Vampiro: NOLA
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Arnaud's Restaurant

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Annabeth Chase
Mestre de Jogo
6 participantes

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11Arnaud's Restaurant - Página 1 Empty Re: Arnaud's Restaurant Seg Jul 23, 2012 9:49 pm

Peter O'Connor

Peter O'Connor

Meus convidados fizeram seus pedidos, agora restava o meu. Escolhi um prato bem mais leve, uma salada de folhas verdes, tendo em vista que já tinha me refestelado com alguns magníficos pratos preparados pelo restaurante. Pedi para o garçom trazer para nossa mesa uma jarra de suco de morangos silvestres, bem como o tipo certo de vinho para os pratos de Alice e Leroy. Não bebo álcool, não fumo e não uso drogas. Aprendi de “nino” que essas porcarias acabam com um homem. Meu negócio é ganhar dinheiro com o vício dos outros e não morrer como os burros que se viciam.

Escutei atentamente as falas dos dois, reparando no na postura de cada um. A maneira de se colocar da advogada era o que eu esperava alguém que deseja ganhar dinheiro, e isso ela não precisava falar, pois sua expressão facial e seu olhar diziam isso, assim como dizia que ela fazia o gênero perigoso, pois gostava de deter o controle da situação. Leroy mostrou que é mais culto do que eu imaginava. Não entendi metade do que falou, mas o pouco que entendi de seu falatório era que ele é um apaixonado por arte, e que entende muito sobre esse universo.

As bebidas chegaram, como de costume, antes da comida. O garçom despejou um pouco de suco em um copo e me entregou, na seqüência serviu as bebidas dos outros. Tomei um gole do suco, olhei para LeRoy e disparei a primeira oferta de negócio.

- Leroy, o que acha de uma porcentagem inicial de vinte por cento das primeiras dez obras vendidas na exposição que pretendo lhe fazer? Sei que é pouco, mas são só sobre as dez primeiras, depois passamos para outros percentuais maiores, até o limite de sessenta por cento. O que me diz? – Esperei um pouco para escutar sua resposta antes de me voltar para a advogada. – Agora, o que vou pedir para você Alice, é que arrume as papeladas para as vendas, e sobre cada venda, você vai ganhar um percentual fixo de cinco por cento. Topa? – Tomei mais um gole de suco esperando pela resposta da “rubia”. Voltei meus olhos para LeRoy, coloquei minha mão direita dentro do blazer e de dentro dele retirei um pequeno maço de dinheiro, o qual coloquei na frente do artista. – Aqui estão mil dólares, para mostrar que estou disposto a investir em você, acredito que uma parceria entre nós será muito lucrativa – Repeti a mesma seqüência de gestos, enquanto olhava para a advogada. – Esses mil dólares são para você Alice, pelo seu tempo de vir até aqui, e digo se quiser trabalhar comigo, garanto que esse valor aumentará muito.

Assim que vi o garçom se aproximando, tomei mais um gole de suco e parei de falar. Ele serviu as refeições. Saboreei a salada. Deliciosa.

12Arnaud's Restaurant - Página 1 Empty Re: Arnaud's Restaurant Seg Ago 06, 2012 9:18 pm

Alice Miller

Alice Miller

LeRoy quase se perdeu em deslumbramento ao falar da sua arte. Tentara manter alguma inocência ao explicar a dificuldade em encontrar pessoas com capacidade de admiração artística. Falhou completamente com os seus olhinhos brilhantes por detrás dos óculos de grau. Meio doentio.

Apesar de tudo, o rapaz era quase adorável com toda essa postura defensiva contra a advogada e deslumbrada com a sua vida profissional. Os dois tinham algo em comum: nenhum deles esperava o fim-de-semana para ser feliz. O trabalho ideal é aquele que preenche a vida pessoal. Ele só precisava ser um pouco mais racional, mas nenhum artista o é. Ou não seriam artistas e perceberiam que arte há muito está morta e hoje em dia só se encontram repetições inúteis ou “inovações” sem significado. A felicidade de Alice não é, nem nunca seria, uma felicidade efusiva e estampada no rosto, na alma e nas roupas, mas a advogada era exatamente tudo que gostaria de ser. Com excepção dos empecilhos e imprevistos da infância e da carreira, é claro. E do passar do tempo, porque não queria que a sua beleza fosse embora. Consolava-se ao lembrar que a inteligência e competência permaneceriam, mas, no fundo, tentava aceitar todos os desafios da sua juventude.

