Manicômios nunca são lugares legais.
Fundado em vinte de março de 1951, o Manicômio de Nova Orleans foi projetado fora dos limites urbanos da cidade para receber doentes de todo o sul da Luisiana. Suas oito alas diferentes permitiam vários níveis de tratamento aos internos, utilizando as técnicas mais modernas para a época. Nada de choques elétricos, afogamento ou coisas do tipo. Os doentes passavam por psicólogos e psiquiatras que faziam toda uma análise de seus problemas mentais e então eram deslocados à ala específica de tratamento - familiar, profissional, traumas de infância, fobias...
Dos anos 50 aos 80 o lugar serviu como referência no tratamento dos mentalmente insanos, chegando a receber mil internos de uma só vez. Os diretores tinham o apoio do governo do Estado da Luisiana e de instituições estrangeiras. Apesar das significativas taxas de melhoras nos quadros dos doentes, alguns pequenos detalhes começaram a incomodar as pessoas de fora. A chaminé a cuspir fumaça todas as madrugadas, às quatro da manhã, era algo totalmente inadequado ao tipo de estabelecimento, o que atiçou a curiosidade da sociedade. Após algumas semanas de investigação foi descoberta a ala nove.
A ala nove era uma construção escondida no subsolo do manicômio. Nela se encontravam equipamentos saídos de filme de terror onde "médicos especialistas" conduziam novos métodos de tratamento aos internos. Eles mantinham até mesmo uma técnica exclusiva conhecida como "nova lobotomia": através de incisões no cérebros das cobaias os médicos procuravam lhe implantar comportamentos animais. Todos os experimentos fracassados eram então dirigidos à grande fornalha.
A nova ala descoberta era claramente uma construção nova, de no máximo dez anos, e cogita-se que fora construída à pedido do psiquiatra responsável pelo manicômio à época, o diretor de toda a instalação. Infelizmente o seu nome foi apagado de todos os registros documentais quando o lugar foi invadido e incendiado pela população revoltosa. Pensando ter evacuado o prédio inteiro, as pessoas não contavam com os internos presos na ala oito, a que servia como entrada para a câmara dos horrores. Saldo da revolta: cerca de trinta internos foram mortos carbonizados, todas as fichas se perderam no incêndio e o local foi fechado para todo o sempre.
A morte continua presente no manicômio abandonado. Durante o dia são feitas excursões de aventura, mas de noite qualquer visitação foi proibida pela prefeitura após casos de desaparecimento na região. Fantasmas são vistos com frequência rondando o manicômio, e gemidos lamuriantes podem ser ouvidos a quilômetros de distância. Há noites em que focos de incêndio são vistos pipocando por entre os prédios para então se extinguirem magicamente. Por detrás das janelas, ocasionalmente é possível ver o que seriam internos vagando sem rumo pelos corredores.
Um dos maiores mistérios atuais de Nova Orleans tem sua origem aqui. Ninguém sabe se poderia tratar-se de uma brincadeira má intencionada, mas todos aqueles que se mostram mentalmente perturbados acabam de alguma forma se dirigindo ao manicômio. Quando indagados sobre o porquê da caminhada no meio da madrugada até um local tão ermo, alguns deles disseram seguir uma voz que clamava incessantemente pela suas presenças.