Vampiro: NOLA
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Centro Empresarial

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Liam Maverick
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11Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Dom Mar 18, 2012 11:20 pm

Miraliese Fuentes

Miraliese Fuentes



Depois de nascer e crescer nas terras do Sr. Ford, sendo uma das filhas de seus empregados imigrantes, costumava acompanhar papai e seu senhor as caçadas no pântano. Isso não fazia mamãe feliz e, no início, impôs alguma resistência, mas como não tive o irmão que eles sempre esperaram, meu pai pôde se contentar com esse meu interesse, até aprender facilmente a entrar e sair do pântano sem problemas, conhecendo seus percalços.

Também não era fácil na escola, eram corriqueiras os convites aos meus pais à sala da diretoria. Não suporto meu nome, que era para ser somente Liese. Meu pai achou de querer chamar a atenção do responsável na hora de fazer meu registro, após ele perguntar como seria o nome da menina, falando “¡Mira! Liese”. Bem, o homem não sabia espanhol e achou que o nome era Miraliese. E assim ficou. Fui objeto de chacota na escola, mas isso não saiu por menos, quebrei algumas caras.

Tudo ia bem até que minha avó ficou muito doente em Porto Rico, eu tinha 18 anos. Meu pai resolveu visitá-la e me levou para conhecer a origem da minha família. Antes não tivesse ido. Era noite, fui até o cas que ficava em torno de 2 Km da casa de vovó. O local estava deserto, mas acostumada com o ambiente em que cresci, não vi problema nisso. Quando dei por mim, um rapaz me fitava. Quis puxar conversa, mas eu disse que precisava ir.

- Não tão depressa, ele disse. Segurando por meu braço.
Tentei me soltar, ele não deixou, segurando mais forte ainda.
- O que uma moça como você faz por aqui? Perguntou.
- Me solta, você está me machucando. Eu insistia, agora já fazendo força.

Ele me puxou para mais próximo e começou a lamber meu pescoço. Eu gritava, ofegante e empurrando seu peito com a mão livre. Foi quando ele segurou a outra e me derrubou próximo ao corrimão e ao fim do cas, onde o próximo passo seria o mar.

Alguns dizem que você sai do corpo quando é violentada. Mas eu não. Eu estava ali e senti como um ser humano pode ser desprezível. Eu lutava, mas não conseguia soltar as minhas mãos, ele tinha força para segurar meus pulsos com uma mão só. Foi quando juntei todas as minhas forças e concentrei minha energia em levantar meu tronco rapidamente. Esse movimento não foi suficiente para tirá-lo de cima de mim, nem fez com que ele retirasse seu membro do meu corpo antes intocado. Mas sim, fora suficiente para que liberasse uma das mãos, onde tive a chance de pegar um caco de vidro com a mão livre, proveniente de uma garrafa estilhaçada junto ao pé do corrimão.

Sem pensar, enfiei o material cortante em seu pescoço com toda a força que pude, cortando-o com um único golpe e depois retirei. Ele grunhiu. Agora tinha um peso morto em cima de mim, dentro de mim, que havia sujado meu corpo e minha alma. Empurrei seu corpo para o lado. Me encostei no corrimão de madeira e comecei a chorar. Não sei precisar quantos minutos fiquei ali até realizar o que tinha acontecido.

Decidi. Joguei o corpo dele ao mar e em seguida arremessei o caco o mais longe que pude.

Corri em direção a casa de vovó pela praia. Sentia o sangue escorrer por minhas pernas e pingar do meu vestido, estava banhada em sangue. O sangue da minha inocência escorria pelas minhas pernas, misturado com o dele. Entrei na água e comecei a me lavar, esfregava meu corpo com areia, como se isso pudesse limpar a desvirtuação da minha inocência. O vestido de branco, estava rubro.
Continuei, então, me lançando em uma corrida desenfreada para a casa de vovó.

Entrei na sala, estavam vovó e papai. Corri para ele e o abracei, molhando-o. Contei o que houve. Não havia o que dizer, mas o silêncio dizia tudo.

Colocou-me em um avião na manhã seguinte. Voltei a Nova Orleans. A distância não conseguia tirar da minha mente o que havia acontecido. Todos me perguntavam como tinha sido a viagem e o porquê do meu rápido retorno. Estava sempre sozinha e fugindo das pessoas, refugiava-me em passeios pelo pântano, como incontáveis vezes havia ido.

Na cidade, após quase um mês de poucas palavras, silêncio quase absoluto, descobri que estavam recrutando para a guerra do Afeganistão. Não pensei duas vezes. Alistei-me e não disse nada quando saí, apenas um bilhete informando.

5 anos depois voltei aos Estados Unidos, mas não para Novas Orleans, ainda não conseguia. Fiquei 3 anos trabalhando em Nova York como guarda-costas na empresa de um ex-combatente, foi quando comprei um apartamento simples.

A guerra é algo, em todos os sentidos, devastador. Não só para quem permaneceu com a alma incólume durante seus anos anteriores de vida, como para quem pareceu sofrer um trauma que seguiria por toda vida, como eu.

Não tinha uma história bonita de patriotismo para contar, apenas queria sobreviver a tudo que havia me acontecido, aprendi a ser forte, a parecer forte. Não sabia como seria meu retorno a Nova Orleans, fugia do encontro com a minha família. Até que tomei a decisão de voltar. Fui muito bem recebida por todos, mas não era mais a mesma, sempre sem muitas palavras.

Descobri que o Sr.Ford havia falecido em um trágico acidente de carro. Em meu retorno, olhei papai nos olhos, dei-lhe um abraço e fui ao meu quarto que ainda estava lá. Vi, diante de tudo, que não teria condições para ficar ali.

Lembrei-me da velha cabana do Sr. Ford, construída em palafitas, no pântano, utilizada, à época, como ponto de apoio de suas caçadas. Fui até a senhora Ford e pedi autorização para utilizá-la como minha moradia. Ela não se importou.

Foi o que fiz, dia após dia, tratei de deixá-la habitável com a ajuda de meu pai, a maior parte do material, levamos com um barco que é por mim utilizado. Foi duro, mas consegui. Ao contrário do que diziam, não me parecia ser o lugar mais temível do mundo, apenas o único lugar onde parecia existir um pouco daquela Liese que outrora fui, a inocência em minhas risadas muitas vezes ecoadas naquelas árvores e raízes elevadas. Ali, parecia, finalmente, em casa.

O trabalho desta noite, comparado aos que já realizara, não era dos mais complexos, observar a segurança da área em torno do evento, uma vez que havia muita gente importante no jantar da Vestrue Co.. Tudo estava muito tranqüilo, apesar disso, estava armada com minhas pistolas preferidas, rádio de comunicação e o crachá de identificação.

De repente, avistei o Sr. Freeman acompanhado de um rapaz.

Poderia ser algo muito natural se não se tratasse de quem era. Ora, de fato era muito estranho o anfitrião saindo a pé e por ruas tão desertas acompanhado de um rapaz sem blusa e descalço. Passei a situação pelo rádio a outro vigilante, a fim que se dirigisse ao local para apoio.

Ele informou que demoraria um pouco, pois estava no andar superior em revista.

Enquanto iam caminhando, aproximei-me tentando não chamar atenção e ouvir o que falavam a fim de averiguar.

==============================
OFF do Mestre de Jogo
Miraliese solicitou um teste para permanecer furtiva.

12Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Seg Mar 19, 2012 11:49 am

Mestre de Jogo

Mestre de Jogo
Admin

RESULTADO DA AÇÃO FURTIVA DE MIRALIESE:



Sucesso no teste de Furtividade [v. jogada AQUI].



Miraliese avista Henry Freeman e decide seguí-lo de modo a se certificar de que ele não tenha se envolvido em problemas. Seus passos são sincronizados com os da dupla, e a conversa que eles mantinham, bem como a fumaça branca que saía dos bueiros, ajuda a ocultar a sua presença. Ela conseguiu ouvir o seguinte trecho da conversa (apenas palavras de Henry):

"- ...o Xerife da cidade. Um Nosferatu com mais força e perseverança do que feiúra. – Henry olha para trás, na direção do homem sem camisa que o acompanhava, dando um susto na guarda-costa – Engraçado você se meter nessa sem saber de quase nada. – sorri parecendo irônico – Fique atento e se concentre no caminho."


A ação está liberada no tópico. Miraliese deverá esperar que todos os outros envolvidos façam suas postagens.

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13Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Sex Mar 23, 2012 1:08 am

Edgard von Astorff

Edgard von Astorff
Ancião

[Continuação de Mansão Longue Vue]



- Mess...tre... – Um de seus pequenos filhotes disse, com a solenidade habitual. Os olhos, pequenos e lacrimejantes, pareciam brilhar apenas ao vê-lo, e o Xerife retribuiu àquela bela demonstração com uma suave palmada no rosto semi-decomposto do jovem Rato. – Resss...cebeu o recado, ess..pero.

Acenou positivamente com a cabeça, tendo então a certeza sobre sua suposição anterior. Apenas um ser estúpido como Orlff seria inútil o suficiente para passar um recado daquela importância à Harpia e o Xerife se perguntou como conseguira ficar surpreso com tal fato. Era até esperado.

- O que eu lhe falei sobre recados, Orlff? – Questionou, cruelmente, fitando o cainita com visível desprezo. – O que eu lhe falei sobre recados em mãos erradas?

Percebeu, com prazer, que o jovem começou a tremer, se encolhendo diante da ferocidade de seu olhar.

- Eu... Orlff não queria fasss...zer mal! Orlff esss..tava desess...perado, o recado tinha que chegar ao Messs...tre!

O gaguejar patético foi o estopim para a perda de sua paciência. Suas ordens sempre foram claras e diretas, e o imprestável havia simplesmente as desobedecido. Recados jamais deveriam ser entregues a qualquer um fora da ninhada, ninguém poderia ter acesso às informações. O que os fortalecia era exatamente esse monopólio.

- Por sua causa, eu fui humilhado diante da Senescal. Pela maldita Harpia!

Sua voz já se encontrava elevada naquele estágio e sua face contorcida de fúria. Orlff soltava gemidos repugnantes, e os outros Ratos se aproximavam para testemunhar a cena. Nenhum ousou dizer qualquer palavra em defesa do irmão, ou mesmo manifestar qualquer tipo de emoção, algo que o Xerife aprovou imediatamente. No entanto, era uma pena. Seu ódio seria descontado apenas em Orlff.

O primeiro soco atingiu o jovem Nosferatu no estômago, fazendo-o se dobrar e arfar, a saliva esverdeada e podre escorrendo pelo canto de seus lábios rasgados. Tapas fortes na cabeça desprovida de cabelos seguiram, fazendo com que o mais novo caísse de joelhos e se encolhesse, em busca de proteção. Infelizmente, porém, foi obrigado a parar com o castigo; queria ter tempo de espanca-lo como merecia, mas a caçada lhe esperava. E Henry Freeman teria um sério problema quando o encontrasse.

- Traga-me o terno. – Ordenou ao filhote mais próximo, que correu para atende-lo. – E tire essa coisa patética da minha frente.

Os outros membros da ninhada arrastaram Orlff para os interiores do esgoto, enquanto os gemidos e choros por perdão podiam ser ouvidos. Simplesmente patético.

A roupa exigida lhe foi entregue em poucos minutos e o Xerife a vestiu cerimoniosamente. Era algo que gostava, que o fazia se lembrar de quem era e de quem um dia havia sido. Era algo que fazia com que o antigo Edgard von Astorff retornasse com toda a naturalidade, para qualquer observador que passasse os olhos por sua figura*. Sabia que tal cerimonia não era necessária, mas mesmo assim se apegara ao sentimento de superioridade por estar novamente vestido de acordo com sua posição.

Deixou o esconderijo com as coordenadas exatas de onde Henry Freeman e seu novo cão de estimação estavam. Os Ratos tudo viam, tudo sabiam, inclusive da presença humana próxima ao local. Teria de ser cauteloso, mas isso não seria problema algum.

O esgoto era um lugar realmente engenhoso. Os humanos sequer tinham ideia da vastidão de sua construção, e isso era de extrema utilidade para os de seu sangue. Locomovia-se sem ser visto ou ouvido, sem que sua presença fosse sequer imaginada, por debaixo de tudo o que era vivo e morto. Avançava por ruas e avenidas sem precisar nem ao menos atravessá-las.

O bueiro mais próximo, porém, isolado o suficiente, do Centro Empresarial foi sua saída para a superfície. Não precisou andar muito para avistar a humana de que fora avisado, bisbilhotando enquanto o Ventrue e um Gangrel seminu discutiam, sem sequer percebe-la. Patéticos, inúteis, ignóbeis. Qualquer quebra de Máscara seria punida com a Morte Final, e se a Senescal tivesse um problema com isso, teria de lidar sozinha.

Aproximou-se da mulher e tocou-lhe o ombro suavemente, sorrindo em sua direção e sabendo que ela veria apenas a aparência de Edgard, não do Xerife, o Rato.

- É um pouco tarde para uma senhorita circular sozinha por uma área tão deserta, não concorda? – Questionou, soando debochado em sua tentativa de ser educado.

Puxou a mulher até os dois vampiros, deixando que eles tomassem ciência de sua presença, apesar de não reconhecerem seu rosto ou de quem se tratava.

- Senhor Freeman, fui mandado para busca-lo. Essa bela senhorita estava aos arredores, fico admirado que seu guarda-costas não tenha notado. – Saudou a ambos, seu olhar frio pousando-se no Ventrue fixamente em aviso claro.

Não faria nada com relação a mulher por enquanto. Ela poderia ser uma peça importante para que seu plano funcionasse de acordo com os conformes.

A caçada já havia se iniciado e aqueles dois seres inferiores jamais seriam o suficiente para que o Xerife da Camarilla fosse derrotado.

*Se trata de A Máscara das Mil Faces, da Disciplina Ofuscação. A aparência pretendida é imaginada, não sendo reflexo de algum personagem existente ou que o Vampiro tenha visto e se inspirado para tal. O jogador se encontra disposto a fazer qualquer teste necessário para seu uso.

14Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Sex Mar 23, 2012 1:51 am

Mestre de Jogo

Mestre de Jogo
Admin

USO DA DISCIPLINA "OFUSCAÇÃO: MÁSCARA DAS MIL FACES" DO NOSFERATU (JOGADA FEITA AQUI).


Edgard von Astorff conseguiu 2 sucessos em seu teste.


"O Nosferatu conseguiu impor uma aparência com proporções similares às suas, com um rosto 'comum', bem distante do horror de sua verdadeira face. No entanto, sua voz continua a mesma, estando sujeita ao reconhecimento por parte de Henry Freeman (Liam é recém chegado e sequer havia ouvido falar sobre O Xerife)."


Aproveitando a deixa...