Mas aquele encontro não fora nada do que estava à espera. Habituada a casos perigosos e importantes, não via aquilo como algo desafiador, era até relativamente simples. Estava começando a ficar aborrecida porque O’Connor prometera demais com aquele telefonema misterioso de palavras agressivas.

Alice Miller prestou atenção ao traficante quando ele, finalmente, começou a fazer as suas propostas. A percentagem que oferecia ao artista era mínima. Até parece que O’Connor precisava dessas migalhas das obras de LeRoy, mas Alice não se intrometeu. Quando o latino virou-se para a advogada, Alice ergueu uma sobrancelha e inclinou ligeiramente a cabeça para o lado, como quem presta atenção a algo absurdo. “Não, não ‘topo’.”, Pensou Alice.

Viu Peter levar a mão ao bolso interno do casaco e, por um segundo, achou que ele retiraria uma arma e arrependeu-se prontamente de não ter trazido a sua. Quase pior do que isso, o homem tirou um bolo de dinheiro vivo e ofereceu à advogada, como quem paga uma prostituta, agradecendo pelo “seu tempo”.

Foi com algum cuidado que respondeu. Não tinha medo de criar inimigos, mas evitaria atritos explícitos se fosse possível. No entanto, não disfarçou a sua frieza ao escolher as palavras.

- Não sei o que o senhor quis dizer com o seu telefonema, mas devo admitir que ficou muito aquém das minhas expectativas. Trabalhos mais complicados do que esse necessitam a minha total dedicação. E, como conhece a minha reputação profissional, certamente percebe que a sua proposta é praticamente indecente. Agradeço o jantar e a conversa, mas obviamente não iremos em frente com esse caso. – Levantou-se e por fim, com uma nota de desprezo, disse - Esconda esse dinheiro da mesa, é absurdamente deselegante.

A seguir, voltou-se para o artista e disse:

- Foi um prazer conhecê-lo e ouvir um pouco sobre o seu trabalho. Boa sorte com a sua Arte, espero sinceramente um dia encontrar suas obras e ter a honra de dizer a quem me acompanhe que eu conheço o artista. Boa noite.

Foi assim que a advogada pegou as suas coisas e saiu do restaurante, sem olhar para trás. Provavelmente com um novo desafeto na sua cidade natal.

13Arnaud's Restaurant - Página 1 Empty Re: Arnaud's Restaurant Sex Ago 10, 2012 9:46 am

LeRoy Blanchard

LeRoy Blanchard

TRECHOS EM ITÁLICO POR PETER O'CONNOR

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Ele escutou O’Connor colocar sua proposta na mesa enquanto colocava para dentro um gole de seu vinho. Por sorte o sujeito escolhera para ele um vinho suave com uma dose de álcool bastante moderada. Certamente LeRoy gostaria de estar sóbrio para experienciar o que viria a seguir dotado de todas as suas faculdades mentais de outro modo não saberia se desataria a cuspir todo o vinho na cara dele, gargalhando histericamente, ou se sairia correndo do restaurante no mesmo momento desejando que o homem se engasgasse com a comida.

O’Connor propôs repassar para ele uma percentagem de 20% sobre as dez primeiras peças comercializadas. Posteriormente poderiam rever esse balanço. Mas isso apenas revelou para LeRoy que o homem não conhecia o produto, nem o mercado com que estava lidando. LeRoy Blanchard era até que razoavelmente conhecido entre os apreciadores de arte, mas era pouco, e muito pouco, ainda tinha muito nome por conquistar para que suas artes se vendessem por nome. No circo capitalista em que viviam, uma boa marca fazia boa parte do trabalho de vendas. Mas LeRoy ainda precisava fortificar a sua para que sua vida se tornasse mais fácil. Sonhava com o dia em que seria procurado para expor suas peças e não o contrário, com o dia que pudesse apenas vender suas peças pela internet e não precisar ficar batalhando espaço em leilões de arte. Portanto. Numa exposição de pequeno porte, o que seu nome tinha condição de sustentar. Vender dez peças era sucesso absoluto. O que significaria que ele não lucraria muito naquele negócio. Observava o companheiro de mesa com atenção para ver se conseguiria aumentar um pouco mais aquela percentagem. Pois, pragmático do jeito que parecia ser, o homem não investiria em arte por muito tempo. Este claramente não era seu interesse, percebeu isto pela forma como ele não dialogava com LeRoy quando este falava de seu trabalho ou de seus interesses. Ele logo voltava o assunto para sua área de especialidade, os negócios, sua curiosidade era meramente prática. Era só mais um empresariozinho a se fazer de bom moço com marketing cultural.

