo.

_Cacete... Finalmente, hein? – sorri e dá uma tragada, jogando a fumaça para o lado oposto _Então, Lucy... – esfrega a testa com as costas da mão que segurava o cigarro _... Você vai querer falar sobre o que te preocupa esta noite ou prefere apenas seguir por um bate-papo com um cara interessante e que possivelmente terminará em uma noite do mais puro sexo?

Novamente, a graça estava na naturalidade com que ele fala essas coisas, sem ser vulgar. Dá uma nova tragada em seguida, afinal, foi para isso que a pausa serviu oficialmente.

_Parece que alguém brigou com você hoje e te deixou assim meio... – franze a testa e aperta os olhos _ ... te deixou meio chateada. Notamos você toda preocupada quando aquele playboy chegou lá perto, sabe? Mas não é nada com ele não, disso tenho certeza. Sei que você não me conhece, mas eu lhe garanto que te ajudo a resolver seus problemas rapidinho.

35Razzoo Bar & Patio - Página 2 Empty Re: Razzoo Bar & Patio Sáb Abr 28, 2012 6:16 pm

Annabeth Chase

Annabeth Chase


- (...) Eu quero você (…)

Sentia como se toda a minha vida deixasse de fazer sentido. Toda a logica que sempre guiava os meus passos estava paralisada diante de uma força avassaladora, um desejo irracional, imprudente. Não controlava mais meus pensamentos, meus sentimentos e até meu corpo não estava disposto a obedecer os comandos sensatos que ecoavam de algum lugar, ainda racional, da minha mente. Afastar-me. Ir embora. Mas eu também o queria, cada minuto com mais força, cada segundo mais voraz. Tudo era tão absurdamente incontrolável que não via outra alternativa a não ser me entregar de vez aquela estranha loucura.

Por fim, os últimos vestígios de sensatez da minha mente se foram e a Annabeth forte e fria, como uma pedra de mármore, se desfarelou dando lugar a uma Annabeth desconhecida, apaixonada, frágil e totalmente refém dos seus desejos.

Fazer o que? Eu poderia fugir de Victor, mas como eu conseguiria fugir de mim mesma? Do meu coração acelerado, do calor que percorria o meu corpo e tornava minha respiração afegante?

Fitei os olhos do advogado, deixando um sorriso delicado se desenhar nos meus lábios. Por mais que eu tentasse não conseguia compreender como havíamos chegado aquele ponto, aquela parte onde eu desejava os beijos e as caricias de um belíssimo babaca. Eu estava confusa, perdida, e por mais estranho que possa parecer, eu estava contente.

As Morias brincavam com o fio do meu destino. Um pensamento um tanto egoísta, talvez, mas sentia como se toda a história envolvendo a Vestrue e Garden District fosse apenas um embuste, uma armadilha do meu destino para me prender nos braços daquele homem, uma maneira arrebatadora de me mostrar que eu não era tão forte quanto acreditava ser.

Existem momentos na vida, para o bem ou para o mal, que trazem a forte sensação de que, dali em diante, não seremos mais as mesmas pessoas. Sentia isso enquanto os meus desejos mergulhavam no castanho dos olhos de Victor, que aquela noite nos mudaria para sempre. Talvez mais fortes, talvez mais fracos, mas nunca mais iguais ao que eramos no começo daquela noite. Beijei Victor de novo e senti o meu corpo tremer quando nossos lábios se encontraram. Estava feito, eu estava entregue aquele homem.

O esbarrão de um frequentador me fez ter consciência da situação em que estávamos: Abraçados, no meio da área VIP do Razzoo. Sem me desvencilhar dos braços de Victor percorri com os olhos o ambiente ao redor.

Os dois seguranças que acompanhavam o advogado permaneciam parados, como duas estatuas Moai, observando a cena, que começava a chamar a atenção dos demais frequentadores da área VIP. Dei um sorriso sem graça, sussurrando no ouvido de Victor.

- Me leva para outro lugar. Qualquer lugar, desde que seja só você e eu.