"Miraliese Fuentes foi carregada pelos braços dotados de Potência do homem que surgiu à sua frente. É inútil qualquer tentativa de escapar (a não ser que ela arranque o próprio braço). Ela deverá aguardar pelas postagens de Henry e de Liam, não nessa ordem exatamente, antes de fazer a sua própria."


Dúvidas? MP!

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15Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Sáb Mar 24, 2012 4:40 am

Liam Maverick

Liam Maverick
Ancillae

TRECHOS EM ITÁLICO POR 'HENRY FREEMAN'
*trecho feito com autorização de 'Edgard von Astorff'



Apertei meus olhos em concentração, enquanto repassava mentalmente todos os momentos em que tive um encontro com um Nosferatu em minha existência. Não haviam sido muitos, na verdade, apenas dois feiosos cruzaram o meu caminho. O primeiro achei seguindo seu cheiro de fossa até uma ponte semi-destruída. Eu era novo naquela cidade e precisava saber onde diabos encontrar os Brujah de lá. Isso há muito tempo atrás, antes de existir energia elétrica e outros meios de comunicação modernos que facilitam a vida de todo mundo hoje em dia. Já o segundo, não passou de uma rápida troca de olhares desconfiados, quando o vi nos campos de uma fazenda que eu frequentava, andando todo torto como se uma das pernas estivesse pendurada do lado do corpo. O que um Nosferatu fazia ali, eu jamais saberia.

E agora, estava perto de ter um encontro com o terceiro. Meu ânimo para cair na porrada murchou um pouquinho. Colocar a boca em um Nosferatu, mesmo que fosse para rasgar as tripas dele, não me soava apetitoso. Principalmente se o cainita em questão era tão poderoso assim, como Henryzinho dizia. Se bem que pra ele, até uma virgem neófita ia soar perigoso em dada situação. Eu podia sentir, não só pelo cheiro como também pelo modo de se comportar do Ventrue, que ele vinha de uma geração superior à minha. Mas aquilo não me intimidava, na real. Não quando havia tanto medo nele, à ponto de deixar que eu andasse na sua frente, para ser atingido primeiro pelo que diabos fosse nos atingir.

- Engraçado também é como você pode ser idiota de expôr o próprio focinho pra meia cidade assim... - respondi erguendo uma sobrancelha e olhando-o com o canto dos olhos por cima do ombro. Não queria deixar tão óbvio que me incomodava ter sido praticamente persuadido à vir me foder gratuitamente. - Não se preocupe com a minha eficácia, se os seus superiores de clã me escolheram pra esse serviço de merda, é porque eu sou bom nisso. Ou você vai se atrever a questionar a decisão deles? - perguntei dando outra olhadela para ele, enquanto levava minha mão até meu cabelo e aliviava um ataque de coceira esfregando meus dedos com força no couro cabeludo. Maldito gel.

- Sugiro uma ação sua aqui que seja tão eficaz quanto sua confiança. E pare de me olhar, vá prestar atenção em nossa volta. – Henry ajeita seu traje e lança uma olhada no ambiente ao redor.

De repente, passos ecoaram na rua escura e esfumaçada, me fazendo imediatamente ficar alerta e me virar em direção ao ruído com um único pulo. Os pêlos dos meus braços e da minha nuca se eriçaram instintivamente, como um gato que toma um susto e fica com a cauda espetada. Então surgiram entre a névoa artificial, um homem alto relativamente bem vestido, e uma mulher com cara de invocada, que pude notar estar sendo arrastada pelo braço de forma muito similar ao jeito que arrastei o Ventruezinho.

- Senhor Freeman, fui mandado para buscá-lo. Essa bela senhorita estava aos arredores, fico admirado que seu guarda-costas não tenha notado.

O cinismo no tom de voz dele me deixou desconfiado e ao mesmo tempo irritado com o que insinuava. Olhei para a mulher por alguns segundos a mais, concluindo que pela sua roupa de segurança, ela devia ter nos seguido por achar muito suspeita a saída brusca do empresariozinho pelos fundos. Mas no geral, não parecia uma ameaça digna de atenção. Preocupante era o cainita. Sim, porque para saber qual exatamente era a minha função, aquele homem só poderia ser um de nós. Talvez Henry estivesse certo sobre termos continuado dentro do prédio. Mas só talvez. Olhei então para ele, esperando que confirmasse se conhecia-o ou não. Eu estaria fazendo um puta papel de otário caso os Ventrue tivessem mudado de idéia e mandado outra pessoa para assumir o meu lugar.

Reconheceu a voz mesmo sem ter se virado naquela direção. Os dois participaram de mais de uma reunião entre os Ventrue e a Camarilla quando os primeiros ofereceram ajuda pós-Katrina, e nada vindo de Edgard poderia ser facilmente esquecido. Henry cruza o olhar com Liam – era a confirmação que este precisava - e gira nos calcanhares, dando de cara com um Nosferatu disfarçado de Ventrue com uma humana a tiracolo.

- Olá, Edgard. – sorri gentilmente, colocando as mãos nos bolsos – É sempre um prazer revê-lo, pena que ainda em lados opostos.

O Nosferatu solta a humana depois de deixá-la bem a vista de todos. Estava deixando claro com todas as suas ações que a Máscara deveria ser protegida, e de certa forma prejudicava Henry e Liam com isso.*

- Eu acho que vou ter que desapontá-lo, Rato. São três contra um. – faz um gesto com a cabeça para Miraliese, pedindo que ela ficasse atenta para um possível combate; então Henry dá um passo para trás, colocando-se ao lado de Liam, e torna a falar com o Nosferatu – O melhor que você tem a fazer é recuar um passo agora para poder dar dois adiante. É de conhecimento geral que a estrutura atual da cidade está decaída, delirante, quase não consegue sustentar a si mesmo, quanto mais uma cidade inteira. Posso lhe garantir que não era nossa intenção todo esse conflito. Desde o início oferecemos ajuda, sem reivindicar poder algum. Você pode ter raiva de mim, mas é inteligente o suficiente para saber que o que eu falo é a verdade, assim como também deve saber que a louca vale ainda menos do que eu. – estica o braço lateralmente, impedindo que Liam iniciasse o combate – Vamos, Edgard... Deixe-nos seguir nosso caminho essa noite. Você tem a minha palavra de que poderemos sentar e conversar amanhã ou um outro dia qualquer e acertar as arestas de sua nova escolha. Com certeza um talento como o seu receberia o devido reconhecimento dos Ventrue. Ou melhor... – olha para a humana e depois para Edgard - ... da Vestrue. O que me diz?

É claro que o Nosferatu não ia surgir caindo aos pedaços diante de nós, como fui estúpido de, por um momento, pensar o contrário. Ao receber o olhar tenso do Ventrue e ouví-lo cumprimentar o Xerife, senti meus pêlos novamente se arrepiarem, causando um estremecer pelo meu corpo que contraiu automaticamente os músculos do meu tronco, desde os punhos até o pescoço. Meu impulso era o de pular na cabeça de Edgard; quanto mais cedo começássemos, mais cedo eu poderia ir embora. Mas eu não podia atropelar a chance de que Henry, com seu típico discursinho de político, resolvesse a parada de modo menos sanguinolento. Merecia meus parabéns pela tentativa. Sentia meu peito vibrar como se minha besta interna estivesse rosnando, enquanto encarava o Ratão. Se ele não quisesse resolver aquilo na conversa, eu estaria preparado para reagir. Lancei os olhos brevemente à humana que nos assistia e levei minhas mãos para trás, escondendo-as da vista dela enquanto minhas garras começavam rasgar a ponta de meus dedos para crescerem.

O braço de Henry está pronto para sair da frente do Gangrel assim que perceber que a merda explodiu.

16Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Sáb Mar 24, 2012 6:54 pm

Mestre de Jogo

Mestre de Jogo
Admin

RODADA DE INICIATIVA


Os jogadores deverão testar suas iniciativas AQUI.


1. Nenhum outro personagem está autorizado a entrar nesta interação (ao menos por enquanto).

2. A ordem permanecerá a mesma depois da primeira rodada.

3. O primeiro a agir deverá fazê-lo no tópico onde acontecem as rolagens. A ação deverá ser um breve resumo, de no máximo 5 linhas, expondo e descrevendo de forma objetiva a ação tomada.

4. A ação deverá caber em um turno de 'combate'. Qualquer coisa descrita que exceda os limites do bom-senso será podada pela Administração.

5. Devido à simplicidade deste ato, O PRAZO DADO A CADA PERSONAGEM/JOGADOR É DE 2 DIAS APENAS, contado a partir do início de sua vez de rolar dados/descrever em no máximo 5 linhas/tomar uma ação. Queremos com isso agilizar algo que nem em RPG's de mesa é rápido, que são os testes.


Henry Freeman, Miraliese Fuentes, Liam Maverick e Edgard von Astorff, vocês já podem rolar suas iniciativas. Boa sorte a todos.

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17Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Qua Abr 04, 2012 10:49 pm

Edgard von Astorff

Edgard von Astorff
Ancião

O riso que reverberou pelo peito morto, ecoando friamente por aquela noite tão especial para si, demonstrava tudo o que sentia depois de ouvir tal discurso patético. Henry conseguia arrancar de si tanto desprezo e deboche que chegava a ser quase doloroso movimentar músculos há tanto parados.

- Senhor Freeman, eu creio que suas palavras foram um pouco equivocadas. O melhor que eu posso fazer agora é o pior para você e suas débeis maquinações. Pouco me importa a estrutura atual da cidade, ou a sua intenção. Menos ainda me importa o quanto a Senescal vale. Nada disso é do meu interesse. – Declarou, seus olhos azuis, gélidos e cruéis, se focaram diretamente no rosto delicado do Ventrue, enquanto seus passos o aproximavam lentamente de sua presa. – O que me importa, Freeman, é o que você fez.

Observava os dois outros presentes com o canto dos olhos, mantendo-se alerta para qualquer tipo de situação que pudesse ocorrer em seu desfavor. A tentativa de Henry em intimidá-lo com um ancillae estúpido e uma humana inútil só serviram para que pudesse ver o quão indefeso aquele representante do clã dos Aristocratas era, algo que o fizera refletir em quanto eles haviam decaído. Ou no que estariam escondendo.

Um minúsculo sorriso que voltava a repuxar seus ressecados lábios mas que, por seu disfarce, não podia ser visto pelos outros, se fez presente em sua expressão de puro nojo. Talvez aquele encontro fosse mais propício que tivesse imaginado anteriormente e tinha toda a intenção de desgastá-lo o máximo que lhe fosse permitido.

- Freeman, o ‘homem livre’. Curioso um sobrenome desses para alguém tão jovem. Uma tentativa esdrúxula de afirmar sua posição ou desesperada de esconder o que o move? É o que me pergunto. – Discursou, cruzando os braços diante de si em total despreocupação. Estava preparado caso algo ocorresse, mas seu desprezo pelos participantes daquele embate se fazia plenamente evidente. Era como se emanasse por seus poros semidecompostos, como o cheiro desagradável que o impregnava. – A verdade é que esse sobrenome pode se tornar obsoleto dentro de alguns instantes. E aí sim, poderá dizer à Senescal o que pensa sobre sua sanidade mental e seu valor como líder.

Suas palavras foram ditas como se envolvidas por veludo, com uma delicadeza e suavidade que sequer pareciam anteceder a tempestade vindoura. Para quem conhecia a sua fama, aquele era o alerta final, a última chance para que qualquer argumento fosse proferido em defesa própria.

Era a emersão d’O Xerife, a face mais cruel de Edgard von Astorff.

- Você rompeu uma lei senhor Freeman, e sabe exatamente o motivo de eu estar aqui. Você tem a opção de vir pacificamente ou de sofrer as consequências por seus atos estúpidos e infantis.

A opção fora dada, como lhe mandava o protocolo, mas já conhecia a resposta. Era como todas as que recebera anteriormente, o que não lhe deixava alternativas.

~- Você o chama de patético, Edgard, mas é muito mais do que ele. Muito mais, eu bem sei...~

A voz o deixou rígido, fazendo com que sua expressão se fechasse imediatamente. Não era hora daquilo ocorrer, o momento não era propício, e a ignoraria enquanto se prestava a fazer seu trabalho. Maldita fosse aquela mulher.

18Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Qua Abr 11, 2012 1:57 pm

Liam Maverick

Liam Maverick
Ancillae

Pronto. Agora sim eu poderia dizer que estava ficando furioso. Aquele Ratão era mais nojento do que tinha imaginado. Não pela sua aparência, claro, disfarçado de engomadinho daquele jeito dava até para enganar uma multidão de cainitas. Mas era o modo arrogante com que se portava diante de nós, franzindo o nariz falso feito um camundongo, que me queimava as tripas de vontade de arrancar o tal disfarce na porrada. Toda aquela pose de poderosão só me fazia imaginar que Edgard tinha um enorme complexo de inferioridade, como todos os Nosferatus. Ficam se achando melhores que os outros cainitas porque são pelotas ambulantes de sujeira, e por causa disso precisam compensar sendo mais inteligentes. Ou melhor, achando que são mais inteligentes. Se aquele projeto de praga fosse de fato inteligente, saberia que os Ventrue tinham razão, por mais absurda que fosse a prática do plano deles.

E tinha também a sua risada. Argh, a risada. Minhas pupilas se estreitaram por alguns milésimos e meus ouvidos latejaram incômodos ao som dela. Causava em mim o mesmo efeito que trovões e rojões causam nos cães. A típica mistura de medo com um sentimento alarmante. Não que eu estivesse com medo. Só não era burro de acreditar que seria fácil nos livrarmos daquele estorvo. Daqueles estorvos. A mulher ainda estava ali, garantindo que fôssemos bonzinhos não quebrando a Máscara, e saíssemos com o Ratão feito ovelhas mansas. Pff, ilusão. Minhas garras completamente expostas estavam ansiosas para rasgá-lo, mas não podia usá-las na frente da mulher.

Foi então que lembrei, com um estalo na mente. Apalpei meus bolsos traseiros e tirei deles um par de luvas de couro, com as pontas dos dedos cortadas. Sempre as levava comigo para emergências desse tipo, onde alguém me mataria caso eu quebrasse a Máscara. Vesti ainda escondendo as mãos por trás do corpo, tomando cuidado para não destruir o tecido no processo. Com elas eu parecia usar apenas uma espécie de acessório de briga feito por alguma gangue fã do Freddy Krueger. Se Edgard decidisse deixar a politicagem de lado, Henry iria entender porque mandaram um "simples" Ancillae para protegê-lo.