Vinte por cento. E as obras ainda tinham que passar pelo crivo de um avaliador para mensurar um preço por cada peça. Ele já tinha uma ideia aproximada de quanto seria, e isso não lhe renderia muito a longo prazo. Olhou para O’Connor e depois para a advogada. Práticos... Burocratas... Não havia qualquer indício de paixão em seus olhos. Aquela seria uma fonte que secaria rápido. Uma oportunidade, provavelmente única. Portanto não tinha muito a perder, deveria pedir mais.

Ele comunicou que a advogada deveria cuidar da burocracia, como já era esperado. E o absurdo veio depois. O que deixou a mulher completamente irada e ele com uma sensação absurda de incredulidade. O homem teve a audácia de oferecer um barão para cada um. Apenas como um gesto de cortesia para confirmar seu interesse numa “parceria”. Aquilo cheirava a outra coisa. Marketing cultural é o meu rabo, pensou.

Aliás, a moça só faltou mandar o homem enfiar o dinheiro no rabo. De certa forma, o fez, mas de um jeito mais educado e saiu da mesa decidida, deixando para trás um silêncio desconfortável.

Guarde seu dinheiro, Sr. O’Connor. São minhas peças que eu disponho para vender. Não minha pessoa. Seja lá o que quiser comprar com esse “gesto de boa fé”, não precisa se preocupar. A única coisa que quero é ter meu nome circulando e que as pessoas venham conhecer meu trabalho. Se o senhor quer financiar uma exposição, tudo bem, mas o senhor vai ter que confiar no meu profissionalismo.

Por um lado era uma pena ter que mandar embora um barãozinho. Mas aquele seria um barão problemático. Como dizia sua mãe. Dinheiro nunca vem de graça, e quando vem demais e por pouco é porque está sendo oferecido pelo diabo.

Ouvi atentamente cada disparate que a loirinha tinha para falar. Ela não sabe o que estava falando e nem com quem estava falando. Ela pode se considerar uma verdadeira vaca de sorte. Se tivéssemos marcado esse encontro lá pelas bandas de Lakefront, o papo iria terminar de outra maneira. Ou uma bala enfeitaria seus miolos, ou um lindo traço aberto decoraria sua garganta. Talvez um ou dois pulmões perfurados com um picador de gelo. Ela não me conhecia, e não sabia o que existia por trás da minha proposta de chatices burocráticas. Tenho ao meu lado um de marginais, homicida e estupradores. Criminosos de todos os tipos sedentos para dar a vida por uma boa defesa no tribunal. Se aquela loirinha achava que tal insulto iria ficar barato estava muito enganada. Meus olhos faiscavam raiva. Tinha ido para esse jantar levemente irritado por causa do bosta do produtorzinho e agora emputecido pela vadia loira. Eu estava por um fio, mas tinha que me controlar. Não podia deixar transparecer para aquele artista, minha futura maquina de lavar, que por traz do polido senhor O’Connor, estava adormecido Pedrito El Sanguinário.

Respirei fundo e tomei uma longa golada do suco. Fechei por um segundo meus olhos e encarei Leroy. As palavras do artista não contribuíram nem um pouco para o meu bom humor. Mas podia admitir que o sujeito tem mais fibra do que aquela lapida doutora.

Escutei atentamente sua balela sobre não estar preocupado com o dinheiro, o que importava para ele era tão somente a sua arte. De certo ele estava querendo negociar, mas o percentual fora oferecido. Ele não sabia sobre que tipo de negocio eu queria propor, e nem quanto iria lucrar. Eu iria dar minha ultima cartada e se esse tal Leroy não aceitasse iria mandar ele pra puta que o pariu e colocá-lo a mesma lista de desafetos a qual acabava de entrar puta que deixou o restaurante.

