Vampiro: NOLA
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Audubon Park

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1Audubon Park Empty Audubon Park Sex Jun 17, 2011 6:07 am

Mestre de Jogo

Mestre de Jogo
Admin

Audubon Park Ap_joggers

Audubon Park: o Céu na Terra.

Muitos assim definem o paradisíaco parque, repleto de belezas naturais e de incrementos luxuosos. Para usufruir completamente do parque você deve pagar uma pequena quantia por mês aos proprietários, momento em que estará liberado para curtir o mega salão de festas, de jogos, piscinas aquecidas, saunas, campo de golfe, café, teatro, quadras poliesportivas... ufa! Mas não se desespere, visitante eventual.

A parte gratuita do parque abrage uma extensa área verde de lindas paisagens, estábulos, zoológico, aquário, insetário, banheiros públicos e parquinhos para crianças. Nada mal. Há ainda uma área de grama rasteira propícia para a prática do camping e/ou piqueniques.

Audubon Park Swings_ap

Durante a semana a prefeitura oferece aulas gratuitas de ginástica e musculação. Para as crianças, show com palahaços e oficinas de basquete, baseball e futebol. Para os namorados, balanços confortáveis foram instalados em pontos estratégicos.

A segurança privada empregada no parque não evitou uma série de desaparecimentos durante os últimos anos. A maioria dos casos ocorreu durante a madrugada, gerando boatos de monstros que espreitam por entre as belezas naturais da área. Apesar dos poréns, o Audubon continua muito bem frequentado e conceituado, principalmente quando as histórias ruins costumam ser desmentidas veementemente.

Visite e se apaixone - mas não esqueça de se tornar sócio!


Entre no site do AUDUBON INSTITUTE.

https://nola.forumeiros.com

2Audubon Park Empty Re: Audubon Park Ter Ago 14, 2012 12:30 pm

LeRoy Blanchard

LeRoy Blanchard

Continuação de: Arnaud's Restaurant

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Deixou o restaurante procurando descobrir como foi que se deixara cair em tamanha cilada. Teria agora pelo resto de sua vida um louco exigindo favores e sabe-se lá como iria fazer para recusar. Não sabia o que era realmente o negócio que ele praticava, mas boa coisa não deveria ser. Talvez fosse traficante de drogas, cafetão... talvez fosse apenas um empresário desviando dinheiro. De qualquer forma, O’Connor era justamente o tipo de gente que por toda a sua vida evitara se meter. Tanto cuidado para porra nenhuma.

Dirigiu noite a dentro, virando aqui e ali, deixando que suas mãos e pés, sem restrições, o levassem para um lugar qualquer. Estava irritado, muito irritado. Devia ter recusado todo e qualquer envolvimento com o sujeito. Foda-se exposição, foda-se tudo. Mas não, ele tinha que querer colocar os quadros a venda, ele tinha que querer o dinheiro. Sentia-se uma maldita prostituta.

Quando o carro parou, estava na entrada do Audubon Park. Estranhou estar ali. Muitas vezes aparecia por ali para pintar paisagens e fazer estudos de luz. Era um bom lugar para se desligar do mundo lá fora. Das misérias diária do French Quarter, onde ficava seu ateliê. Adoraria residir no Garden District, mas infelizmente, um apartamentinho minúsculo era o que poderia pagar se quisesse subsistir apenas da venda de suas peças. Deveria ter nascido no Renascimento, quando ser pintor era uma atividade relativamente bem remunerada. Bastava cair nas graças de um nobre qualquer e ele o pagaria e sustentaria para que pintasse o que quisesse. Se bem que para LeRoy, tal possibilidade poderia ser esquecido. O máximo que conseguiria com sua pele negra seriam trabalhos ingratos próprio para escravos.