36Razzoo Bar & Patio - Página 2 Empty Re: Razzoo Bar & Patio Qua maio 02, 2012 5:51 pm

Victor Calarram

Victor Calarram

- Me leva para outro lugar. Qualquer lugar, desde que seja só você e eu.

Aquela frase era tudo o que eu queria ouvir. Que se dane a Vestrue! Annabeth acabara se entregar a mim e não ia deixar aquela mulher escapar pelos meus dedos.

Em frações de segundos meu cérebro tratou de esquematizar todas as atitudes que eu tinha que tomar. Rapidamente meus olhos percorreram o salão e localizaram Demetre e Joe.

Levantei um pouco meu braço esquerdo apontando para Demetre, e em seguida girando um pouco meu pulso enquanto a ponta do dedo indicador se juntava com o dedo polegar, fazendo o sinal de ignição. Demetre saiu pela saída lateral da área VIP, saída essa que dava imediatamente para frente do Razzoo, sem ter que passar por toda aquela multidão que se aglomerava na área dos menos favorecidos. Joe também percebeu o sinal e se posicionou rapidamente próximo a saída da área vip.

Olhei nos olhos daquela linda mulher.

- Se é o que deseja isso já será providenciado. Agora por favor, me acompanhe.

Colocando minha mão direita próximo a sua cintura e com a mão esquerda apontei o caminho. Seguimos até a saída do Razzoo, sem inconvenientes.

Conforme andávamos, Joe se apressou a nossa frente, sem olhar para trás. No lado esterno Demetre já esperava com a limusine, posicionado ao lado da porta, e assim que nos aproximamos, Joe adentrou pela porta da frente do lado do passageiro, enquanto Demetre Abria a porta para que pudéssemos entrar.

Já dentro do carro, olhei para me certificar que o vidro da frente, que separa e oculta a parte traseira, onde eu e Annabeth, estava levantado.

Perfeito, realmente adoro a eficiência com que esses dois atuam.

Agora que estávamos longe da algazarra que o Razzoo ofertava, voltei minhas atenções exclusivamente para aquela loira linda e sensual por quem eu me apaixonava mais a cada minuto.

Minha mão subiu até próximo de seu rosto segurando levemente em seu queixo, fazendo aqueles olhos enxergarem em meus olhos a paixão ardente que naquele momento percorria todo meu ser. Meus lábios se aproximaram novamente dos teus, beijando-a apaixonadamente, assim que terminei aquele beijo, e nossos lábios descolaram o interfone do veiculo foi acionado e dele pode ser ouvido a voz de Demetre.

- Senhor, qual é nosso destino?

Rapidamente, pressionei o botão do interfone que encontrava no painel no teto do veículo.

- Hilton Hotel!

Olhei novamente para Annabeth, deixando meus lábios próximos aos teus.

37Razzoo Bar & Patio - Página 2 Empty Re: Razzoo Bar & Patio Qui maio 03, 2012 8:18 pm

Annabeth Chase

Annabeth Chase


Sair do Razzoo foi mais fácil e confortável do que entrar, parte disso se devia, obviamente, ao fato de que havia chegado ao Razoo sozinha e tensa com a expectativa de uma conversa de negócios com o advogado da Vestrue e, agora, saia acompanhada, deixando que meus passos fossem guiados pelo homem que havia virado minha cabeça do avesso. O meu destino havia escolhido essa noite para testar meus limites e explorar as minhas fraquezas, me mostrando o quão imprevisível ele é capaz de ser. Aquele deveria ser um encontro de negócios e me lembro, bem, de ter dito que não serviria de diversão de fim de noite para ninguém, era uma contradição. Eu era a minha própria contradição.