Ao final do discursinho hipócrita dele, percebi que já rosnava audivelmente e havia avançado pelo menos uns três passos, pois o braço do Ventrue se encontrava pressionado contra meu abdômen, tentando me impedir de continuar. Fechei a boca ocultando meus dentes à pouco arreganhados, e me afastei alguns centímetros. Precisava me manter calmo para não sair atacando o Ratão feito um louco. O desgraçado era mais forte do que eu, não tinha como ignorar tal fato. Ergui um pouco o rosto, mantendo os olhos fixos nele, e farejei-o. Era bem útil para perceber seu grau elevado de poder e me manter mais... Pacífico. Minhas companhias do passado não haviam feito muito bem pra mim. Posso até dizer que tinham piorado esse meu pequeno defeito explosivo. Depois os outros clãs não sabem porque Gangrel prefere viver sozinho. Aí estava a melhor prova de como cainitas demais reunidos no mesmo lugar não prestava.

- 'Tá bom homem-da-lei... - decidi me pronunciar primeiro que Henry. Não estava em condições de ficar perdendo meu tempo ali tentando barganhar liberdade com um maluco que obviamente não surgira para ouvir nossos argumentos - Já deu seu recadinho. - de modo mais discreto possível, usei minha garra do dedo médio para dar uma coçadinha leve na cabeça, ao mesmo tempo fazendo o típico gesto ofensivo para o Ratão - Agora vê se nos faz o favor de voltar pro inferno de onde você saiu, porque ninguém aqui vai contigo pra lugar nenhum.

Não foram passadas à mim instruções específicas sobre como proceder no caso dos Frescos serem rápidos e mandarem o Xerife ainda na mesma noite atrás de nós. Então tomei a liberdade de agir como achei mais razoável. Segurei mais uma vez no braço do Ventruezinho e puxei-o para trás, na intenção de trazê-lo comigo na hora em que eu fosse virar as costas e largar o Nosferatu falando sozinho. Tomei pouco cuidado com as garras. Ele meio que merecia uns arranhões para largar a mão de achar que éramos amigos só porque estávamos, de certo modo, do mesmo lado. Mas não saí andando de imediato. Alguma coisa fez a expressão facial do Nosferatu mudar drasticamente, o que me deixou tanto alarmado quanto curioso. Agucei os meus sentidos e dei uma rápida olhada ao redor, sem soltar Henry, tentando captar a aproximação de alguém. Nada. Ele devia ter se contaminado com a loucura da Senescal que falavam. Eu já desconfiava mesmo.

19Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Qua Abr 11, 2012 4:50 pm

Henry Freeman

Henry Freeman
Ancillae

A polidez do discurso de Henry não conseguiu amolecer o coração podre de Edgard. Nem mesmo as verdades ditas sobre a condição da Seita e de sua líder abriram os olhos do Xerife para o óbvio. É impensável que a Primigênie esteja de fato apoiando a Louca em seu reinado, reinado este que certamente entrará nos anais da história cainita como um dos mais bizarros já documentados. Além do mais, os Ventrue podem ser odiados por muitos, mas são inquestionavelmente os governantes de direito da Camarilla. Freeman adora incluir um paralelo em seus argumentos quando debate política com outros Membros: os Estados Unidos e sua influência global. Ora, não há país mais odiado e antipático no mundo; no entanto, retire eles do mapa da política mundial por um mísero dia e veja todo o sistema ruir em desgraça. Ele só não complementa seus argumentos com a célebre frase “é um mal necessário” porque os Ventrue não são maus de fato. O balanço que trazem à política é obtido de forma pacífica, sem disparar um Tomahawk que seja.

Superada a questão, Edgard e sua cabeça-dura poderiam ser entendidos de uma outra forma. Seria então o Xerife um estrito seguidor das Tradições cainitas, por mais inconvenientes e burocráticas que vez ou outra possam parecer. Sim, é irônico um Ventrue ter esse ponto de vista, mas Henry e “seu superior” entendem que liderança é mais do que seguir uma cartilha pré-fabricada. Seria exigido um novo modo de tratar com Edgard, o mantedor de tradições.

A esquisitice do Rato ao término de seu discurso não passou despercebida nem por Henry e nem por Liam. Este último, por sinal, tem se saído muito bem até agora, superando todas as – baixas – expectativas que o CEO da Vestrue mantinha sobre ele. Ao invés de jogar tudo para o alto em troca de um engalfinhamento inútil contra o Xerife, o Gangrel tem usado a cabeça e a paciência, permanecendo ativo apenas em modo sociável. Estava na hora de cooperar com ele e abreviar aquele encontro antes que os elogios virassem críticas. Mas talvez Henry tenha pensado isso tarde demais. Liam o puxou para trás, arranhando seu braço no processo. Os pequeníssimos cortes tornar-se-ão cicatrizes graças às garras afiadas do Selvagem.

- Basta! – Freeman grita atraindo a atenção dos dois cainitas que pareciam um tanto dispersos à discussão por conta de algo a observarem nos arredores – É correção que você deseja, Edgard? Então é isso que você terá. – passa Liam para trás com indelicadeza e caminha firmemente até o Xerife; Henry parecia sério e determinado como nunca – Seguirei pacificamente contigo desde que nosso destino seja a Longue Vue e sua governante. Vamos esclarecer as coisas de uma vez por outra. Há muitas verdades a serem ditas, muitos mistérios a serem desvendados. Não concorda... Xerife? – as bochechas de Henry se dobram em um sorriso dirigido ao Rato – A não ser que entenda que este é o lugar e o momento apropriado para “debater mais veementemente” esse assunto.

Alguém ali iria se danar, e com certeza não seria Henry. As opções possíveis incluem uma visita pacífica à Longue Vue – para que o Ventrue distribua segredos à torto e à direito, possivelmente destruindo todas as relações da Camarilla* – e um embate mortal entre um Gangrel, um Nosferatu e uma humana. Ou será que Edgard conseguirá lutar sendo assombrado* e Liam ousará desobedecer as ordens expressas de sua senhora* para proteger Freeman com a sua própria ‘vida’?



Segredos, para o quê os quero.



____________________________
* A serem desvendados/explicados com o desenvolvimento da trama.


20Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Dom Abr 15, 2012 1:16 am

Miraliese Fuentes

Miraliese Fuentes

Meus primeiros instintos são quase sempre de desconfiança. Não me atrapalha em minhas atuais atividades. Em minha pouca existência já vivenciei muitas coisas que fariam qualquer pessoa sentir vontade de vomitar, talvez considerasse como alguém enfiando um dedo em uma ferida aberta e arrancando das entranhas toda dor de uma existência.

De fato, na atual conjuntura, não esperava nada de diferente naquela noite, tão tranquila, diante de tantos estados de alerta que passei. Contudo, não me era esperado avistar o Sr. Freeman saindo pelas portas dos fundos com um rapaz tão sui generis. Tentei ser o mais discreta possível, a fim de averiguar do que se tratava. Logo não me pareceu tão preocupante, ele ria e parecia um tanto quanto entusiasmado, como se a adrenalina decorrente de uma expectativa corresse em suas veias.

Por óbvio não realizei o teor da conversa, o que queria dizer por Xerife Nosferatu e não se saber onde está se metendo estavam longe da minha compreensão, poderiam estar metidos em qualquer situação, pareceu tão duplo o sentido que decidi por permanecer oculta, usando um pouco de minhas habilidades para isso, focando naqueles dois, já que nada parecia acontecer além daquilo.

Isso fez com que me descuidasse com os fatos ao meu redor e não pude perceber a aproximação que viria.

De repente, foi como se houvesse prendido o braço em algum lugar.
Em resposta ao homem que me segurava, minha primeira reação foi puxar o braço e quase o ataquei, quando me ocorreu que não estava em uma guerra e ele estava muito bem trajado, parecia não ser uma ameaça real, então, tentei ser cautelosa, ainda que não conseguisse exatamente entender sua intenção:

- Senhor, estou trabalhando no eventooo...

Começou a me arrastar e minhas palavras agora pareciam truncadas enquanto falava e tentava soltar meu braço.

- Acho melhor para o senhor me soltar se não quiser encrenca.

Apertava as palavras em minha boca, agora.

Meu braço já incomodava, queimando, quando ele me soltou e começou um diálogo, para minha surpresa com os objetos de minha observação. Diante de tal situação esperei, o Sr. Henry demonstrou certas preocupações, especialmente na hora em que me deu a entender para ficar alerta. Mas que diabos! O que estaria acontecendo? Parecia uma espécie de sequestro e por algum motivo, o Sr. Freeman estava tentando convencer seu “raptor” a mudar de ideia. Quem já viu isso? Permitir que se vá? Isso de fato estaria longe de cogitação, a hora é essa, ele está em completa desvantagem, deixá-lo ir seria permitir que voltasse com reforços e com um plano mais elaborado, pensei. Afinal, o que passou pela cabeça daquele homem tentar raptar um homem tão importante como Henry Freeman sozinho e, em minha rápida análise, desarmado? Não observei comparsas ou algo do tipo, ao redor.

Além disso, não pretendia deixá-lo impune, meu braço ainda estava dolorido.

O clima parecia estar esquentando, as acusações se mantinham e apesar do Sr. Freeman expressar em palavras seu interesse em seguir com o homem, seu guarda-costas, agora eu sabia, já havia confirmado o alerta antes me dado, ele de modo algum sairia dali, até pude, incredulamente, observar o homem rosnar.

- Bem, Sr. Edgard, não é? Como o senhor mesmo disse, trata-se de um homem livre e não vai a lugar algum, se ele infringiu alguma lei, nada mais oportuno que avisemos a polícia, não é mesmo?

Saco minha arma, agora já pronta para uso, e aponto para Edgard.
Sem tirar os olhos dele, pego o comunicador com a outra mão.

- Onde você está, Carlos? Alerte a polícia e aos outros, pássaro dourado em código vermelho. Mande reforços, estamos na Quadra B1. Guardo o comunicador.

- É melhor não testar minha paciência.

Dividimos a área em torno do evento em quadras e códigos para facilitar a comunicação e melhor atendimento de emergências, logo o local estaria cheio.

21Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Ter Abr 24, 2012 1:09 am

Edgard von Astorff

Edgard von Astorff
Ancião

~Eles zombam de você porque você é patético. Todos riem pelas suas costas, todos sentem nojo de você.~

A voz ecoou por sua cabeça novamente, fazendo-o cerrar os punhos em resposta. Ignorar a fúria que o consumia a cada palavra era algo que exigia muito esforço de si, mas estava acostumado o suficiente com a situação para saber como lidar com ela. Era apenas um empecilho em seu caminho, mas nada que o impedisse de fazer absolutamente nada.

Ouviu as palavras irreverentes e atitude infantil do Gangrel com indiferença e ar de deboche, ignorando-o solenemente sem lhe dispensar sequer um mísero olhar. Aquele animal não era digno de sua atenção, por isso, não a desperdiçou. Seu foco estava inteiro no Ventrue e na contradição que impusera à afirmação de seu guarda-costas sobre não ir a lugar algum.

Palavras de Ventrue, geralmente, são como veneno espalhado em água. Poucos são inteligentes o suficiente para captarem as suaves nuances que a substância provocava no líquido, o quase imperceptível odor adocicado de morte que permeava pelas entranhas de moléculas e átomos. Um bom Ventrue tinha esse poder, o de corromper e convencer, como um veneno que rasga as entranhas, mas Henry Freeman não era um deles.

Seu amadorismo era claro em sua declaração. Ele insinuava cartas na manga, praticamente as esfregava na cada d’O Xerife, fazendo com que o ancião sentisse vontade de novamente gargalhar em deboche. Freeman era jovem demais para jogar um jogo tão perigoso. Ele não sabia com que estava lidando, nem muito menos onde estava se metendo. Era apenas uma criança em frente a um tabuleiro de xadrez, um pequeno peão facilmente descartável.

- Não tenho absolutamente nada para tratar com você aqui, Freeman. Espero que sua insensatez não seja o suficiente para que não veja isso.
– Declarou, ácido, pendendo a cabeça levemente em direção a humana que os observava. – Se deseja ir comigo, tomou a decisão correta. Mistérios ou não, isso pode ser resolvido no lugar certo.

A noite estava coberta de surpresas desagradáveis. Aquela mulher era, em sua totalidade, uma delas. Sem ser convocada, mais uma vez ela resolveu se intrometer em uma situação que não lhe dizia respeito, deixando Edgard absurdamente irritado.

Sequer refletiu por mais de um segundo quando se virou em direção à humana, olhando-a com desprezo evidente. O objeto metálico que ela empunhava, tão segura de si com suas palavras arrogantes, fez com que sua pouca paciência se esgotasse. O Xerife avançou em direção a ela e, com uma rapidez que facilmente impressionava os fracos olhos humanos, arrancou a arma de sua mão sem qualquer cerimônia, jogando-a no chão e a pisoteando com força o suficiente para esmagar o ferro.

- Não teste você a minha paciência, coisa patética. – Grunhiu, levando uma de suas mãos até o pescoço dela e o segurando firmemente.

~Maltratar os mais fracos te excita, não é, Edgard?~

A voz voltou a atormentando, seguida pela gargalhada que ecoava por sua mente como um ferro em brasas, tirando-o de si com tal força que seus dedos acabaram por apertar ainda mais o pescoço da humana.

Virou o rosto, transtornado pela fúria, em direção ao Ventrue, deixando que ele percebesse a gravidade da situação.

- Você cometeu um erro estúpido, Freeman. Sua inexperiência e arrogância foram o suficiente para que revelasse demais diante de ouvidos errados. Eu espero que você resolva isso, ou essa mulher estúpida vai pagar pelos seus erros.
– Sibilou, sua expressão demonstrando cada uma das sensações que o atingiam.

Freeman revelara sua futura localização, assim como o fato de o Longue Vue ter uma governante, sendo ela quem dava as ordens a Edgard. Aquela humana desprezível já havia alertado a seus parceiros sobre a localização atual então, se saísse daquele encontro com alguma memória ou vida, não tardaria para que o Longue Vue se tornasse um formigueiro de humanos inúteis tentando fazer alguma diferença e resgatar o rico CEO da Vestrue.

Sempre soubera que Henry Freeman era um ser ignóbil, mas depois daquela noite, o Xerife tinha a certeza de que, se a oportunidade lhe fosse dada, teria um enorme prazer em eliminá-lo e acabar com sua patética existência.

22Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Seg maio 14, 2012 8:40 am

Mestre de Jogo

Mestre de Jogo
Admin

AÇÕES LIBERADAS



Testes resolvidos AQUI. Todos estão liberados para postar neste tópico novamente.

https://nola.forumeiros.com

23Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Qui maio 24, 2012 12:38 pm

Henry Freeman

Henry Freeman
Ancillae

Há batalhas que não podem ser vencidas; tudo o que pode ser feito é amenizar as perdas.