Desceu do carro e foi ao porta malas onde tinha dois de seus quadros cuidadosamente embalados. Trouxera-os caso o puto do O’Connor quisesse ver uma de suas peças com seus próprios olhos, ver de perto a textura de suas pinceladas, o modo como misturava as cores. Mas hoje quem é que se importa com arte? Quem é que tem a capacidade de parar por dois minutos e apreciar uma pintura. Putos!

Pegou as pinturas, bateu a porta da mala, acionou o alarme, trancando o veículo e adentrou ao parque. Caminhou até uma parte mais afastada, porém ainda iluminada.

Atirou os quadros no chão e pôs-se a desfazer as embalagens cuidadosamente feitas antes de sair de casa. Arrancou o papel kraft e o plástico bolha. Olhou para os quadros. Um era o retrato de uma velha, mulata, com os cabelos crespos, enrolados para cima e enfeitado com flores coloridas. Atrás dela muitas cores explodiam, lindas e vibrantes. Em formas fluidas e orgânicas. Era um cenário feliz. Mas que constrastava com a expressão da velha. Triste e magoada e usava roupas escuras. O que pensara quando imaginara aquela imagem? No vazio que toda e qualquer pessoa carrega. Não importa o quão perfeita seja a vida, o mundo. Sempre há algo que falta.

O outro quadro era a imagem de uma festa, sob o céu noturno, estrelado, pessoas dançando sob o chão de terra, com os pés descalços e os braços para cima. Suas roupas balançavam muito, de modo que algumas deixavam a mostra parte de seus corpos. Naquele quadro reinavam os tons de amarelo, laranja e vermelho encarnado e o céu preto com estrelas brancas.

Nos dois quadros as traçadas eram firmes e vigorosas, quase varrendo a superfície da tela. Com contornos nítidos. A textura da tinta era visível e o relevo produzia sombras, que davam um aspecto sujo às imagens. Eram boas pinturas. Mas será que eram excelentes? Será que valeria mesmo a pena vender-se de tal forma em nome de uma fama talvez não passasse de um desejo fútil e inalcançável? Talvez devesse deixar tudo de lado e procurar trabalho como professor de artes numa escola qualquer. Ao menos teria um salário fixo, estabilidade e saberia que poderia sustentar sua mãe, que não mais podia tirar seu sustento da máquina de costura. Talvez devesse se render e desistir.

Meteu as mãos do bolso e tirou uma carteira de cigarros. Raramente fumava ou se drogava, mas às vezes ele gostava de ver sua percepção se alterando a fim de exercitar novas maneiras de absorver o mundo. Ultimamente andava evitando tais práticas, nem mesmo baseados fumava mais, pois não encontrava a erva pura do jeito que gostava. Talvez estivesse precisando mesmo daquilo. Mas agora um cigarro teria que bastar. Acendeu o cigarro com o isqueiro e ficou a olhar seu quadros.

Eu sou um pintor de merda. — Disse com clareza para ver se entrava em sua cabeça e desistia de toda quela bobagem. Em seguida jogou o isqueiro sobre o quadro da velha. Porém, o isqueiro queimou por apenas alguns segundos e o vendo o apagou. Se quisesse se livrar de seu trabalho teria que ser mais insistente.

3Audubon Park Empty Re: Audubon Park Qua Ago 15, 2012 11:22 am

Ivica Romanova

Ivica Romanova
Ancillae

I V I C A



Deixara a Longue Vue para trás. A obrigação de receber convidados e fazer as honras da casa passou, restando à pequena um tempo vago em sua atribulada agenda. Precisava de um momento só seu para espairecer a cabeça, pois a Danse Macabre por vezes pode ser bem cansativa - como de fato tem sido. O local escolhido foi o Audubon Park e suas atrações diversas.

A escuridão da noite é quebrada apenas pelos esparsados postes de ferro fundido ao estilo francês que acompanham a trilha principal em boa parte de sua extensão. Quadras, salões, campos, piscinas e demais locais “fechados” possuem uma iluminação maior, o que não os torna interessantes aos olhos de um cainita. As trilhas principais e secundárias, escuras e vazias, é por onde a criança-vampiro inicia sua caminhada solitária.