Os seguranças de Victor reagiam a pequenos gestos das mãos e a postura do advogado, como autômatos que respondem a comandos pré-programados. Agiam com tamanha maestria que, conforme os observava, não pude evitar de pensar que, ou os homens haviam recebido um treinamento excepcional ou já estavam habituados a situações como aquela. Esse ultimo pensamento me fez sentir um gosto amargo na garganta, uma sensação quente, mas desconfortável, que se reunia a todas as outras sensações desconhecidas que me assolavam aquela noite. Tentei, mais uma vez, pensar a respeito, avaliar as coisas com racionalidade, apenas para perceber que cada pensamento logico que minha mente tentava tecer terminava emaranho em uma confusão de sentimentos.

Não sei descrever o trajeto que fizemos para sair do Razzoo, não seria capaz de, sequer, dizer qual era a cor da limousine de Victor, na qual me encontrava sentada no banco traseiro. Sabia apenas que os beijos de Victor se tornavam mais quentes, desejosos, e que seus olhares me faziam sentir que estava despida.

Deixei meu corpo ceder, reclinando as costas no encosto do banco. Meu peito arfava, meu coração permanecia acelerado mas em um ritmo que se tornava prazeroso. Começava a saborear aquelas sensações como quem prova um novo tempero. Nenhum homem havia me feito sentir nada disso antes, os poucos namorados do período de faculdade, que foram mais relacionamentos convenientes do que relações afetivas, me deixaram sem folego algumas vezes, mas nada tão forte, tão intenso, tão apaixonado. Afinal, eu era séria demais para me apaixonar, não era?

- Hilton Hotel!

Meus olhos seguiam seus gestos e seus menores movimentos, mesmo no breve instante em que Victor se distraiu com o motorista. Deixei um suspiro quente escapar pela minha boca quando senti seu rosto, se aproximando, novamente do meu. Longe da algazarra e da multidão que empesteava o Razzoo, eu abandonava, além da razão e da logica, já a muito perdidas no limbo, a decência e a compostura.

Puxei Victor pela lapela do paletó, trazendo o seu corpo para mais perto do meu. O beijei com lascividade, sem nenhum pudor, minhas mãos deslizavam por dentro do terno, amarrotando a camisa, até então, bem alinhada. Envolvi a lateral de seu pescoço com uma das mãos, deixando minhas unhas roçarem em sua nuca, enquanto meus lábios passeavam por seu rosto e seu pescoço.

Deixei um sussurro provocante escapar quando os meus lábios alcançaram a sua orelha:

- Victor...Eu devia odiá-lo, sabia?

38Razzoo Bar & Patio - Página 2 Empty Re: Razzoo Bar & Patio Seg maio 21, 2012 10:03 am