Batalhar com palavras em punho contra o teimoso Nosferatu é como dar murro em ponta de faca. Quando um ser com tão pouca visão empaca numa opinião e de lá não anseia sair, até mesmo os poderes do sangue podem ser insuficientes para seu convencimento. Henry poderia continuar esfregando a verdade na cara de Edgard pelos próximos dois séculos que o Nosferatu se manteria opositor às suas idéias. Trata-se de ideologia, não inteligência. Ideologia inútil, é verdade. Todos sabem que o poder mudará de mãos em pouco tempo e que lealdade, princípios pessoais e formalidades são atributos precários nesses dias. Aparentemente, todos os vampiros em Nova Orleans sabem disso, menos um deles.

As negativas que tanto incomodam Henry por se tratarem de um disparate perante o cenário cainita atual avançam para uma tentativa desesperada de mostrar controle: Edgard aperta o pescoço da jovem moça até quase a morte. Para completar o circo, ele ameaça matá-la por “descuidos” do próprio Henry.

- Você é mais inteligente do que tem se mostrado, senhor Xerife. Detestaria ter que lhe explicar cada passo que eu dou, portanto preste bastante atenção quando eu for abrir a boca.

O Ventrue guarda as mãos nos bolsos do sobretudo e mantém o seu foco nos olhos do transformado Nosferatu.

- Ela é, ao mesmo tempo, meu caminho livre até a Longue Vue e minha certeza de que não ficarei eternamente preso por vocês naquela casa. Se estiver viva, é claro. Mate-a e arruine a sua própria Humanidade. Sabemos que essa arma nas mãos dela não lhe causaria mal algum, portanto não se esconda por detrás dessa desculpa esfarrapada quando decair mais um pouco. – põe o dedo em riste na direção do Nosferatu e engrossa a voz numa firmativa veemente - Isso é assassinato, Edgard. – torna a relaxar a postura - Além do mais... Você detestaria “ficar mal” com o próximo governo, não é mesmo?

Verdades incontenstáveis, mas de que nada valeriam para o teimoso feioso; um verdadeiro “burro quando empaca”. No máximo o discurso serviria para a humana ganhar alguns segundos de forma que conseguisse reagir de algum jeito. Henry nutre simpatia pelos humanos que pensam e que agem fora da caixa, e definitivamente a segurança havia tomado partido em algo muito maior que ela – mesmo que sem querer.

Aproximando-se de Liam após recuar alguns passos rapidamente, o Ventrue emite a ordem improrrogável ao seu fiel escudeiro Gangrel.

- Pegue-o antes que ELE ataque. E tente poupar a humana.

Minimizar as perdas. Essa é a estratégia de Henry para a batalha dessa noite. Resguardar a si próprio de um sequestro ou da Morte Final traria mais um tempo e manobra para a Oposição Ventrue. Quem sabe Ela pudesse receber as informações diretamente de seu Ancillae, fonte muito mais confiável do que carniçais e neófitos. Por isso ele continua andando e se afastando de Edgard, rumando neblina adentro.


Hoje não, Longue Vue. Não enquanto seu Xerife mostrar sede por sangue cainita. Somos melhor que isso; somos melhor que vocês.

24Centro Empresarial - Página 1 Empty Edifício Calarram Sáb Jun 09, 2012 5:25 pm

Victor Calarram

Victor Calarram

Edifício Calarram: Sede do Escritório de Advocacia Calarram.


O sol surgiu, a manha começou e terminou e a tarde já estava quase na metade quando finalmente eu despertei, ou melhor fui despertado. Estava totalmente apagado quando Donavam adentrou em meu quarto e abriu as cortinas e a janela. Uma brisa gelada entrou no cômodo e me fez despertar. A claridade que no despertar embaçava meus olhos agora já se dissipava

- Bom dia Donavam! - Disse com a voz sonolenta, enquanto esfregava meus olhos e me espreguiçava.

Donavam olhou para mim com uma expressão de quem iria dar uma gargalhado mas se conteve. Caminhou até o closet, e durante o trajeto falou.

- Eu quase vim lhe dizer boa noite Senhor! À tarde já esta na metade e pelo andar do dia, não tardara a anoitecer.

Arregalei os olhos assustado com a notícia, para mim não tinha passado mais do que alguns minutos que eu dormira. Olhei pela janela e vi que o céu encontrava-se nublado.
Donavam saia do closet, com um terno cinza claro uma camisa de seda azul, bem como uma gravata na mesma tonalidade do terno, cinto preto e sapatos de couro envernizado de cor preta.

Assim que arrumou a roupa sobre a cômoda, voltou-se para mim.

- Senhor! Chegou um e-mail do Senhor Henry!

Olhei apreensivo para Donavam e questionei:

- O que dizia a mensagem?

- Ele deseja encontrar o senhor no escritório Calarram, hoje a noite.

Minha mente virou em um turbilhão de pensamentos. O que será que o Henry Freeman o alto homem da Vestru CO. Queria. O que faria um homem de tal grandeza querer falar comigo em meu escritório? Homens como Freeman normalmente chamam os advogados até seus escritórios, raramente eles vão até o escritório de seus advogados. Provavelmente seria algo muito importante que ele queria tratar.

Pulei da cama e corri para o banheiro fazer minha barba e tomar um banho. Voltei ao quarto me vesti com as roupas escolhidas por Donavam e desci as escadaria que separavam o primeiro andar do térreo e caminhei até a sala de jantar, para comer alguma coisa. Donavam já havia providenciado um farto desjejum, que faria as funções de café da manha, de almoço e provavelmente de lanche da tarde.

Terminada a refeição, segui pelo amplo corredor que levava até o hall de entrada, atravessei o pórtico de entrada e fui para a escada de entrada. O carro já estava a minha espera. Joe abria a porta para que eu adentrasse em seu interior enquanto Demetre já me aguardava no interior do veiculo.

Partimos rumo ao Edifício Calarram.

Devido ao adiantar da hora fomos pela balsa que liga Garden District ao Bairro Francês. Demoramos pouco mais de uma hora na no trajeto realizado pela balsa, algo que nos economizou mais uma hora, visto que encontrávamos na hora do rush. Do ponto de desembarque até Edifício Calarram o veiculo demorou mais trinta minutos.


Centro Empresarial - Página 1 Scaled.php?server=843&filename=edificiocalarram1
(Edifício Calarram)



A noite já tinha chegado quando finalmente adentrei no edifício. Peguei o elevador e finamente cheguei ao décimo quarto andar, aonde ficava a sala da presidência do Escritório Calarram, ou seja na minha sala.

Passei pela mesa da secretaria, a doce senhorita Felici Smith. Ela estava compenetrada na leitura de uns arquivos.

- Boa noite Srta Smith!

Ela levantou os olhos e assim que percebeu que era eu se levantou.

- Boa noite Senhor Calarram! O senhor deseja alguma coisa.

Sorri como de costume para ela.

-Srta. Smith. Eu desejo um xícara bem grande de café e que ninguém me interrompa. Mais tarde receberei o Senhor Henry Freeman da Vestru Co., e por isso peço que a senhorita fique até mais tarde, pode ser?

Ela sorriu. A senhorita Smith já trabalhava comigo a dois anos. Era uma linda mulher de trinta anos possuidora de cabelos castanhos sedosos e liso, um sorriso branco e largo, olhos castanho claro e pele branca como a neve. Ela era solteira, algo difícil de acreditar, visto ser uma mulher bem atraente. Pelo pouco que eu sabia sobre ela era sozinha, sem família em Nova Orleans, e por isso não ligava de ficar até mais tarde no serviço.

- Será um grande prazer ficar até mais tarde, Senhor Calarram.

Comecei a andar em direção a minha sala.

- Muito obrigado! – falei sem olhar para ela.

Adentrei minha sala, liguei as luzes, encostei a porta e me acomodei na minha larga cadeira de couro preto tipo presidente. Girei-a de forma que eu pudesse olhar pela ampla parede de vidro que separava o lado interno do lado externo do edifício. Quando eu ia começar a admirar a vista do anoitecer a senhorita Smith adentrou a sala e me entregou o café. Assim que ela se retirou, voltei a visão. Era muito bonito ver as luzes da cidade se acendendo. Minha mente começou a viajar enquanto o tempo começou a passar. Perdi-me nos pensamentos enquanto esperava a chegada de Henry Freeman.

25Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Sex Jun 15, 2012 2:02 am

Catherine Blake

Catherine Blake
Anciã

Catherine estava acostumada com a mais plena obediência. Suas ordens eram feitas para serem cumpridas sem questionamentos ou desvios, sem qualquer modificação no pedido original. Ordens eram coisas simples de serem executadas, já que não necessitavam de excesso de raciocínio da parte subordinada. E esse era exatamente o propósito; se quisesse opiniões, as teria solicitado a quem lhe conviesse, algo que não ocorreu.

Sua expressão era serena e calma, como sempre fora, mas por dentro, nada conseguia conter a fúria absoluta que parecia querer dominá-la.

Ele a desobedecera. O maldito infante tivera a audácia de passar por cima do que lhe ordenara em busca de seu próprio status.

O grande problema de toda a situação era que ele irritara a única capaz de lhe oferecer qualquer migalha que fosse do tão aclamado status que ele parecia ambicionar. Ele pisoteara em sua própria ascensão tanto dentro quanto fora do clã. Uma heresia.

Quando saiu de sua residência, com um destino certo, executava um exercício mental para não permitir que a fúria a controlasse. Deveria ser sempre senhora de si, afinal de contas, seu cargo lhe exigia tal preço, e isso valia o esforço. Mas apenas por séculos de treinamento conseguiu manter-se impassível quando o motorista estacionou na saída dos fundos do Centro Empresarial.

Sabia que os encontraria ali, já que seus informantes sabiam cada passo dado por aquele bastardo que se achava bom o suficiente para ser digno de sangue Real. Ele era vigiado em tempo integral, mesmo sem tomar conhecimento de tal fato. Nada naquela cidade passava despercebido por seus olhos e ouvidos atentos, nada fugia ao seu controle, mesmo que sutil e subliminar.

Abriu a porta do carro e virou-se elegantemente no banco, pisando ao chão com os delicados scarpins de couro negro e bico fino, antes de se levantar e sair do carro, deixando que o chofer fechasse a porta atrás de si. Caminhou calmamente até os vampiros em disputa evidente, o som dos saltos altos de metal reverberando pela calçada de concreto.

Parecia ter saído de um sonho, para qualquer mortal ou imortal que olhasse em sua direção. Seus longos cabelos castanhos esvoaçavam suavemente ao vento, cobrindo-lhe os alvos ombros nus, enquanto seus olhos azuis, límpidos, miravam os três vampiros há poucos metros de sua presença. O corset azul royal delineava sua cintura fina com elegância e sensualidade discreta, deixando seus volumosos seios à mostra o suficiente para ser provocante, mas nunca vulgar.

Catherine era a epítome da classe, nada poderia ser falho em sua aparência simplesmente deslumbrante.

Percebeu que a discussão se encerrara quando sua presença tornou-se próxima o suficiente, a imponência de sua figura encarregando-se de gerar o silêncio necessário. Seus lábios grossos, pintados de vermelho sangue, repuxaram-se levemente para o lado direito, num sorriso discreto e debochado. Nenhum deles poderia dizer o quanto estava furiosa, mas tinha certeza que Liam notara algo estranho em sua fisionomia.

Era seu dever de pet saber o que poderia estar se passando com sua dona.

- Esta noite deveria ser uma noite extremamente agradável, mas, por sua causa, não está sendo. – Declarou, olhando fixamente para Henry. Seus olhos o intimidavam, como se vissem por dentro de sua mente e lá desvendassem todo os seus segredos e ambições. Era a primeira vez que ele a via, a primeira vez que se dava conta de quem era Catherine Blake, a Senhora dos Ventrue.

Virou-se para o Xerife da Camarilla e lhe cedeu um suave meneio de cabeça em cumprimento.

- Não precisa fazer nada, Edgard. Dele, cuido eu. – Teve o cuidado de expor todo o asco que sentia por Henry em suas palavras, sem voltar a olhá-lo para perceber suas reações. – Eu só pediria a gentileza de nos guiar até o Elísio. Tenho que consertar o que meu caro senhor Freeman realizou esta noite.

Voltou-se para Liam, sua expressão se apaziguando imperceptivelmente. Uma de suas mãos tocou-lhe o rosto de forma rápida, demonstrando sua aprovação sem precisar de palavras. Ele a servira bem, fizera o que lhe ordenara mesmo a contragosto, e seria bem recompensado por isso.

Quando seus olhos encontraram novamente os de Henry, Catherine não teve piedade. Ficou em silêncio por alguns segundos, forçando-o a sustentar a fúria em seu olhar e notando claramente seu desconforto, algo que lhe gerou enorme prazer.

- Suma daqui. – Ordenou, imperiosamente, dando-lhe as costas sem sequer oferecer a chance de resposta. Ele seria punido quando fosse a hora certa e perdera qualquer direito de se envolver em assuntos delicados demais para sua pouca competência.

- Agora, se puder ser nosso guia, eu lhe agradeceria muito, Edgard. – Dirigiu-se ao Nosferatu, caminhando novamente até o carro após ouvir sua concordância. Liam a seguia de perto, como lhe era conveniente, e a presença dele fazia com que ela se sentisse um pouco mais leve.

O maior problema ainda estava por vir. Lidar com Helena depois daquele disparate seria quase impossível e exigiria todo o seu dom em diplomacia e paciência. Maldito fosse Henry Freeman.



Continua na Longue Vue...
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26Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Sex Jun 15, 2012 4:12 am

Henry Freeman

Henry Freeman
Ancillae

POR FAVOR, LEIAM O POST ACIMA ANTES


A cada segundo que passava, Henry sentia o grandioso momento se aproximar. Em sua concepção, o ápice de tão complexa trama chegaria com a dissolução da Camarilla, dissolução esta representada pela passagem do lendário Xerife Nosferatu Edgard von Astorff à Oposição. De forma a atingir seus objetivos, o Ancillae preparou-se intensamente para a árdua empreitada de ser o único na cidade a nadar contra a maré. Buscou informações pessoais dos oponentes mais importantes a quem poderia enfrentar. Por um golpe do destino, acabou confrontando Edgard, justamente o mais forte dentre todos. Tendo sido expostos seus fantasmas e convencido de que agia sob a égide de um governo retardado, seria virtualmente impossível que o feioso resistisse à oferta Ventrue. Só que Freeman não teve tempo de ver seu plano dar certo.