Substituiu os vestidos de modelos formais que utilizara nas noites anteriores por algo mais infantil. A camiseta preta com renda transformada em manga, adicionada de uma saia rosa de bolinhas transformou o conjunto em um vestido moderno, com o laçarote nas costas unindo as duas partes (imagem). Nos pés a opção foi por uma sapatilha com detalhes de “babadinho”, confortável o suficiente para uma eventual corrida – ou perseguição à presas (imagem). Um figurino bem confortável que a permitia apreciar a noite selvagem do Audubon sem maiores preocupações.

Ivica vinha andando pela trilha de asfalto descompromissadamente. Sua estatura diminuta a tornava ainda mais imperceptível entre o escuro e as árvores que a rodeavam. Mais de um século de existência pesava sobre seus ombros, mas a imagem que sua figura transmite é a de uma delicada menina que está a andar sozinha em um local perigoso tarde da noite. Disfarce melhor não há. Aproveitava o momento de paz e tranquilidade para apreciar a natureza, tão bela quanto a arte humana. Sente falta de não poder mais respirar, pois adoraria colocar aquele ar gelado para dentro de seu corpo, ventilando sua alma, reciclando seu espírito. Contenta-se com o cri-cri incessante de longínquos grilos espalhados pelo gramado e com a brisa que varre seu rosto e faz tremular seu vestido. Essa mesma brisa traz dois odores distintos: homem e fogo. Sim, encontrara o motivo verdadeiro pelo qual escolhera o parque.

A trilha tornou-se o caminho torto. Seus instintos de pequena predadora a instigam a deixar o caminho asfaltado, o que a leva a buscar refúgio atrás de uma das árvores próximas. Ela sequer correu; simplesmente fez menção corporal em ir até o local e de repente já estava lá, graças à incrível velocidade com que se move. As mãozinhas seguram a casca e o rosto se projeta do lado do tronco ao buscar pela imagem que representa aquele cheiro. Trata-se de um homem negro que trazia consigo duas pinturas. Aparentemente ele tentou colocar fogo em um dos quadros, e aquilo atiçou a curiosidade da criança. Não se trata de um ladrão, visto que estava tentando destruir as obras de arte. Um pintor frustrado ou um amante de coração partido são as hipóteses que ganham força junto à Ivica, sendo qualquer uma delas bem atraente. Teria que olhar mais de perto.

Árvore após árvore, ela praticamente se teleportava cada vez mais para perto do negro. Em poucos segundos Ivica estava em pé na trilha principal a apenas alguns metros dele, às suas costas. Com as mãozinhas unidas à frente do corpo, fala com sua gostosa voz de criança de maneira abrupta, visando assustá-lo com sua presença. Adorava ver a cara deles depois disso.

-- Com licença, senhor. – diz, já esperando pelo sobressalto –- Por quê está queimando esses quadros?

A expressão corporal de Ivica em nada lembra a cainita graciosa a atuar na Longue Vue. Com uma virada de pescoço e um olhar inocente que fazia a pergunta por si só, ela é a imagem perfeita de uma linda menininha. Maior que o esforço em mudar a aparência é ter de emular um comportamento boçal de uma criança de dez anos.

Ela se aproxima mais alguns passos, de modo a ficar perto dos quadros e poder observá-los melhor. E com aquela cara de criança curiosa, continua sua intromissão na vida alheia.

-- Eles são bonitos, moço. Não merecem isso não.

Agora era esperar pela reação da presa. Poderia tê-lo pego de surpresa e feito o serviço de forma rápida, mas isso não seria nada elegante. Prefere dar uma chance para que o homem mostrasse seu valor – ou provasse sua estupidez.