- Fique com o dinheiro! – Falei com um leve tom de ordem. Abri um largo sorriso antes de começar a falar. Mudei a voz deixando ela mais suave, pois o que iria falar não seria tão suave. – Você esta preocupado com sua arte? Pois saiba que as dez primeiras obras que forem vendidas serão doadas ao museu da universidade Loyola. Como sei disso, simples. Eu serei o comprador delas. Ofereço ao senhor quatrocentos dólares por peça. O Senhor irá ganhar em uma noite quatro mil dólares meus. Suas obras já serão vendias inicialmente por dois mil dólares. A partir da décima peça os percentuais mudam como já falei. Isso que estou dando agora ao senhor é só um incentivo. Nada mais. Compre um terno, telas, tinta, argila. Gaste com uma garota, - Vidrei meus olhos nos dele, para saber o quão sério era aqueles míseros mil dólares.- mas não recuse, pois assim será uma ofensa a minha pessoa.

As cartas estavam lançadas. Agora era pegar ou largar. Se ele largasse estaria assinando a sua sentença de morte.


Ele ouviu com cuidado a continuação da proposta de O'Connor e a coisa continuava boa demais para ser verdade. Portato, LeRoy hesitava, franzia o cenho e praticamente maneava em incredulidade.

- Não, eu não vou aceitar. Vamos fazer a exposição, o senhor pode comprar as obras se quiser, e me passe a percentagem que achar que meu trabalho vale. Sempre aprendi que dinheiro não deve vir fácil. Agradeço seu gesto, mas me contentarei com o dinheiro que a exposição render. Seja lá o que o senhor esteja temendo que eu faça ou diga, eu não farei nada, não direi nada. Não o conheço e nem sei o que vocé faz. E, honestamente, depois disso não tenho interesse em conhecer... Como dizem, a ignorância pode ser uma benção. Assim, você consegue o que precisa e eu também. - Disse, tomando o cuidado de não dar nomes aos bois, mas deixando a entender que já sabia qual era o jogo posto naquela mesa. E era um jogo perigoso, portanto, quanto menos aceitasse do sujeito, melhor.

A fala de LeRoy foi o que eu esperava. Receio em aceitar aquele dinheiro que eu oferecia, mas aceitou o negocio proposto. Pronto, não precisava mais matar esse artista. Ele entendeu perfeitamente o que eu estava propondo. Realmente gostei do sujeito.

- Pois bem LeRoy, façamos do teu jeito. – Pego o dinheiro e guardo novamente. – Mas saiba que por causa do que você falou e demonstrou aqui serei teu padrinho, isso significa que quando precisar pode me procurar. – Sorri largamente enquanto guardava retirava do bolso blazer uma caneta. Pequei um guardanapo, anotei o número do meu telefone, mas anotei meu nome. – Peque esse isso. Caso queira, ou precise falar comigo, este é meu telefone. Poucos o têm, então não espalhe.

Quando guardava a caneta no bolso senti o celular vibrando. Retirei do bolso e olhei o identificador. Não conhecia o número.

- LeRoy um minuto por favor! – Sai da mesa e caminhei até perto da porta para atender o aparelho.

- Alo! – O sujeito usou o nome o qual eu era conhecido alem da fronteira. - Quem está falando? – Não conhecia nenhum Jason, mas o nome que ele falou a seguir me fez escuta-lo. - O que quer? Seja rápido! – Puta que o pariu, o cara ta usando meu padrinho para tirar ele de uma encrenca com os “polícia”. Ele estava nos strip club mais conhecido da cidade. Sorte dele eu estar perto. – Quédate donde estás. Yo ya estoy por venir. – Falei em espanhol antes de desligar.

Caminhei a paços largos até a mesa. Não me sentei. Retirei os mil dólares do bolso coloquei na frente de LeRoy.

- LeRoy, sinto muito mas tenho que ir. Irei acertar tudo para nossa exposição. Por favor pague a conta. Até breve!