Lucy Smith

Lucy Smith

Lucy não tinha a menor ideia de onde ficava o fumódromo. Há muitos anos resistia bravamente às tentações do cigarro, mas agora ele parecia uma companhia bem agradável. Fica aliviada quando Cliff toma a frente para levá-la para fora. Pensa naquela situação: sair com um homem de um bar. Há quanto tempo não fazia aquilo? De qualquer maneira, não era nada demais. Cliff era um cara simpático, eles iam acender um cigarro e bater um papo. Nada aconteceria. Talvez ele nem mesmo quisesse algo com ela. Talvez ele só estivesse tentando ser simpático com a bartender. Não seria nada demais, eles sairiam, acenderiam um cigarro, falariam uma ou outra gracinha e ela voltaria para a correria atrás do balcão bem mais calma e sem pensar em Gabriel e outras besteiras.
Apesar do que pensava, Lucy começa a perceber que era a única a ver as coisas desta maneira. Os chineses que lavavam pratos, as cozinheiras, o carregador de verduras.. Lucy via um olhar malicioso no rosto de cada um. Seu rosto fica vermelho e ela sente uma vontade quase incontrolável de explicar o que iam fazer, que era só um cigarro, que na verdade mal conhecia Cliff e que nada aconteceria. Consegue se controlar, dizendo a si mesma que logo estariam lá fora sem olhares de estranhos.. mas então Cliff se senta em um dos bancos da cozinha e acende um cigarro. Sério? Ele queria MESMO fumar ali dentro???
Lucy fica parada, olhando para Cliff de olhos arregalados, incrédula, por longos segundos. Quando percebe, fica ainda mais corada e sorri sem-graça, pegando o cigarro do bolso do avental e esticando o braço, para acendê-lo no isqueiro de Cliff. Fica olhando para o cigarro um tempo até se lembrar de que ele não acenderia sozinho. Se aproxima, tragando um pouco, se afastando assim que a chama fica mais viva na ponta do cigarro. Assim que acontece, encosta no balcão e traga profundamente, finalmente sendo invadida por uma onda de calma e tranquilidade. Ficha os olhos, curtindo a sensação, mas o momento é interrompido pelas palavras de Cliff.
-... Você vai querer falar sobre o que te preocupa esta noite ou prefere apenas seguir por um bate-papo com um cara interessante e que possivelmente terminará em uma noite do mais puro sexo?
Arregala os olhos e até engasga com a fumaça do cigarro, sem conseguir responder nada, ficando ainda mais corada e envergonhada do que antes. Ele continua falando, e agora fazendo uma pergunta sobre Victor e aqueles engravatados, sobre o que a havia deixado tão chateada... Em poucos segundos, Cliff tinha adivinhado exatamente tudo sobre o que Lucy NÃO queria, não podia e não sabia como falar.
Fica completamente engasgada, e tosse por um longo tempo, morrendo de vergonha. Vai até a pia, enche um copo de água e toma de uma vez, tentando conter aquele engasgo, com a fumaça se enrolando na garganta. Suspira, ainda vermelha, e sorri para Cliff, totalmente sem graça.
- ....acho que prefiro o bate-papo com um cara interessante.
Traga mais uma vez o cigarro, voltando para perto de Cliff e sentando com ele no balcão, sabendo que os funcionários se seguravam para não rir dela. Olha para baixo, mas sorri um pouco, achando a situação engraçada, tossindo um pouquinho de tempos em tempos. Estava morrendo de vergonha de toda aquela situação, mas Cliff era realmente um cara interessante. E a cozinha era um lugar seguro. Estava tudo bem. Mais uma vez suspira e leva o cigarro aos lábios.

39Razzoo Bar & Patio - Página 2 Empty Re: Razzoo Bar & Patio Qui Set 27, 2012 2:11 pm

Ann Smith

Ann Smith

Minha conversa com Rodrigo - em espanhol, como ele achava ser mais seguro, apesar de saber inglês - foi rápida. Ele disse que tava sem ice naquele momento, mas que podia me dar ecstasy. Eu acabei achando uma opção até melhor. Uma mistura de anfetaminas com alucinógenos devia ter o efeito tanto de me manter acordada quanto quisesse como também de... como é que diziam mesmo os porraloucas de antigamente? Ah, “abrir as portas da percepção”. Eu gostaria muito que essa iluminação acontecesse de novo na minha vida, mas tinha muita dúvida se uma simples droga faria o que ervas xamânicas e baseado de todo tipo não tinham conseguido. De todo jeito, avaliava que, no pior dos casos, poderia ter uma viagem divertida.

Comprei a pílula, mas não a engoli imediatamente. Entrei na boate, fui até o balcão e pedi um drinque à base de uísque. No HD, só tinha tomado cerveja e vodka, então achei melhor variar agora. Pus a pílula no balcão e lá fiquei um tempo olhando e mexendo nela com a ponta do indicador enquanto dava pequenos goles na bebida. Por algum motivo, agora que estava tudo OK para tomar o troço, não conseguia continuar.

Um sujeito qualquer chegou perto e começou a puxar papo. Mas eu não tava a fim de dançar. Ele não era tão desclassificado quanto os caras do HD, mas também não me empolgava nem um pouco. Eu parecia tá ficando saturada dos homens e suas cantadas de bar.

Nessa hora, o celular tocou e eu bufei de impaciência. Achava que era minha mãe me chamando pra casa. Só que, ao olhar o número da chamada, vi que era desconhecido. Pra minha total surpresa, era a Gia! Tinha muitas dúvidas se ela iria me ligar algum dia, ou mesmo se ia guardar o número que eu tinha dado; mas nem por sonho imaginei que faria contato naquela mesma noite!