4Audubon Park Empty Re: Audubon Park Seg Ago 20, 2012 3:55 pm

LeRoy Blanchard

LeRoy Blanchard

Ele levou um susto tão grande que teve a impressão de ficar branco. Estava puto e provavelmente com um maníaco na sua cola. Qualquer coisa que aparecesse do nada no meio da escuridão àquela altura o faria borrar-se nas calças. Quase soltou um palavrão e ergueu as mãos para sair na porrada com quem quer que fosse, mas interrompeu tudo quando já estava tudo a meio caminho de não ter mais volta e viu que era uma adorável garotinha que chamava a sua atenção. Uma menina tão linda como jamais vira e de voz doce e suave. Que dizia que seus quadros eram bonitos e que ele não devia queimá-los. Estava encantado pela docura daqueles grandes olhos azuis e aquela carinha redonda. A menina era uma perfeita bonequinha.

Ele olhou para os quadros que ela observava. Ela dizia que não mereciam, mas apesar de toda o encantamento, ela era apenas uma menininha espoleta, que fugira dos cuidados de sua babá. Pelas roupas e pelo seu modo de agir, ela devia ser filha de algum bacana de Garden District que fugira da mansão e do cuidado de seus pais. Era melhor ele levá-la de volta antes que algum segurança aparecesse e o acusasse de pedofilia. Um negão junto de um anjinho louro não era preciso fazer qualquer esforço para chegarem a esta conclusão.

Eu ia queimar esses quadros. Mas parece que você acabou de dar mais uma chance a eles? Você gosta? — Ele pergunta, ajoelhando ao lado dela em frente aos quadros que ela olhava, ainda entristecido pela situação toda.

Volta a olhar para ela. Mas tenta ser discreto para não passar a pequenina a impressão errada e sair correndo. A noite era perigosa e mesmo o Audubon Park sendo relativamente seguro, ainda tinha seus perigos. Não era novidade saber de desaparecimentos. E não queria que qualquer violência praticada contra aquela menina acabasse contra ele, então deveria levá-la para casa.

Eu me chamo LeRoy. Qual o seu nome? — Pergunta num tom casual enquanto se inclina para recolher o isqueiro apagado. Percebe então que uma manchinha negra tinha se formado lo local onde o fogo havia tocado e escureceu a tinta a oleo. O vento tinha apagado a chama antes que a tinta de inflamasse. É neste momento que percebe que ainda tem o cigarro nas mãos. Apaga-o no chão e coloca o restante no bolso da jaqueta quando não avista nenhuma lixeira por perto.

5Audubon Park Empty Re: Audubon Park Qui Ago 30, 2012 7:24 am

Ivica Romanova

Ivica Romanova
Ancillae

I V I C A



Ivica está acostumada a tudo do bom e do melhor, inclusive em se tratando de obras de arte. Por quê gostar de um artista desconhecido com quem esbarrou no meio da noite, se em seu refúgio na Longue Vue ela pode sorrir para Monet, Debret e Kandinsky? As obras do confuso senhor LeRoy devem ser analisadas mais a fundo para que se obtenha uma crítica justa de seu trabalho. No entanto, o anonimato que recai sobre si não conseguiria lhe imputar o devido respeito, ainda que seus quadros fossem obras divinas. Pessoas julgam pessoas. É para elas que um artista criar suas obras caso espere reconhecimento - o que a maioria deles parece ignorar ao pintar quadros exclusivamente de acordo com caprichos e vontades próprias. Mas esse não é o assunto que a pequena aberração quis tratar quando decidiu visitar o parque; a arte do sangue é muito mais importante nesse momento. LeRoy foi o escolhido para ser a inspiração da inspirada artista Ivica.

Sorrisos, encabulações, ruborizações. Para todo e qualquer efeito humanamente perceptível, estava ali uma criança simpática puxando assunto com um “moço” qualquer. O moço, alheio às desconfianças gerados pela sua idade e cor de pele frente à idade e cor de pele da criança, mantém-se por perto o tempo todo. É educado e simpático nas falas que dirige à pequena.