A vampira que invadiu o encontro de mortos-vivos era linda como um anjo. Em um passe de mágica todos fizeram silêncio e se viraram para admirar a bela presença da mulher. Como não se dar conta de que estavam na presença de Catherine Blake, submundialmente conhecida como a senhora Ventrue? O reconhecimento daquela figura fez nascer um sorriso no rosto de Henry, não de felicidade, mas de raiva; raiva por sofrer intromissão em SEU trabalho antes da hora; raiva por acabar tendo seus méritos subtraídos por uma anciã que preferiu se manter até agora afastada do problema ao invés de arregaçar as mangas e ir à luta desde o início. A aparição de alguém mais velho, mais sábio e que surge como o salvador da pátria é um mero artifício político, mais antigo que o próprio Caim.

Não valia a pena ficar resmungando, apenas ficar resmungando pelos cantos. Como um fiel membro da casa Ventrue, Freeman consente em seguir ordens de superiores ainda que as julgue tolas. “Coloque um sorriso no rosto, um trocado no bolso e vá viver a noite seguinte”, era o que seu Senhor dizia quando lhe ensivana sobre os maus momentos. E que mau momento havia passo com Catherine... Freeman foi dispensado de maneira bem prática e descortês, logo, não fazia sentido ficar e criar tumulto. Deixou a presença dos outros cainitas com um breve “com licença” e se recolheu em seu refúgio no escritório da Vestrue CO. Pouco lhe importava o que Catherine pensava a seu respeito; enquanto tivesse autorização para agir, assim o faria. Existem muitas outras frentes de guerra além da negociação direta com o principado, como as desapropriações, por exemplo. Henry ainda tinha problemas em obter a vitória na justiça, mas não desistiria até que saísse a tão aguardada decisão de despejo. Para ele, derrubar o poder vigente é muito mais que costurar alianças e manter inimigos próximos; é uma questão de mostrar força.

Na noite seguinte, Henry se reúne com alguns diretores da Vestrue para que lhe fossem passadas as atualizações necessárias, como a reação da mídia e da bolsa de valores à exibição do balanço da empresa e também ao anúncio das desapropriações. Ele sai da sala com ótimas notícias, acompanhado de dois assessores humanos – Henry não emprega carniçais no alto círculo da Vestrue. Seguem direto para o Edifício Calarram.

Uma ligação pelo caminho abriu as portas para que a comitiva subisse direto até o 14º andar. Henry poderia ter ficado reparando em como o edifício mediria o sucesso profissional de Victor, mas suas preocupações e prioridades são outras. Catherine à essa hora estaria chegando na Longue Vue para uma reunião da qual ele não poderia deixar de conhecer o conteúdo. Sua mente faz giros e traçados tortuosos a fim de encontrar uma ligação entre seus recursos e em como eles poderiam ajudar na obtenção dessa informação.

Com as mãos unidas atrás de seu corpo, demonstrando muita calma nas palavras, Freeman fala com um de seus assessores.

- Ligue para o senhor O’Reilly assim que sairmos do elevador. Peça que deixe uns homens à paisana em frente a Vestrue e que ele pessoalmente vá até a Longue Vue bater à porta. Quero vê-lo seguindo de perto a senhorita Blake. Também quero ser informado de qualquer ligação telefônica entrando ou partindo da mansão que seja captada por nossas escutas.

A porta do elevador se abre e o homem não tarda a fazer a ligação, ficando para trás em relação ao grupo. Henry se aproxima do balcão, mas é o outro assessor a falar com a secretária, a qual Freeman sequer se dignifica a reparar nas feições. Ela avisa que o senhor Victor estava sozinho na sala os aguardando, e após falar com ele no interfone, permite que entrem. Freeman ainda mostrava preocupação em seu semblante ao entrar na sala.

- Boa noite, senhor Calarram. - cumprimenta o advogado, provavelmente assustando-o por conta da temperatura gélida de sua mão – Desculpe, lavei a mão com água fria agora há pouco.

O comentário esdrúxulo – na verdade, a “desculpa esfarrapada” - mostra o quão desconcentrado ele está. Mas como detestaria que Victor notasse a perturbação e entrasse numa conversa de “o que lhe preocupa?”, resolve aliviar a expressão. Em seguida aponta para o assessor e a mala que ele trazia.

- Trouxemos o contrato para o senhor assinar. Não se preocupe, poderá fazê-lo ao término da reunião, antes de eu ir embora. Acredito que vai estar mais propenso a assinar.

Senta-se na cadeira mesmo que não tenha sido convidado a fazê-lo. E então Henry passa a olhar firmemente para Victor, como um verdadeiro homem de negócios. Um homem de negócios extremamente dominante, que transforma as palavras em uma obrigação a ser cumprida pelo outro.

- Eu quero que você acelere esse processo. Quero ver o despejo acontecendo amanhã à noite, entendeu? – amassa com força o indicador contra a mesa de Victor, demonstrando o quão sério falava – O tempo, nesse caso em específico, senhor Calarram, não é meu aliado; é meu inimigo. E eu gosto de vencer meus inimigos. Sei que você também gosta, e que por isso terá 100% de sucesso nesse caso.

Dispensa o assessor depois que o homem deixa a maleta sobre a mesa, ficando sozinho com Victor na sala. O tempo que essa ação durou serviu para o advogado dar respostas de praxe. Feito isso, Freeman prossegue.

- Contamos com dinheiro o suficiente para comprarmos quem quisermos, mas ainda sim temos um problema, senhor Calarram. – chega o corpo um pouco mais para frente – Eu não posso simplesmente lhe dar um contrato tão generoso, disponibilizar tanto dinheiro e expor ao senhor que a Vestrue tem seus segredos sem ter minhas garantias antes, não acha?

Em um único impulso violento Henry estica o braço e puxa o colarinho da camisa de Victor, trazendo o advogado para perto de si – ainda que quase tenho o feito “voar” sobre a mesa. Ele prende o olhar do homem com seus olhos dominadores.

- Abra a boca.

Fazendo uso dos poderes do sangue, Freeman emite uma ordem simples que não pôde ser recusada. Em seguida o vampiro aproxima o braço livre da boca de Victor e morde o próprio pulso, abrindo um pequeno filete por onde o sangue começa a pingar. A excitação com o momento faz com que Freeman acabe mostrando suas presas, o que poderia intimidar ainda mais o humano. Ele leva o corte no braço próximo à boca do outro.

- Beba.

Pouco esforço é feito pelo Ventrue. Após alguns goles ele solta Victor e se recompõe na cadeira, inclusive recolhendo as presas. Calmamente fica a observar todas as reações do advogado, só intervindo caso o mesmo começasse a fazer escândalo. Quando acabasse o estágio inicial daquela primeira experimentação de sangue cainita, Freeman prosseguiria com a reunião, desta vez com a certeza de que obteria a assinatura do maquiavélico contrato.

27Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Sáb Jun 16, 2012 12:31 am

Victor Calarram

Victor Calarram

Estava sentado observando o anoitecer. Quando o café terminou, voltei para a minha mesa e acionei interfone.

- Senhorita Smith! Por favor, providencie os documentos que mandei Donavam levantar ontem para mim. Obrigado!

Minha mente já retomava o seu trabalho frenético, pensando em todas as possibilidades para cumprir com serviço proposto pelo Senhor Henry Freeman na noite anterior. Decerto eu queria a Vestrue como cliente da minha carteira, e para isso não mediria esforços.

Pouco tempo se passou até que uma larga pasta de cor parda foi colocada a minha frente. De tão compenetrado que eu estava, nem percebi a entrada da senhorita Smith. No momento que eu apanhei a pasta ela me indagou.

- O senhor deseja mais alguma coisa?

Mantive-me calado, gesticulando lentamente com a cabeça enquanto encravava minha face nos papéis. Ela se retirou.

Analisei cada folha dos documentos lentamente, prestando o máximo de atenção nos detalhes, nas entrelinhas.

Após alguns minutos, caminhei até uma estante de livros situada no lado esquerdo da sala e retirei alguns livros. Sabia que tinha uma forma mais simples do que um embate processual para realizar a despejo, mas como todo advogado precavido, tinha que me certificar de que meu raciocínio não falhava, e que também não me pregava uma peça.

Retornei para a mesa, onde depositei os livros e passei a folhear. Depois de um tempo de consulta, retirei do suporte uma caneta, e da gaveta algumas folhas de papel. Finalmente eu tinha achado algo que eu procurava, e assim eu teria a ferramenta perfeita para instruir, não um processo judicial, mas sim um despejo administrativo de forma célere.

Comecei a rascunhar alguns trechos dos livros que eu achava essenciais, formulando o que eu iria apresentar para o senhor Henry quando ele chegasse.

No exato momento em que terminei de transcrever meu raciocínio, o interfone tocou. Era a senhorita Smith anunciando a chegada do senhor Freeman e seus assessores. Imediatamente autorizei a entrada em minha sala, dando ordem de que ninguém interrompesse a nossa reunião. Guardei o rascunho e a pasta com os documentos na primeira gaveta da mesa. Assim que escutei o barulho da porta se abrindo me levantei.

Adentravam na sala Henry e um assessor que trazia consigo uma maleta.

Eles se aproximam da mesa, a qual eu contorno para poder cumprimentá-los. Estendo a mão para Henry e este a recebe.

- Boa noite, senhor Calarram.


Segui o cumprimento.

- Boa noite, senhor Freeman. É um enorme prazer receber o senhor em meu escritório.


Sua mão estava fria como uma pedra de gelo, o que me causou estranheza, mas ele deve ter percebido isso em minha face e rapidamente justificou o porquê.

– Desculpe, lavei a mão com água fria agora há pouco.

Retornei ao meu lugar na mesa. Henry apontou para seu assessor e para a mala que este trazia.

- Trouxemos o contrato para o senhor assinar. Não se preocupe, poderá fazê-lo ao término da reunião, antes de eu ir embora. Acredito que vai estar mais propenso a assinar.

Ia convidar Freeman a se sentar, mas o mesmo tomou a iniciativa. Acompanhei seu gesto e me acomodei na confortável cadeira estilo presidente.

- Não me preocupo com contratos senhor Freeman, me preocupo em ter a Vestrue como cliente na minha carteira. Essa é a minha real preocupação no momento.

Sua expressão agora tomou forma de quem tem negócios importantes a tratar, e provavelmente ele iria falar sobre o despejo em massa a ser realizado no Garden District. A frase seguinte de Henry demonstrou que eu estava certo.

- Eu quero que você acelere esse processo. Quero ver o despejo acontecendo amanhã à noite, entendeu?

Henry estava realmente nervoso, mas se dependesse de mim o assunto já estaria resolvido, contudo não me deixou fazer manifestação alguma. Ele continuou sério, quase como se me desafiasse.

– O tempo, nesse caso em específico, senhor Calarram, não é meu aliado; é meu inimigo. E eu gosto de vencer meus inimigos. Sei que você também gosta, e que por isso terá 100% de sucesso nesse caso.

Terminada essa sua fala, Henry solicitou que o assessor se retirasse da sala, momento no qual retirei da gaveta o papel em que a pouco escrevia.

- Senhor Freeman, creio que já tenho a solução para seu problema. Basta o senhor ler este rascunho que acabo de fazer baseado nas leis vigentes em nosso estado, assim como nos julgados recentes da nossa suprema corte.

Levanto-me e estico meu braço entregando o papel para Henry.

Centro Empresarial - Página 1 Papel+escrit%C3%B3rio
(Papel entregue à Freeman)

Assim que ele pega o papel, começa a falar.

- Contamos com dinheiro o suficiente para comprarmos quem quisermos, mas ainda sim temos um problema, senhor Calarram.

Fiquei me perguntando a qual problema ele referia, mas no momento em que ele se levantou comecei a ter a idéia de que esse problema poderia ser eu. Meus olhos estavam atentos aos seus movimentos, bem como meus ouvidos. Ele se aproximou mais um pouco da mesa, inclinando o corpo para frente.

– Eu não posso simplesmente lhe dar um contrato tão generoso, disponibilizar tanto dinheiro e expor ao senhor que a Vestrue tem seus segredos sem ter minhas garantias antes, não acha?

Um pensamento passou em minha mente, e para ser sincero, foi o único pensamento que passou. O que esse homem estava falando era um ultraje a minha pessoa. Pronto foi só isso que passou em minha mente, pois nesse momento as coisas começaram a ficar cada vez mais estranhas.

Freeman de alguma forma segurou o colarinho da minha camisa e me puxou. O chão sumia abaixo dos meus pés me fazendo parar deitado sobre a mesa. Meus olhos estavam arregalados, fitando os olhos daquele homem. Alguma coisa acontecia comigo. Minha mente já não estava trabalhando aceleradamente como de costume. Parecia que algo a fazia esvaziar, algo parecia comandá-la. Quando já não tinha mais controle sobre mim mesmo Henry falou algo que para mim era a ordem mais absoluta. Não sei por que obedeci, mas assim o fiz sem ao menos questionar.

- Abra a boca.

Minha boca se abriu, e não sei por que não pude controlar esse ato. Henry aproximou o braço livre da sua boca e mordeu o próprio pulso, abrindo um pequeno filete por onde seu sangue começou a gotejar. Estava quase no meu limite mental tentando entender o que estava acontecendo quando aconteceu mais uns fatos aterrorizadores, os dentes de Freeman, para ser mais exato os caninos, tinham tomado a forma de presas. Eu tentei lutar contra a ausência de vontade que tomava conta da minha mente, mas foi em vão. Henry então levou corte braço próximo à minha boca e novamente ordenou.

- Beba.

O sangue penetrou minha boca, descendo por minha garganta. No início o gosto era indescritivelmente horrível. Sua textura era viscosa, sentia como se fosse vomitar, mas algo em minha mente me fazia continuar bebendo. Pouco a pouco o sabor se modificou em meu paladar, é quase impossível descrevê-lo, posso dizer que era tão bom quanto um vinho vetusto de ótima safra, ou até mesmo como o beijo doce que me fora dado na noite anterior por Annabeth.

Assim que ele retirou o braço de meus lábios, o sangue parou de escorregar pela minha garganta e algo aconteceu. Minhas entranhas começaram a queimar como se eu tivesse ingerido ácido. Sai de cima da mesa cambaleante, tentando gritar, mas minha voz tinha sumido. Somente consegui levar as mãos até o abdômen e cai no chão, me contorcendo de dor, tentando olhar para aquele homem, bem como tentando entender o que estava acontecendo comigo.

Henry estava ali parado, confortavelmente sentado me observando. Poucos minutos se passaram e a dor deu lugar a outra sensação. Eu me sentia mais potente do que nunca. Sentia em meu ser uma força que antes não existia, eu via Henry sentado e uma série de desejos incontroláveis se abateu sobre mim. Ao mesmo tempo queria matar ele, queria abraçar ele, queria destroçar ele, queria a sua companhia. Por um instante algo retirou meus pensamentos, algo monstruoso, vil e sórdido, algo que me assustou no principio, mas que em fração de segundos me fazia sentir seguro, pois o que me dominava não era nada alem do que é o ser humano, em sua forma mais primitiva. E assim que visualizei melhor não aceitei muito bem e lutei mentalmente para retomar o domínio sobre mim, sobre minha mente. Finalmente eu tinha conseguido, e agora sabia o que aquele homem, que nem sei mais se realmente é um homem ou alguma outra coisa, tinha feito algo comigo.