Dei as costas para ele e caminhei. Enquanto ia para a saída pensei. “Agora ele vai ficar com o dinheiro”


LeRoy observou-o partir com alívio e ficando com a impressão de que a partir daquele momento sua viva saía de seu controle. Que cagada. Que cagada das grandes acabara de fazer. Sempre tomara cuidado para não se meter com bandidagem, mas lá estava um xicano filho de uma puta querendo pagar de poderoso chefão com ele. PUTA QUE PARIU, teve vontade de gritar, mas deu apenas um leve soco na mesa, o que fez o bolo de dinheiro pular. Filho da puta mais uma vez.

Ergueu a mão para chamar o garçom e fez o sinal para pedir a conta. Quando a capinha de couro com a nota chegou, nem se deu ao trabalho de chegar a extensa lista depedidos. Assinou a nota com o nome Peter O'Connor e colocou todo o dinheiro lá dentro. Em seguida deixou o restaurante.

Para todos os efeitos, O'Connor esbanjara no Arnaud's Restaurant e jamais tentara enganá-lo a aceitar um suborno. LeRoy apenas venderia suas peças para o homem, que tinha todo o direito de comprá-las se quisesse e depois daquela maldita exposição, que pela primeira vez não fara absolutamente nada para divulgar - quanto mais fracassada fosse, mais fácil O'Connor partiria para a próxima, por mais que apenas desejasse fazer lavagem de dinheiro, ainda precisaria de lucros para que isso acontecese e LeRoy não contribuiria para isso.

14Arnaud's Restaurant - Página 1 Empty Re: Arnaud's Restaurant Ter Abr 04, 2017 8:13 am

Justin Sabine

Justin Sabine

Crônica "Um Gato entre Pássaros"

"Até essa porra de fantasmas, que só aparecem na hora errada, gostam do Arnauld’s". É o que pensa Justin, sentado a esperar pela comida, enquanto olha desconsolado para aquele canto onde, dizem as lendas urbanas, o espírito do Conde costuma aparecer.

Ele era um rapazola de 18 anos quando entrou naquele lugar pela primeira vez. Foi solicitar à direção do estabelecimento uma autorização para fazer filmagens no local. Seria a primeira matéria do Supernatural Stories, um canal do Youtube com programas feitos por estudantes de jornalismo sobre criaturas e fatos inexplicáveis. A primeira negativa da casa foi incisiva; a segunda já veio com um tom meio ameaçador… Acabaram optando pelo Plano B, muito mais custoso e difícil, que era fazer o programa Zumbis do Pântano.

Quando o vídeo bombou, Justin e os três amigos que trabalhavam com ele no canal se sentiram vingados: "a italianada esnobe é que perdeu!". Partiram para o segundo vídeo, Supercroc Vive?, que tratava das histórias dos cajuns sobre um aligátor gigante no pântano. E a popularidade do canal foi num crescendo por mais de dois anos. Conseguiram até o patrocínio de pequenas empresas para financiar viagens a outros lugares do país onde coisas sobrenaturais supostamente tinham acontecido. A Casa Apavorante, filmado em Providence, foi o vídeo de maior sucesso. Depois, A Mansão Chapelwaite, a uns poucos quilômetros de Portland. E a lenda mais inacreditável foi a dos ratos gigantes, cegos e sem pernas, que viveriam nos subterrâneos de Gates Falls.

O patrocínio lhes rendeu algum dinheiro. Mas o ganho de verdade só apareceu quando o canal lançou uma bem-sucedida campanha de financiamento coletivo no Kick Starter para fazer a matéria O Culto do Leopardo, no Gabão. Matéria que não chegou a ser produzida por causa de um twiter!

"Tudo perdido por causa da minha piada estúpida", ele pensa, enquanto prova o couvert. "OK, foi uma piada realmente muito idiota e de péssimo gosto, mas que teria sido perdoada depois do meu décimo pedido de desculpas ao público se o politicamente correto não tivesse tornado todo mundo assim tão intolerante, tão cheio de espírito inquisitorial".

Ele balança a cabeça para os lados de maneira quase imperceptível, como se pudesse expulsar aquelas lembranças repetitivas e amargas por um processo físico. "Concentre-se na comida...".