Eu ia queimar esses quadros. Mas parece que você acabou de dar mais uma chance a eles. Você gosta? — Ele pergunta, ajoelhando ao lado dela em frente aos quadros que ela olhava, ainda entristecido pela situação toda.

Ivica rodeia o quadro jogado ao chão, observando-o. Sua voz sai baixo para que o negro precise ficar sempre perto para ouví-la.

-- Gostei sim. Adorei esse aqui, ó. – aponta o quadro da festa sob o céu noturno – Eu adoro a noite.

LeRoy lançou alguns olhares para a menina, que não os percebeu por não dar a mínima atenção à esses detalhes. Estava dissimulando e apenas dissimulando permaneceria.

Eu me chamo LeRoy. Qual o seu nome? — Pergunta num tom casual enquanto se inclina para recolher o isqueiro apagado.

-- Prazer, senhor LeRoy eu sou a Ivica.

Normalmente ela estenderia a gorducha mãozinha irresistível a apertos para manter uma proximidade ainda maior com a vítima. Mas não com essa. Qualquer tentativa de aproximação mais íntima da parte dela poderia assustá-lo – o que, sinceramente, parece o mais provável a acontecer.

-- Eu tive uma idéia. Ao invés de botar fogo neles, por quê o senhor não os vende para o meu pai? Ele adora colecionar quadros e vai adorar ver que eu me interessei por pintura sozinha. Talvez não goste muito de eu ter ficado fora de casa por mais de seis horas sem avisar nada, mas dos quadros ele vai gostar!

A isca havia sido jogada. A criança ainda explica que poderiam pegar um táxi que o pai se encarregaria de pagar a corrida quando chegassem, e que a casa dela é ali perto no Garden District. Poderiam partir assim que ele concordasse em ajudá-la.

6Audubon Park Empty Re: Audubon Park Qua Set 05, 2012 11:30 pm

LeRoy Blanchard

LeRoy Blanchard

A garotinha parece realmnte interessada no quadro da festa noturna. Mas ele acredita que é apenas por ser mais feliz e colorido que o da velha. Não porque seriam grande coisa. O que poderia saber uma criança sobre arte. Talvez ela até tivesse a semente da sensibilidade artística germinando dentro de si, mas ainda levariam anos de estudo e apreciação até que a palavra dela pudesse ser considerada como validação da qualidade de seus quadros. Apesar disto, qualquer manifestação de agrado era bem vinda e não parecia que ela estava falando que gostava apenas por educação. Ela ainda era suficientemente jovem para poder dizer o que pretendia sem a preocupação de ter que agradar.

Depois que LeRoy se apresenta ela diz que seu nome é Ivica e ele pensa que ela é realmente adorável. Ele deveria logo levá-la para casa antes que algum segurança aparecesse e provavelmente interpretasse a situação da forma mais errada possível. Neste momento ela sugere que ele a leve até o pai, não porque é tarde da noite e uma garotinha como ela não deveria estar na rua, mas porque talvez o pai pudesse se interessar em comprar seus quadros. Ele não consegue evitar uma risada mediante a doce ingenuidade da criança.

LeRoy tinha um ponto fraco quando se tratava de crianças ou idosos, por isso tinha tanto carinho por sua velha mama e por Vó Belle, e assim, de seu próprio jeito procurava ficar de olho nas duas e se assegurar que estavam sempre bem. Agora Ivica começava a conquistá-lo com sua fofura.

- Eu vou levá-la para casa sim, mas não para seu pai comprar meu quadro. Acho que ele não terá interesse e se tiver ele pode aparecer numa exposição que estou montando. Eu vou é te levar para casa pois seu pai deve é estar louco de preocupação por você ter sumido. - Diz ele enquanto junta os quadros.

- Você tem esse costume de passear a noite? - Ele pergunta e procurando não assustá-la logo emenda: - Eu também tinha o costume de sair por aí, minha mãe ficada doida comigo! Me dava surras e mais surras para que eu me aquietasse em casa, mas era só eu ter certeza que ela estava dormindo e eu pulava pela janela e saia a passear pela noite.