Levantei vagarosamente do chão. Primeiro apoiei minhas mãos, depois me levantei. Achei que precisaria fazer mais força para ficar de pé, tendo em vista os acontecimentos pretéritos, mas senti minhas forças totalmente estabelecidas. Olhei para Freeman, inicialmente querendo censurá-lo, mas o fato é senti uma forte simpatia pelo mesmo, chegando a pensar que o sujeito fez o que fez para o meu melhor. Mas mesmo assim iria precisar de algumas explicações pelo que tinha feito.

Retornei letargicamente para a minha cadeira, e assim que me acomodei, olhei para ele. Minha mente estava voltando a ser controlada por mim, e comecei a tentar entender o que havia ocorrido. Tentei encontrar respostas, mas não consegui, então só me restava indagar o provocador de tudo o que acabou de acontecer.

Por mais que eu achasse que estava com o controle sobre mim, o medo interior se sobressaia, bem como a fúria e a exaltação de ânimo que percorriam não só minha mente, como todo meu ser. Em tom de voz elevado, porém sem gritar, com entonação que mesclava a raiva com dúvida, iniciei uma enxurrada de questionamentos contra Henry Freemam.

- Quem é você? Ou melhor, o que é você? Vi seus caninos se transformarem em presas, e agora estão novamente como caninos. Por que me fez beber teu sangue? Porque não consegui resistir a sua ordem? Por que tudo isso acontece e por fim o que foi tudo isso? Quero explicações Freeman, eu preciso de explicações para conseguir entender o que aconteceu comigo nesse momento em que vivi coisas que nunca nem imaginei viver.

28Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Dom Jun 24, 2012 4:40 am

Henry Freeman

Henry Freeman
Ancillae

Henry perdeu a conta de quantas vezes praticou o “mal necessário”. Dar o vitae a Calarram tinha como propósito maior mantê-lo fiel para que não se desviasse do caminho reto, servindo também como um forte estímulo ao sucesso. Sem ser um grande conhecedor das habilidades de Victor, tampouco de suas características ou crenças pessoais, Henry consegue enxergá-lo apenas como uma ótima ferramenta a ser usada na guerra. E só.

Ver o homem se debater no chão trouxe algumas lembranças ao executivo da Vestrue. Ele mesmo serviu como carniçal por anos em um tipo louco de teste que o seu senhor promovia entre aqueles que julgavam ter o talento. Passou pelo treinamento à moda antiga, com disputas entre os candidatos que resultavam sempre em um final trágico para todos, exceto para o vencedor. Fosse levando à ruína monetária ou à desgraça pessoal, Freeman passou por cima de seus concorrentes até conseguir o Abraço. Depois de tanto sacrifício passado, ele não consegue enxergar outro que seja mais merecedor do Abraço; por isso que Catherine pode ter a idade que for, pode ter a fama que lhe deram que continuará a ter suas capacidades postas em dúvidas por Henry. Ao menos até que ela prove ser mais esperta do que ele.

Refeito das primeiras impressões do vitae, Victor emendou uma série de questionamentos frente a Henry. Este, por sua vez, continuava com a expressão imutável, inlcusive cruzando as pernas para demonstrar o quão senhor da situação se sentia.

- Comeu Shakespeare no almoço e o está arrotando agora? – faz um ruído com a boca indicando que estava decepcionado – Dentre todas as reações ao sangue que testemunhei até hoje você foi a mais poética. E isso nao foi um elogio.

Freeman retira um lenço do paletó que usava e limpa o corte do braço.

- Você está sob meu total comando agora, Victor. Falhar na tarefa que lhe passei não é uma opção. Revelar os planos da Vestrue também não é uma opção, muito menos contar ao mundo o que você testemunhou aqui hoje.

Termina de limpar obraço e dobra o lenço antes de guardá-lo de volta. Torna a olhar Victor, desta vez juntando as pontas dos dedos em um gesto de quem quer ser muito claro.

- Há muita pressão sobre suas costas. Além dos problemas normais em sua “excitante” vida, o contrato com a Vestrue lhe trouxe uma responsabilidade grande demais e que vai testar suas capacidades. Como se tudo isso já não fosse suficiente, você está tendo um encontro bem diferente comigo esta noite. – pequena pausa antes de retomar o raciocínio - Quero que esqueça tudo isso. Vencer na pressão, nas dificuldades, é o que os melhores fazem. De resto, precisa se lembrar do nosso pacto de segredo e sucesso. Tenha isso em mente e triunfe. Quem sabe você não ganhe uma ou outra explicação de minha parte. – fazendo referência ao ocorrido segundos atrás.

Henry se levanta. Estica o corpo para ficar o mais ereto possível e então ajeita a gravata que acabou pendendo para o lado esquerdo depois que fez o movimento de puxar Victor.

- Mas se você fracassar... Saiba que eu vou atrás de você onde quer que você se esconda. E dessa vez o sangue a escorrer não será o meu. – Freeman conclui a última frase com os olhos queimando de obstinação mirando o advogado – Não cheguei na posição em que estou hoje jogando conforme as regras padrões dos negócios, portanto, eu sugiro que leve minhas ameaças a sério.

Ele pega o contrato e o coloca na mesa de Victor. Mirava o olhar no advogado de forma intensa ao fazê-lo, como se dissesse “faça o que eu digo, ou...”.

- Assine.

Aponta para o papel veementemente e se vira em direção à saída do escritório. Do lado de fora encontra seus assessores, ordenando a um deles que ficasse e esperasse pela assinatura do contrato. Ao outro pede que o acompanhe em sua retirada do Edifício Calarram. Durante a descida de elevador aproveita para conferir o celular, na esperança de ter recebido notícias sobre a reunião na Longue Vue.

29Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Ter Jun 26, 2012 11:33 pm

Victor Calarram

Victor Calarram

O que está acontecendo? Esse era o pensamento que ocupava parcialmente minha mente naquele momento. Essa parte que era ocupada com tal indagação comandava, nada menos, que a contraparte racional do meu ser.

A outra fração da minha mente estava em conflito. Medo e raiva, admiração e rejeição, subserviência e orgulho, sentimentos que, por essência são divergentes, encontravam-se ali, disputando arduamente, o controle de minhas emoções.

O sangue parecia ferver em minhas veias, mas não sabia se isto era resultado dos bizarros acontecimentos pretéritos, ou se tinha por origem os conflitos internos de minha mente.

Fitei Henry, esperando que este me oferecesse resposta, de uma ou outra interrogação, das muitas que formulei a ele. Este, por sua vez, continuava com a expressão imutável, inclusive cruzando as pernas. Parecia que ele objetivava demonstrar o quão senhor da situação se sentia.

Por minha vez, mantinha as mãos apoiadas sobre a mesa, enquanto meus olhos fixavam-se cada vez mais aos de Henry, buscando entender, pelos seus traços faciais e expressões corporais, o que estava acontecendo naquele escritório, e principalmente, o que havia acontecido comigo.

- Comeu Shakespeare no almoço e o está arrotando agora? – foram as primeiras palavras emitidas por Freeman, desde que, os acontecimentos estranhos, provocados por ele, se iniciaram. Tais palavras foram seguidas por um ruído saído de sua boca. Henry parecia ter se decepcionado com algo. As palavras que seguiram tal som confirmaram esta impressão. – Dentre todas as reações ao sangue que testemunhei até hoje você foi a mais poética. E isso não foi um elogio.

Observei Freeman retirar um lenço do paletó que usava e limpar o corte do braço, corte pelo qual me fez sorver, seu sangue. A simples lembrança do sangue, entrando em minha boca e descendo pela minha garganta, acarretou em pensamentos que, invadiram como tsunami, as duas partes da minha mente. Já não havia conflitos.

Sim, o sangue! Ele era gélido e víscido. Uma nova sensação percorria meu corpo, sensação esta, contrária ao sentimento de repulsa. Prazer era o que eu sentia. Esse prazer que, digamos, assemelhava-se a lascívia, sentida durante o ápice de uma relação sexual. A minha mente era inundada por prazer a cada segundo que eu me dedicava pensando no sangue de Freeman, percorrendo minha boca e minha garganta.

Fui retirado de meus pensamentos, quando Henry, voltou a falar.

- Você está sob meu total comando agora, Victor. Falhar na tarefa que lhe passei não é uma opção. Revelar os planos da Vestrue também não é uma opção, muito menos contar ao mundo o que você testemunhou aqui hoje.

Falhar? Henry Freeman, realmente não me conhecia. Realmente, falhar não era uma opção. Eu não admitiria falhar. Eu não suportaria falhar. Essa repulsa por falhar, não tinha nada haver com aquele que estava, confortavelmente, sentado na minha frente. Fui educado para ser nada mais, nada menos, do que ser, simplesmente, o melhor.
Salvei a fortuna da minha família sendo bom, mas aumente, pois sou, o melhor. Pensei em falar isso para Henry, mas achei melhor manter este pensamento, só como pensamento. Era melhor que Freeman, não me conhecesse mesmo, pois do contrário, ele teria mais vantagem do que ele já demonstrou ter sobre mim.

Revelar os planos e objetivos da Vestrue, também não era uma opção para mim. Eu sou um dos mais respeitados entre os advogados de todo estado da Louisiana, e adquiri tal nível de respeitabilidade por não expor informações de meus clientes. Como objetivava ter, permanentemente, a Vestrue como cliente da minha carteira, bem como, manter o alto nível de respeito que possuía, era certo que os segredos, planos e demais embrolhos que cercassem a Vestrue, jamais seria propagado. Pensei em narrar esse pensar para Henry, mas novamente, achei por certo manter ele encravado em minha cabeça.

Quanto contar ao mundo o que acabou de acontecer, era certo que não o faria. Se para minha pessoa tudo aquilo parecia ser uma grande loucura, era mais que certo, que as pessoas iriam me intitular como louco. Um advogado que aparenta loucura, é visto como um indigno de confiança. Para um advogado, a confiança que seus clientes possuem por ele é, absolutamente, o liame que os conduz ao sucesso. Freeman poderia ter certeza, que nada seria dito. Mas preferi, mais uma vez, não pronunciar meu raciocínio.

Assim que Henry terminou de limpar o braço, dobrou o lenço e o guardou. Olhando-me, juntou as pontas dos dedos, em um gesto de quem queria ser muito claro no que iria dizer.

- Há muita pressão sobre suas costas. Além dos problemas normais em sua “excitante” vida, o contrato com a Vestrue lhe trouxe uma responsabilidade grande demais e que vai testar suas capacidades. Como se tudo isso já não fosse suficiente, você está tendo um encontro bem diferente comigo esta noite. – Concordava com tudo o que Freeman dizia ate ai, sobre tudo com a parte do “encontro bem diferente”. Acenava minha cabeça, positivamente, demonstrando que estava em concordância com sua fala. - Quero que esqueça tudo isso. Vencer na pressão, nas dificuldades, é o que os melhores fazem. De resto, precisa se lembrar do nosso pacto de segredo e sucesso. Tenha isso em mente e triunfe. Quem sabe você não ganhe uma ou outra explicação de minha parte.

Então, tudo aquilo que aconteceu fazia parte de um pacto! Ótimo. Eu já tinha ouvido falar em pactos de sangue, entre amigo, irmãos e traficantes, normalmente se usava uma agulha e coisas do gênero, para fazer verter o sangue e assim unir ele ao dos outros envolvidos no pacto, mas não em beber o sangue do outro. Outra coisa que nunca ouvi falar foi o que vi na boca de Freeman. Presas... Sim, eu vi presas, foi por um momento mas eu vi. Nunca tinha escutado que ao ingerir tal líquido (sangue), alguém teria uma reação, como a que vivenciei.

Como pensei momentos antes, Henry parecia não me conhecer. Quando meus pais morreram, tive que administrar o escritório e todo o patrimônio da família, lutando dia a dia pelo meu espaço, dentro do escritório que era do meu pai e que agora era meu. Lutar contra a desconfiança dos sócios minoritários, dos funcionários, e acima de tudo dos clientes que não conheciam minha competência. Quando finalmente me firmei como dono do escritório, e principalmente, como um ótimo advogado, tive que enfrentar nada mais, nada menos, do que aquela maldita batalha judicial, onde lutei para recuperar o dinheiro que o governo, descaradamente, afanou de minhas contas bancárias. Recuperei minha fortuna, praticamente triplicada, e por causa disso mostrei ao mundo que eu sou um dos melhores advogados do nosso país, e porque não dizer o melhor, tendo em vista que nenhum outro advogado conseguiu recuperar o dinheiro, roubado dos clientes, pelo governo.

Triunfar era o que eu, e visivelmente e ele, queríamos. Logo percebi pela entonação utilizada, bem como, pela escolha das palavras usadas em sua frase final, que aquilo deveria ser um teste, pois se conseguisse realizar os despejos de Graden District, ele me daria respostas sobre o que aconteceu.

Freeman levantou-se e esticou o corpo para ficar o mais ereto possível, enquanto ajeitava a gravata, que acabou pendendo para o lado esquerdo, depois que me puxou para cima da mesa.

- Mas se você fracassar... Saiba que eu vou atrás de você onde quer que você se esconda. E dessa vez o sangue a escorrer não será o meu. – ao concluir a última frase os olhos de Freeman pareciam queimar de tanta obstinação, enquanto me mirava meus olhos – Não cheguei na posição em que estou hoje jogando conforme as regras padrões dos negócios, portanto, eu sugiro que leve minhas ameaças a sério.

Depois da cena teatral ocorrida momentos antes, era certo que eu levava a ameaça de Freeman a sério, porem não me sentia amedrontado, pois eu conheço minhas potencialidades, bem como, sei que se não existe possibilidade de eu falhar, vez que sou o melhor advogado que conheço, logo, se eu não puder fazer isso, sei que ninguém mais fará.

Terminada aquela ameaça, nada velada, Henry pegou da maleta o contrato e o pousou em minha mesa. Seus olhos praticamente me disseram o que fazer, mas mesmo assim ele falou:

- Assine.

Após apontar para o instrumento contratual, ele simplesmente se virou e saiu da minha sala. Por mais que eu tivesse por praxe não assinar nada sem ler demoradamente, analisando cada linha e palavra do que se encontrava escrito, algo penetrava meus pensamentos, fazendo com que eu lesse somente de forma superficial e rápida cada uma das folhas, enquanto minha mão se encarregava de assinar cada uma das folhas do contrato.