Depois que a piada destruiu sua reputação profissional e pessoal e ainda fez o canal fechar, mesmo após a devolução do dinheiro arrecadado e a saída de Justin, tudo o que ele tem feito para viver é administrar a pizzaria da sua família. Contabilidade, folha de pagamento, impostos, reposição de estoque… Todas essas coisas sumamente interessantes para um ex-jornalista do sobrenatural são de sua responsabilidade. Ao seu pai, cabe a tarefa criativa de inventar receitas de pizzas gourmet (tarefa nem sempre bem compreendida, já que muitos clientes americanos veem a pizza só como fast food). E, de vez em quando, Justin vai jantar no Arnaud’s e em outros restaurantes de nível para informar seu pai das novas tendências culinárias da cidade.  

Ele anota mentalmente o que vai contar ao pai sobre a nova iguaria creole lançada pelo Arnaud’s enquanto a aprecia. Esse exercício o distrai das lembranças insuportáveis. Mas, quando termina de comer, olha distraidamente para o mesmo canto onde poderia surgir um espírito: "como é emocionante a minha vida"!

Uma sensação de vazio angustiante o agarra e domina. Sente-se sem passado e sem futuro, etéreo, como se ele é que fosse um fantasma do Arnaud’s. E já tinha se sentido assim antes! Foi na véspera de uma crise de ansiedade que o acometeu logo depois de sair do canal, por exigência dos outros integrantes, e que durou meses.

Para afastar aquela sensação horrível, pediu um café e, ligeiramente trêmulo, abriu a página do The New Orleans Advocate no smartphone. A primeira notícia que leu falava numa possível vítima de vampiro encontrada no Audubon Park…

Uma voz começa a gritar na sua cabeça "NEM PENSE! NEM  PENSE!", enquanto uma outra sussurra “sim… sim… ou você vai morrer”. Os minutos se arrastam enquanto Justin fica a olhar para as paredes como se não as visse e a se digladiar consigo mesmo. Nesse tempo, a segunda voz vai ficando mais alta, mais assertiva, enquanto a primeira míngua aos poucos.

"Matt  Sledge é o nome do autor da matéria… Não custaria tentar falar com ele…".

15Arnaud's Restaurant - Página 1 Empty Re: Arnaud's Restaurant Qua Abr 05, 2017 6:17 pm

Mestre de Jogo

Mestre de Jogo
Admin

A comida estava deliciosa, melhor ainda do que das outras vezes. O molho agridoce que cobria parte da salada foi um dos melhores que Justin provou em sua vida, o que certamente lhe rendeu uma anotação mental a respeito de sabores agridoces para novas pizzas. Esse pequeno momento, os segundos em que levou pensando sobre o molho enquanto terminava seu prato, lhe trouxe um pouco de paz interior. Ele já havia decidido falar com o jornalista, e tal decisão lhe dera uma injeção repentina de adrenalina, acelerando seu coração e fazendo suas mãos suarem. Por isso aquela o pequeno momento de paz veio tão a calhar.

Justin paga a sua conta e se retira do Arnauld's, mas não sem antes ver um antigo fantasma. Ele recebe uma notificação em seu celular sobre um novo e-mail recebido. Aquela conta de e-mail era a que Justin usava na época de seu canal do Youtube, e que por algum descuido de seus amigos, ainda mantinha sob seu controle. Como ele havia sido desligado do Supernatural Stories já há um bom tempo, a frequência dos e-mails foi ficando rapidamente cada vez mais rara. Eventualmente algum spam ainda o incomodava, mas ao ver que não se tratava de um, velhos fantasmas vieram à tona.

No campo 'remetente' constava o endereço 'mvpps2@gmail.com', e no assunto constava 'alex, tenho uma quente!'. Alex era um dos fundadores do Supernatural Stories, e aquele era certamente um e-mail destinado à ele que erroneamente acabou sendo enviado a Justin. Isso acontecia muito quando pessoas viam os seus e-mails publicados no Canal e tentavam entrar em contato com eles na época em que bombavam.
e-mail escreveu:"gato, tô com uma quentinha dessa vez. se eu te disser que tô com acesso ao corpo encontrado no parque, você me daria aquela chance? é gostoso transar contigo, mas isso não paga minhas contas. quero meu posto de fotógrafa nesse seu novo projeto de entretenimento tongue
mas não demora muito senão vão me expulsar daqui de dentro, e tá muito frio aqui tb >.<

bjinhos de sua pussy pussy"

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