Os dois começam a andar.

- Eu também gosto da noite. É o melhor horário para pintar. A não ser quando quero pintar algo com luz natural, com a luz do sol, aí não tem igual, a luz do amanhecer é a minha preferida. Gosto de pintar as cores que mudam no céu, são tantas cores diferentes para passar para a tela... - Ele ia falando...

7Audubon Park Empty Re: Audubon Park Ter Out 02, 2012 4:30 am

Alexandra Sontag

Alexandra Sontag

Nova Orleans era um cidade bonitinha. Colorida, brilhante, e cheia de pessoas que ela classificaria no mínimo de excêntricas. Enquanto passeava pelas ruas do bairro francês viu pelo menos três pessoas vestidas de maneira absolutamente esquisita. Pudera. Ela era muito tradicional, principalmente em roupas, pensou, sem sobressaltos, olhando para a calça social e a camiseta branca. Ficara muito tempo entre os militares. Estava desligada do resto do mundo.

Agora que gozava de liberdade, não sabia bem o que fazer. Suas coisas estavam no hotel e, bem, pela primeira vez na vida estava desempregada. Nunca tinha procurado emprego, e imaginava o quão bizarro ia ser isso, desde que entrara na Academia recebia um salário substancial. Não tinha muita certeza, mas achava que civis não ganhavam tão bem e trabalhavam bem mais. Aquilo a exasperava sobremaneira. Não tinha a menor ideia do que poderia fazer. Talvez trabalhar numa empresa de segurança? Ou talvez a polícia... Eles tinham uma farda bacana.

Entrou em uma loja e comprou uma camiseta colorida. De alguma maneira, tinha que se misturar ao resto das pessoas do mundo e, com pesar, descobriu que preto e branco não era a combinação padrão.

Além de um emprego, teria que arrumar algum lugar pra morar. Algo barato, para que o que tinha na poupança durasse por algum tempo. Os pais tinham se comprometido a ajudar no começo, mas não estavam nem um pouco felizes com seu desligamento do exército. Isso também era algo complicado, nunca lidara com o descontentamento dos pais. Parecia que, de uma hora para outra, sua vida perfeitamente organizada tinha virado de cabeça para baixo. Impressionantemente, isso não a amedrontava. A liberdade era agradável. Só sentia falta da farda.

Enfiou as mãos nos bolsos da calça e ficou brincando com as moedas que carregava, observando o anoitecer e as luzes que começavam a acender. O que faria da vida agora?

Continuou andando sem rumo, tentando não pensar em nenhuma das coisas que a afligia, por hora. Precisava encontrar uma biblioteca como aquele de Nova Iorque. Um lugar onde se exercitar. Um lugar para treinar a pontaria. Talvez pudesse voltar a fazer esgrima. E comprar algumas roupas. E arranjar um emprego... Não, nada disso, não ia pensar nisso agora.
Seus passos a levaram até um parque e ela se permitiu um breve sorriso. Ah, uma extensão de verde. Tudo o que precisava para limpar a cabeça. Era de noite já, mas não parecia ser um ambiente fechado para visitação nos horários noturnos. Ia dar uma relaxada, sim, seria ótimo.

Olhando em volta, com alguma prevenção, tirou a camisa branca, ficando com a regata que sempre usava por baixo – normas militares que nunca ia abandonar – dobrou a camisa e deixou sobre um banco, junto com as moedas. Duvidava que alguém roubasse, mas não seria nenhuma tragédia se isso acontecesse. Alongou-se brevemente e, com uma expressão clara de prazer, pegou o caminho principal, ladeado por árvores, correndo num ritmo intenso.

Vento na cara e nos braços, e o coração pulsando. Não precisava de mais nada. Teve a impressão de passar por pessoas, mas não se deteve nisso. Correria alguns quilômetros e depois voltaria pro hotel. Resolveria sua vida no dia seguinte.

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