O assessor enviado por Freeman adentrou a sala e esperou de pé, no lado esquerdo da mesa, enquanto eu efetuava as assinaturas. Finalizada a solenidade, entreguei o contrato para o assessor, que colocou novamente na maleta, e saiu porta a fora.

Sentei-me na cadeira presidente que se encontrava atrás de mim. Meus pensamentos momentaneamente se perderam. Não sei para onde foram. Passado alguns minutos, retornei a raciocinar. Pressionei o botão do interfone.

- Senhorita Smith! Por favor, venha a minha sala.

30Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Qui Jun 28, 2012 4:37 pm

Victor Calarram

Victor Calarram

Em pouco tempo lá estava ela, de pé na minha frente, segurando seu caderno de anotações.

- O que o senhor deseja? – falou ela esperando alguma ordem

Olhei demoradamente para seus olhos. Queria ter certeza de que ela prestava a devida atenção em tudo o que falaria, pois era de grande importância fossem executadas as instruções da maneira que eu iria falar.

Apoiei os cotovelos sobre a mesa, enquanto juntava e cruzava os dedos das mãos, postando o queixo sobre elas, sem perder de vista os olhos da senhorita Smith. E com um tom de voz ameno, porem sóbrio passei a ditar os afazeres para ela.

- Antes de tudo, a senhorita deve ligar para todos os sócios minoritários e informar que eu requeiro a presença deles imediatamente, e caso não venham estarão abdicando o direito que eles têm sobre as ações em meu favor, ou seja, serão excluídos da sociedade. Informe a eles que se trata de uma reunião emergencial. Depois a senhorita irá ligar para os demais advogados do nosso escritório e os demais funcionários que compareçam ao escritório agora. Quero todos trabalhando essa noite. Informe aos que não se apresentarem que estarão automaticamente demitidos. Comunique aos sócios reunião começara ás vinte e duas horas em ponto e nesse horário quero que os outros estejam aqui. Peça ajuda das demais secretarias do escritório para lhe auxiliar.

Nas mãos da senhorita Smith, o caderno de anotações era preenchido com todas as diretrizes ditadas. Assim que terminei de falar ele parou de escrever. Retirou os olhos do papel e voltou-se para mim.

- Mais alguma coisa Senhor?

Acenei afirmativamente, e retornei a falar a próxima sequência de atos que ela deveria providenciar.

- Providencie um almoço no Arnoud’s, com o juiz Willian e com o Chefe Charles. Antes de sair, por favor, apague as luzes. É só isso senhorita Smith.

Terminado o ditado de ordens, encostei as costas na cadeira e fechei os olhos. A senhorita Smith se retirou da sala. Perdi-me nos pensamentos. Ora imaginava Annabeth com seu doce beijo e corpo ardente, ora retornava a imagem de Henry, aquelas presas, o sangue e tudo o que ocorreu depois de ingeri-lo.

Reunião.

As horas passaram. A escuridão da sala era invadida pela balburdia que assolava o edifício. Ninguém sabia o porque eram chamados, de forma tão drástica, ao escritório. Era a primeira vez desde a existência do escritório, que ele trabalharia durante a noite, normalmente quem trabalhava era um ou outro advogado com causa emergencial e os seguranças do edifício.

Levantei e caminhei até o banheiro anexo a minha sala. Ajeitei o terno, a gravata, e o cabelo na frente do espelho. Lavei o rosto. Olhei o relógio. Faltavam três minutos para dar inicio a reunião.

Sai do banheiro e da sala. Caminhei a passos largos porem vagarosos até o lado externo da sala. Assim que abri a porta, os ruídos feitos pelas pessoas que ali estavam cessou. Todas as pessoas que se encontravam no corredor, de secretarias aos advogados empregados, tomaram uma expressão de susto. Não dei atenção para ele, e caminhei direto para a sala de reuniões do outro lado do corredor. Abri a porta. Os advogados que eram acionistas minoritários, estavam sentados em volta da grande mesa retangular de mogno escuro, quando cheguei levantaram-se.

- Boa noite senhores! Antes de qualquer coisa, obrigado por comparecerem. Prometo que serei breve. Por favor, sentem-se.

Todos se sentaram. A senhorita Smith entrou na sala, fechou a porta e foi ocupar seu lugar, em uma pequena mesa separada, para registrar em ata o que seria dito na reunião. Percorri a sala até meu lugar na cabeceira da mesa.

- Senhores! Chamei todos aqui hoje, pois tenho um comunicado há fazer. Essa noite foi assinei um contrato muito importante para todos nós. Essa noite a Vestrue Co. passou a integrar nossa carteira de clientes, e com isso adquirimos uma causa de grande importância. A Vestrue adquiriu uma grande gama de propriedades em Garden District, e agora pretende realizar o despejo. Tudo poderia ser muito simples, exceto por um detalhe, precisamos ser rápidos, portando quero ter uma resposta no Maximo, até amanhã à noite. Então vou passar as diretrizes para os senhores e peço que informem aos demais advogados do nosso escritório. Todo o nosso pessoal foi chamado para o serviço, o que deve facilitar o serviço para vocês. – Fiz uma pausa para poder analisar as expressões de todos os presentes. Pareciam atônitos. – Andei analisando alguns julgados, e descobri que podemos realizar o despejo por vias administrativas de forma mais ágil, contudo, sei que podemos realizá-la por via judicial também de forma célere, pois o despejo consiste em retirar do imóvel, aquele que não tem direito de propriedade e nem de possuidor. Quero que você acelerem os dois procedimentos, e que estejam finalizados amanhã a noite. – Eles me olharam com cara de espanto por eu saber essas informações, tendo em vista que sempre atuei em processos empresariais e não em processos de despejo, sendo este o primeiro despejo que o nosso escritório iria realizar. – Isso é tudo senhores!

Me dirigi para a saída da sala de reuniões. A senhorita Smith me acompanhou. No lado externo me voltei para ela. Encarando com seriedade.

- Não vi o Philip na reunião!

Esperava que ela me desse uma resposta dela. A expressão da senhorita Smith, estava muito alterada. Alguma coisa tinha acontecido. Com lagrimas nos olhos, e com a voz embargada ela falou.

- Falei com a mulher dele senhor. O senhor Philip esta morto. – Ela começou a chorar e entre soluços continuou. – Ele estava indo para casa de ônibus, como gostava de fazer... O ônibus bateu em um caminhão... O corpo esta no necrotério do Medical Center of Louisiana... A senhorita Clarice esta no hospital nesse momento e me informou de lá... O pelo que ela me informou, o corpo ainda não foi liberado, e nem tem informação de quando será. As lagrimas rolavam pelo rosto da da senhorita Smith.

A postura séria que a encarava tinha sumido por completo. A perplexidade tomou conta do meu semblante. Philip foi o primeiro sócio do escritório. Era um ultraje não ter ninguém para liberar o corpo de uma pessoa tão “digna” ele. Eu tinha que fazer alguma coisa.

- Senhorita Smith! Não fale a ninguém sobre isso, pelo menos por enquanto. Informe Demetre e Joe para trazerem meu carro. Vou até o hospital. Qualquer coisa me informe.

Ela não falou nada, simplesmente correu para sua mesa informar os dois descendentes de italiano. Percorri os poucos passos que separava a sala de reuniões da porta do elevador.


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31Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Qua Ago 28, 2013 5:05 am

Henry Freeman

Henry Freeman
Ancillae

“Sucesso parcial” é como Henry considera o plano Ventrue. Faltava-lhe ainda um cargo de destaque dentro do novo quadro político de NOLA para passar de “parcial” para “total”. Detestaria lutar tanto para acabar como um mero fazedor de reis; ele deveria ser o próprio rei, tanto quando a louca nunca deveria ter sido nada. Nasceu para ser grande, ator principal, não mero coadjuvante; esse fora um papel temporário, cujo prazo de validade acabara de expirar.

Dezenas de arranjos a serem feitos ainda eram assuntos de sua responsabilidade. É verdade que a Sr.ª Blake jurou Henry após sua tentativa em acumular poder. É verdade também que seu ego já não suporta mais a submissão. Apesar de tudo, não havia em Nova Orleans – ou mesmo dentre as fileiras Ventrue na costa sul americana – alguém mais indicado que ele para fazer a transição. Típico caso de onde é melhor você aceitar o trabalho indesejado e permanecer dentro dos negócios, do que seguir seus princípios e ser colocado de canto. Este é o motivo da inquietação de Henry nos últimos dias.

Outro fator que lhe aflige é o “fator Amelia”. Ela escolhera seu lado, o oposto, e se distanciara ainda mais de uma reconciliação. O porquê dessa decisão dos Tremeres é desconhecido para Henry, que desconfia de alguma grande história por detrás dessa aparente má escolha. Não dissera de sua desconfiança para ninguém; tem seguido suas noites em silêncio quanto à isso.

Desde o Baile de Máscaras que ele não sai de sua base no Centro Empresarial. Nesse ínterim fez apenas algumas visitas ao Judiciário por conta dos vários processos em que era parte. Apenas por duas vezes desviou seu caminho, e por dois motivos bem similares: uma visita surpresa ao escritório Calarram e a um certo grupo de mídia. A filial do Entertainment Group em Nova Orleans é dirigida por um rapaz chamado Derek Ramsay, aquele mesmo a qual Henry ajudou na saída do Baile. Alguns contatos telefônicos, convites para visitar a sede da Vestrue e essa amigável visita surpresa foram suficientes para torná-los um pouco mais íntimos, e com a ajuda de uma sempre confiável rede de informação – e um ou outro uso de disciplinas vampíricas – a doença do jovem CEO se tornou conhecida pelo Ancillae.

Dois aliados e espécimes em potencial. Victor Calarram controlava um dos grandes escritórios de advocacia da Louisiana e Derek Ramsay tinha o poder de influenciar multidões. O advogado conseguiu o despejo da antiga Camarilla e seguia uma rotina como Henry gostava. O sangue que lhe fora dado o despertou para a iniciação da vida eterna, e, até agora, ele tem se saído bem. Derek que seguia sendo a grande dúvida de Henry. Ele deveria ser controlado, mas o quão forte esse controle pode ser? Mantê-lo como um carniçal atrasaria a doença, mas inevitavelmente a morte chegaria. Ademais, tempo é algo valioso para o Ventrue, podendo ser o diferencial entre ter um grande futuro ou ser relegado ao esquecimento; tornar-se uma “nova Catherine Blake” ou igualar-se à Helena de Vries. O momento de tomar a decisão se aproxima.

Esta noite ele jantará. Não de verdade, logicamente, mas como uma oportunidade de negócios. A Victor, disse que faria o pagamento final de seus serviços advocatícios. Já para Derek, disse ter uma proposta de negócio que mudaria a vida dele por completo. Certamente que não incorrera em mentira alguma, como era de se esperar de alguém com o seu caráter.

Contratara os serviços de uma personal chef, que preparara um delicioso ensopado de vitela à provençal, acompanhado por batatas com alecrim e alho e uma torta de limão como sobremesa. A comida estava cheirando muito bem na cozinha particular do prédio da Vestrue. Freeman esperava pelos seus convidados sentado na mesa de jantar, onde apenas havias os candelabros e talheres perfeitamente dispostos, conforme manda a etiqueta. Embora estivessem longe de parecer um restaurante cinco estrelas, o local servia como exemplo perfeito de um jantar para executivos.

Freeman tinha as pernas cruzadas e apoiava um notebook sobre o triângulo que elas formavam. Trajava o seu melhor terno, um Saville Row cinza escuro feito por encomenda e que lhe custou a bagatela de sessenta mil dólares. A única luz existente no ambiente era a que vinha da tela do note e dos prédios vizinhos, o que tornava apenas o seu rosto visível. E o rosto permanecia impassível enquanto ele repassava dados financeiros de algumas operações particulares...

32Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Sex Ago 30, 2013 1:34 pm

Victor Calarram

Victor Calarram

Durante o mês as coisas estiveram bem propicias aos meus negócios. Depois  algumas manobras administrativas e de uma acalorada discussão no tribunal, finalmente as desapropriações requisitadas por Henry Freeman tinham sido realizadas. As desapropriações ainda ocupam as primeiras paginas dos jornais, e se tornou noticia em todos os canais de televisão. A publicidade positiva que trouxe ao meu escritório só não foi maior que a publicidade que trouxe para minha pessoa. Durante o ultimo mês o escritório não dormia, e noticias de todos os escalões chegavam até meus ouvidos. Talvez a mais preocupante para meus negócios tenha sido a noticia que Donavan me trouxe na tarde seguinte ao Baile. Ann Smith, a jovem filha da advogada Samantha Smith, encontrava-se internada em uma clinica de reabilitação, após um ataque de fúria ocorrido naquela manha. Donavan não me informou de mais detalhes, mais instrui ele que assim que a jovem deixa-se a clinica, deveria me informar, pois muitas coisas poderiam ainda estar em jogo, tendo em vista que a jovem sabia de muitas coisas. Além do mais eu tinha feito um acordo com ela, e um homem em minha posição não pode se dar ao luxo de ter duas palavras. A jovem seria minha Assistente pessoal como tinha lhe dito, e em troca eu lhe permitiria buscar coisas do mundo oculto e quem sabe pudesse tirar alguma vantagem e informações sobre duvidas que ainda intrigavam a minha mente.
Já encontrava-se no meio da tarde. Minha sala Encontrava-se iluminada parcialmente pelo sol. Estava entretido alguns documentos buscando uma solução para realizar a compra do manicômio sem que ele fosse para leilão. Consegui uma ordem judicial para que o leilão no fosse realizado pelo prazo determinado pela prefeitura, mas a ordem judicial poderia cair a qualquer minuto.

A secretária adentrou o recinto trazendo uma xicara de café.

- Aqui esta o café do Senhor.  – ela parou por pouco tempo me olhando, colocou a xicara sobre a mesa e prosseguiu sua fala. – Devo lembrar ao senhor que tem um encontro o Senhor Henry Freeman na noite de hoje, e este se dará na sede da Vestrue.

- muito obrigado pelo café e pela informação. – Exclamei sem retirar os olhos dos documentos que tinha nas mãos.

A Secretaria saia da sala quando Donavan chegou. Muito cavalheiresco, ofereceu passagem a senhorita Smith e assim que ela cruzou a porta, ela a fechou.

Donavan não costuma aparecer no escritório sem ter alguma informação importante, então tratei logo de colocar os papéis na mesa. E observar o que ele tinha a dizer.

-Senhor Calarram, a jovem senhorita Ann Smith deixou as dependências da clinica na manha de hoje.

Fitei por um segundo os olhos de meu mordomo e amigo, antes de lhe dar as instruções.