É, ela tinha ficado praticamente muda enquanto eu tagarelava no carro, e foi a mesma coisa no hospital. E como eu saí rapidinho quando ela fez aquilo, achei que tinha deixado má impressão.

- GIA!? Como é que cê tá, menina? Melhorou?

- Cara, dá licença que a minha irmã tá no telefone, falando do hospital, e ela anda passando mal pra burro.


Falei aquilo pro paquera abelhudo enquanto tapava o fone com a mão e escutava a resposta da garota. Guardei o comprimido na bolsa ao perguntar pra mim mesma o que ela queria comigo. Talvez a noite acabasse sendo excitante mesmo sem aquilo, afinal de contas. Eu disse “excitante”?

Não era exatamente uma fã de celulares - ou de qualquer tipo de tecnologia. Sendo uma hippie de verdade, filha de pais hippies e acostumada a plantar pra comer, era estranho demais falar com alguém sem olhar nos olhos dessa pessoa. Principalmente se havia interesse sexual envolvido. Se é que havia. Claro, quem poderia resistir a seus doces olhos azuis? Quando Ann atendeu, pigarreou de leve e empostou levemente a voz.

- Ah, oi, er.. Ann. Estou ótima! Ótima mesmo. Só um pouco chapada, eu acho. Acabei de sair do hospital. E... bem, estava pensando... Nem tive chance de agradecer pela carona, e nossa despedida foi mesmo desagradável. - fez uma careta involuntária - Então achei seu telefone aqui, rê-rê-rê. Pensei que talvez poderíamos, sei lá, fazer alguma coisa.

Horrível. Patético. Se havia algum interesse sexual, o destruíra em apenas uma fala. Maravilha. Isso que é habilidade. Parabéns, Gia.


- Beleza! Eu tô sabendo de um Baile de Máscaras, mas não tenho namorado pra ir comigo. A gente podia ir amanhã. Podemos paquerar uns caras por lá, se você quiser. Mas eu bem que ando de saco cheio de azaração, pra falar a verdade... Talvez a gente possa ir pra dançar e conversar mais entre nós duas mesmo, nos conhecermos melhor. Que tal?

Me supreendi comigo mesma ao perceber que havia me oferecido pra uma garota! E se ela não curtisse isso? Mas não podia negar que eu já tinha tido algumas fantasias do tipo. E ela?

Não que estivesse realmente surpresa com o claro oferecimento de Ann, já que já tinha a impressão de que ela queria seu corpo nu desde o Heavy Duty (isso porque ela não estava no seu melhor lá no bar – com roupas limpas, um banho e uma rápida manutenção nos dreads e despertaria o desejo de todo porralouca que cruzasse seu caminho). Mas sorriu com prazer. Sempre bom se saber desejada.

- Eu realmente adoraria te conhecer melhor, Ann... Mas não sei, minha situação financeira não é das melhores e esse baile não é exatamente barato.


- Esquenta não, Gia! Eu posso pagar a sua entrada e até te arrumo uma máscara, se você não tiver.

- Bom, já que você insiste – “oh yeah!” – nos encontramos amanhã no baile. Mas não precisa se preocupar com esse lance da máscara, acho que eu tenho uma. Ou talvez eu faça uma, não sei.

- Ok, então. Te mando um torpedo depois pra dizer a hora e lugar. Ah, e só mais uma coisa: se em alguma hora da festa cê achar que eu tô falando feito uma matraca, pode fechar a minha boca... mas faz isso de um jeito que seja divertido, hein?

Eu disse aquilo logo depois de pagar minha conta e seguir pra saída do Razzoo, deixando o drinque pela metade. Disse pra mim mesma que, se aquela noite tinha sido uma droga, pelo menos a de amanhã prometia. Agora, era melhor ir pra casa descansar.

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