- Donavan, quero impressionar essa jovem, tenho alguns planos para ela, bem como quero ajudar essa pobre alma a nunca mais ir parar em um local como aquele. Portanto providenciasse que Demetre vá até a residência dela, com o carro e a traga para assumir as suas funções aqui no escritório.  – Me levantei da cadeira e me dirigi ao banheiro, mas antes de adentra-lo terminei as instruções.– Lembre que no carro deve existir um buque de rosas e uma cesta de chocolates e uma champanhe sem álcool, pois essa jovem no momento não deve estar bebendo nada que a faça ter uma recaída.

Donavan virou nos calcanhares e se dirigiu a saia, enquanto me dirigia ao banheiro, me arrumar para os eventos que não tardavam a acontecer.

33Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Qua Set 04, 2013 10:40 am

Ann Smith

Ann Smith

É possível mãe e filha voltarem a conviver normalmente depois do que aconteceu entre nós na noite do baile? Acho quase impossível. Eu tinha voltado da clínica naquela manhã e, assim como nas vezes em que ela foi me visitar lá, a gente sorria uma para a outra de um jeito artificial e conversava num tom de certa formalidade, mesmo usando termos coloquiais. É claro que eu já tinha pedido desculpas mil vezes, mesmo ela não tendo se desculpado comigo pelo que falou.

Mas meu gesto de compreensão não bastava para normalizar as coisas do lado dela. Do meu lado, tinha sentimentos contraditórios: quando me recordava do que fiz, sentia muita culpa; quando lembrava do que ela disse, a raiva começava a ressurgir.

E agora ela agia como alguém que precisa cumprir o dever de ajudar um doente pelo qual se sente responsável, não como a mãe extremamente amorosa e preocupada que sempre foi. Eu ia ter que andar na linha dali em diante, pois qualquer descuido e ela me mandava de novo pro hospício. Uma vez por semana, ia fazer exame de urina pra garantir que não tava fumando maconha e, obviamente, não podia beber nada de álcool.

Logo que acordei, tive de tomar os comprimidos na frente dela e escancarar a boca depois pra ela ver que eu engoli, igualzinho na clínica. O pior é que, como íamos trabalhar no mesmo prédio, ela ia fazer a mesma coisa comigo no meio da tarde, todo dia! Uma humilhação atrás da outra.

Apesar disso, até que aquele dia não foi tão mal. Enquanto eu fazia a maquiagem para ir pro trabalho, tocaram a campainha. Ela foi atender e me deu uma ótima notícia.

- O sr. Calarram é muito atencioso… Mandou um carro com motorista para te levar ao trabalho.

- UAU! É mesmo?


Parei tudo e fui correndo ver como era o carro. Quando olhei pela janela da sala, porém, aquela intrometida dos infernos foi logo cortando meu barato.

- Não tem sentido eu ir no meu carro se você vai em outro pelo mesmo caminho. Creio que o sr. Calarram não vai se importar de eu ir com você, já que se trata de uma questão profissional, não é mesmo? Avise ao motorista para ele esperar cinco minutos enquanto eu termino de arrumar a minha pasta.

Eu disse "OK" e, assim que ela saiu, fui correndo até o carro.

- Boa tarde, seu motorista! Por favor, vamos imediatamente que eu quero chegar o mais cedo possível no meu primeiro dia.

Tinha cabimento eu chegar num carrão daqueles com a mamãe a tiracolo!

Assim que me acomodei no banco, vi que o Victor tinha me mandado alguns mimos. Demais! Se bem que os bombons eu não podia comer, então fiz de conta que nem vi. Tinha que voltar pra malhação urgentemente e ainda fazer uma lipo pra apressar as coisas. Falando a verdade, eu nem queria começar no trabalho antes de resolver isso, mas achei que, quanto mais tempo demorasse pra assumir o cargo, mais o Victor ia pensar que eu tenho mesmo algum distúrbio, quando tudo não passou de uma explosão de raiva motivada por aquelas palavras e provocações horríveis. Talvez fosse menos ruim ele me ver com uns quilinhos a mais do que achar que eu tô maluca.

Passei direto pras flores. Há quanto tempo eu não ganhava um buquê? O Victor não brincava mesmo em serviço. Por fim, estiquei as pernas no banco de trás do carro, abri a champanhe e bebi uma taça. Era gostosa! A decepção só veio quando li o rótulo e fiquei sabendo que era champanhe de criança: sem álcool! Achei esse cuidado muito fofo, mas me chateou ver que ele também tava me tratando como doente.

Ah, não importa! Saí do carro em direção ao Centro Empresarial com o buquê na mão, me sentindo o máximo. Fazia tempo que eu precisava disso! Entrei na sala do Victor carregando as flores diante de mim. Cheirei elas ao agradecer pelos presentes e, em seguida, fui logo adiantando o assunto desagradável.

- Eu sei que não estou com uma apresentação à altura de alguém que precisará representá-lo em certos eventos, mas, sabe como é, fiquei um mês sem me exercitar e esses malditos antidepressivos dão ganho de peso. Mas fique sossegado que, em pouco tempo, eu serei uma assistente exemplar também no que diz respeito à aparência.

Logo mudei de assunto, que aquela conversa sobre peso me deixava mal.

- Bom, então é aqui que você trabalha? Vejo que a sua mesa de mogno é bem espaçosa...

Disse aquilo pensando em voz alta, mas prefiro não entrar em detalhes.

- Mas, então, qual será minha primeira tarefa? E será que ela me levará a descobrir alguma coisa… interessante?

34Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Qui Set 19, 2013 6:04 pm

Victor Calarram

Victor Calarram

Demorei um pouco me arrumando no banheiro. Assim que sai do recinto me dirigi até minha mesa, mas antes de ocupar meu lugar, a porta principal do escritório foi aberta, e por ela passou a bela e loira, senhorita Ann Smith, trazendo em suas mãos o buque de flores que tinha mandado comprar para ela.

Escutei as palavras dela com atenção, não sem antes analisar minuciosamente aquele belo corpo. De pronto percebi que ela tinha o rosto levemente arredondado, mas não teria notado que era por ela ter engordado se ela não tivesse falado. Para ser sincero, ela estava estonteante.

Perdi-me por alguns instantes na beleza daquela jovem, mas minha atenção foi novamente  retomada quando ela falou:


- Mas, então, qual será minha primeira tarefa? E será que ela me levará a descobrir alguma coisa… interessante?

Lembrei que do compromisso com Freeman, de certo ela iria gostar e quem sabe ela veria algo que ela quisesse ver. Olhei para Ann, e percebi que ela estava trajando roupas plenamente de acordo para a ocasião, ela poderia estar me acompanhando no jantar.

- Olá Sra. Smith! Peço a permissão para lhe tratar por Ann, Sra. Ann, pois minha secretária, por obra do destino tem o mesmo, respeitável sobrenome.

Fitei seus olhos, esperando sua resposta, e assim que a obtive continuei.

- Bem minha cara. Hoje tenho um jantar o com o Senhor Henry Freeman, Chefe da Vestrue. Creio que esta é uma das ocasiões que você possa encontrar algo de interessante. Sendo assim a sua primeira função é acompanhar-me nesse jantar.

Pego alguns papéis que estavam sobre a mesa, coloco na primeira gaveta da mesa, tranco ela com a chave e a guardo no bolso interno do meu blazer. Pego o pego o telefone. Olhando para Ann.

- Sra. Smith. Peça para Joe, aprontar o carro. – Estava retirando o telefone do ouvido, quando lembrei de algo. – Ah! Por favor, informe a Dra. Samantha, que a Jovem Sra. Ann, estará comigo na noite de hoje em um jantar e suma importância para o Escritório, e como minha assistente pessoal, ela me acompanhara durante todo o evento, sendo que eu mesmo a levarei até a casa onde residem assim que o compromisso termine. Obrigado!

Dei a volta na mesa. Me aproximei de Ann,  ficando face a face.  Olhei profunda mente seus olhos.

- Creio que os pormenores já estão ajustados.  – Dobro os meu braço direito um pouco afrente de meu corpo ofertando ela a loira. – Se me der a honra, podemos ir
.

35Centro Empresarial - Página 1 Empty Re: Centro Empresarial Sex Out 04, 2013 2:50 am

Henry Freeman

Henry Freeman
Ancillae

- Vejo que trouxe uma das senhoritas Smith consigo, Victor.

A voz de Henry vem diretamente da escuridão. Não havia uma luz sequer ligada naquele andar; o resquício de luminosidade era proveniente apenas da lua e dos prédios vizinhos, e era suficiente para que pudessem ao menos caminhar sem esbarrar nos obstáculos entre eles e Freeman.

- Estou aqui, na mesa ao fundo.

Guiados pela voz, conseguem encontrar Freeman sentado à mesa grande, com pratos e talheres postos. Apenas sua silhueta era visível.

- Por favor, sentem-se. Não posso impedir que achem a situação estranha ou que se sintam acuados de alguma forma. Entretanto, eu garanto que estamos aqui sim para tratar de negócios. – seus dedos batem firme contra a mesa por duas vezes – Luzes.

Pequenas lâmpadas colocadas exatamente no teto ao redor da mesa se acendem e iluminam parcialmente o ambiente. Apesar da claridade, a sala em si parecia muito estéril e sem vida. Os móveis e utensílios eram pretos ou brancos e de desenho reto, não havia quadros ou plantas decorativas. Tudo estava novo, limpo e padronizado em suas formas.

Henry apoiava um cotovelo no braço da cadeira onde sentava, e com os dedos desse braço apoiava o queixo. O outro braço continuava esticado na mesa, tamborilando sua superfície suavemente. A cadeira girava devagar de um lado para o outro, impulsionada pelo movimento das pernas. Ele olha com firmeza para Ann e depois para o advogado.

- Você não devia tê-la trazido aqui esta noite, Victor. São regras do mundo dos negócios, você deveria saber. Mas agora pouco importa. Por conta desse desvio de conduta, eu deixarei parte de seu treinamento para depois. Encare como uma forma leve de punição. E você... – olha novamente para Ann – Quieta.*

Calmo e imperioso. Agora não precisaria mais se preocupar com interrupções por parte da jovem.

- Da primeira vez que lhe dei meu sangue, eu prometi lhe dar uma explicação quando você completasse o trabalho. Pois bem, escute com atenção.

Desfazendo sua postura anterior, Freeman coloca os dois antebraços sobre a mesa e entrelaça os dedos. Tinha total atenção ao advogado.

- Temos muitos nomes. Alguns de nós se irritam com certas nomenclaturas, principalmente as mais modernas e romantizadas, mas eu, particularmente, não me incomodo. Eu sou um daqueles que vocês chamam de vampiros. Além de agir à noite e de precisar de sangue para “sobreviver” – aspas acentuadas ao pronunciar a palavra -, eu posso doar meu sangue para uma pessoa voluntariamente, e com isso lhe ceder um pouco de meus poderes. É exatamente por isso que você tem se sentido fisicamente tão bem. A sensação de poder também é boa. Mas há uma coisa que lhe incomoda: “por que você sente tanta admiração por mim”? Tem se questionado, inclusive, se poderia ser paixão por outro homem o que sente. Não estou certo, Victor?

- Estou certo de que tem suas próprias teorias dentro de sua cabeça. – Henry aponta para a têmpora e toca com o dedo indicador nela – O tempo responderá todos elas. Se você conseguir ter sucesso nesse início, terá também mais respostas minhas. Mas, por ora, a pergunta que precisa ser respondida nesse momento é: “é isso o que eu quero pra mim”? Uma eternidade de sucessos, fracassos e maldições? “Conseguirei me privar de tanta coisa assim”? Bem, senhor Victor Calarram, eu tomei a liberdade de fazer essa escolha por ti.

Sem descolar os olhos do advogado, Henry chama alguém próximo à porta de entrada com um gesto de mão. Joe aparece ao lado de Victor. Ele saca uma arma do coldre colado ao peito e aponta para Ann. Estava subentendido que ela não deveria sequer se mexer.

- Eu preciso de ti, Victor. Preciso de ti ao meu lado. Esses são tempos turbulentos, onde um furacão de acontecimentos pode definir o nosso futuro para o melhor ou para o pior. Eu preciso ter alguém do meu lado para poder passar por isso.

A voz e a postura de Freeman agora pareciam muito mais como a de um pai, de um amigo. Ele tinha certa ternura na voz ao falar com seu pupilo. Nenhuma palavra precisou ser dita naquele minuto inteiro em que se olharam; um era parte do outro, compartilhavam o mesmo sangue em suas veias. O poder do vittae os unia.

- Lembra-se de quando eu disse que você quebrou uma regra ao trazer essa jovem para cá? Pois bem, eu preciso que me faça mais uma coisa, Victor. Joe é fiel à mim, pelo sangue. Fiz isso sem que você soubesse. No entanto, ele pode voltar a ser seu depois que você sofrer a transformação. Ann Smith é a outra pessoa que sabe do nosso segredo. – Henry faz uma pausa para que Victor consiga acompanhar as suas palavras e adivinhar o final da história em sua mente – Quando acabarmos deverá escolher um deles, enquanto que eu ficarei com o outro. Agora sim, vamos para um local mais retirado.

Os dois se levantam da mesa e começam a caminhar ao mesmo tempo para a sala de Freeman. Não cabia à vontade de Victor decidir se obedeceria ou não a Freeman; ele sentia um dever segui-lo até o inferno, praticamente uma obrigação. Um após o outro eles entram no escritório e a porta é fechada. Na semi-escuridão do cômodo, Henry estica a mão em cumprimento para o advogado.

- Que seja selado o nosso acordo.

Mal se tocaram civilizadamente. Freeman puxou Victor pela mão para perto de seu corpo. Seus dedos pareciam de aço: fortes e gelados. Com a outra mão suspendeu a manga do terno do advogado e cravou os caninos em seu antebraço. O sabor do seu pupilo era doce, muito saudável. Freeman sugava o sangue com força, sentindo os batimentos cardíacos de Victor se acelerarem cada vez mais. Quanto mais sangue bombeava o coração, mais a besta queria para si. A entrega foi tão grande que em poucos segundos o senhor Calarram havia se tornado um reservatório vazio; sua pele já não tinha vida e seus sentidos começavam a cessar. Quando a besta se viu satisfeita, largou o braço do outro e este caiu ao chão como uma fruta madura. Agachando-se, Freeman ficou ao lado de Victor. Tocou-lhe os lábios com os dedos, subiu até os olhos e os fechou. Sentiu naquele momento um misto de alegria e melancolia muito grande. Estava feito. Agora a nova vida precisava ser dada. Fez crescer sua unha e cortou o próprio pulso superficialmente. O sangue escorreu direto para a boca do advogado. O demônio se levantou, deu uma última olhada no cadáver ao chão e se retirou da sala, voltando para a companhia de Joe e Ann. Ficaria a esperar pela volta do novo Victor Calarram.


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* Uso de Dominação

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