Vampiro: NOLA
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Mansão Longue Vue (Elísio)

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Julliet Harrison
Ivica Romanova
Edgard von Astorff
Helena De Vries
Mestre de Jogo
9 participantes

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26Mansão Longue Vue (Elísio)        - Página 2 Empty Re: Mansão Longue Vue (Elísio) Dom maio 27, 2012 5:51 pm

Ivica Romanova

Ivica Romanova
Ancillae

I V I C A




Certa vez, há muito tempo atrás - quando ainda respirava -, Ivica estava a “brincar” com algumas amiguinhas ao visitar uma tia em Ijevsk. A beleza do quintal por onde corriam e o lindo pôr-do-sol daquela tarde de outono não conseguiam sobrepujar a força inspiradora da Longue Vue, onde a vampira se encontra agora. Nem o jardim suspenso ou as colunas brancas da varanda da casa de sua tia, tampouco a brisa gelada que corria entre árvores ou até mesmo o sol que esquentava a pele alva da pequena Ivy criança eram páreos para a aura quase mística que rodeia cada pedacinho da imponente mansão. E mesmo rodeados de uma beleza superior, os presentes faziam-se tão arrogantes e mimados quanto as amiguinhas da pequena em sua época de criança, que zombavam e lhe alvejavam pedras para afastá-la, incomodadas pelo simples fato de que a beleza de Romanova lhes feria o ego. O orgulho ferido aqui na Longue Vue não passa muito longe daquilo; incomodava aos Anciões o fato da Malkaviana governá-los, logo eles, tão respeitosos Membros de suas casas. Para Ivica, Gregor e Sforza eram como aquelas crianças de sua infância: seres mimados e com o ego ferido após encontrarem alguém "superior", fazendo de tudo para tentar impor sua presença.

As trocas de olhares e até de pensamentos rodeavam as pausas de cada discurso - isso quando não intercalavam-se com as próprias palavras. A única postura firme, além da posição mimada da dupla de Anciões, foi a de Helena, que mudou completamente de sua aparência frouxa para algo mais perto do que Ivica acha que ela realmente é. Junto com a troca de postura da Senescal veio a ordem que todos juravam que jamais seria proferida pela Malkaviana: o Príncipe receberia visita! A toreadora diminuta manteve a impassividade em suas feições durante todo o festival de calúnias disparadas, mas nem mesmo ela e toda sua frieza conseguiram se sobrepor à força do espanto que a ordem de Helena lhe causou. Abriu a boca, de leve. Os olhos se arregalaram um pouco – mas só um pouco mesmo. Tentou vislumbrar na expressão de cada um dos presentes se também sentiram-se surpresos, e nesse momento foi quando notou Franz deixar a sala após um aceno discreto de cabeça. As peças moviam-se no tabuleiro.

Isabela Sforza olhou Ivica uma ou duas vezes. Ela não havia esquecido da presença da Toreadora e talvez estivesse a vigiá-la - ou ainda tivesse ordenado a um de seus espíritos que o fizesse. Se fosse agir, Ivy teria que ser rápida e discreta. Sabe-se lá o que Helena estaria planejando, afinal.

Quedou-se inerte quando na verdade deveria iniciar uma série de protocolos verbais pré-visita ao Príncipe; Helena a havia interrompido com um leve afago em seus cabelos e uma voz bem diferente daquela com que iniciou a reunião. Muitas coisas haviam mudado desde o início da noite.

Ivica ergue o queixo para cima a fim de olhar diretamente a Senescal, o que faz com que acabasse tirando aquela mão de sua cabeça. Seus doces olhos cor de gelo pareciam sorrir quando ela começou a falar.

-- Minha senhora... , chamando a atenção de Helena , -- Eu devo cuidar de nossos convidados então, não?

Pergunta retórica. Da Malkaviana, passa a olhar o Brujah falastrão.

-- Por favor, senhor Gregor, queira me acompanhar , sutilmente estica um dos braços em direção à porta de saída da biblioteca , -- Seria melhor aguardarmos pela senhora De Vries, Sforza e pelos outros em cômodo próximo à entrada da Longue Vue. Seus dotes “exclusivos” – faz soar ‘exclusivos’ como ‘únicos’ – serão bastante úteis se recebermos o Xerife e aquele Ventrue ainda esta noite.

Tão logo faz o convite a Royce, Ivica sai da sala para abrir caminho para Helena e Isabela fazerem o mesmo. Fica a esperar pelo Ancião Brujah do lado de fora da biblioteca. Assim que o teimoso resolvesse se mexer, ela o levaria até um dos cômodos próximos à entrada da Longue Vue, bem como prometido. Por enquanto, o privilégio de ter com o Príncipe havia se estendido somente a Giovanni, e até que Helena dissesse o contrário Ivica não agiria de outra forma.

27Mansão Longue Vue (Elísio)        - Página 2 Empty Re: Mansão Longue Vue (Elísio) Qui Jun 07, 2012 10:56 pm

Isabela Sforza

Isabela Sforza
Anciã

LEGENDA: Interações de Helena De Vries


Isabela viu a indignação de Helena crescer e explodir de uma maneira nada condizente com sua fantasia de Toreador. Deveríam agradecer por ela admitir suas presenças na cidade. Não sabia quanto a Gregor, mas Isabela, em sua arrogância, não achava que precisava da permissão de ninguém para ir a qualquer cidade, além do que, nas cidades onde ia geralmente seus talentos tornavam sua presença sempre muito bem quista, e em Nova Orleans não fora muito diferente. Portanto, talvez Helena deveria considerar descer um pouco do salto de cristal sobre o qual subira e compreender que sua situação não era nem um pouco tão confortável quanto a soberba poltrona em que estava sentada. Além disso, se tivesse que agradecer a alguém seria ao príncipe, não? Não vinham dele as ordens e autorizações a respeito de tudo na cidade?

Isabela ergueu uma das sobrancelhas, visivelmente interessada naquela explosão e aonde iria levar aquela conversa.

Helena tenta retornar à sua postura anterior, mas esta é frágil. E Isabela está satisfeita ao ver que a pretensa Toreador não suporta a proximidade que a Giovanni tenta colocar na conversa. Mas este é seu jeito italiano de resolver as coisas. Diálogos entre amici são sempre mais proveitosos do que reuniões comerciais. Pode gerar muito mais sujeira, mas depois do lambuzo, sabe-se muito bem do que é feita uma pessoa. Não é a toa que os maiores planos da máfia são realizados na cozinha. Helena parecia recusar sua amizade e Isabela não tinha muito o que fazer quanto a isto. A senescal voltava a subir no salto, de maneira um tanto insegura para seu gosto acerca de estilos retóricos, ao afirmar sua superioridade em questão de idade, geração e status social. Mas Helena talvez não conhecesse a história da famiglia o bastante para saber que fora justamente o desrespeito por estes fatores que construiu o clã e deu a Augusto Giovanni o sangue de antidiluviano. Mas deixasse estar por aquele momento...

Pois enquanto Helena prosseguia com sua fala. Os olhos de Isabela desviaram-se para longe de todos as criaturas vivas daquela sala. Com o aviso que recebera, abrira o caminho para Giorgio, aquele que há 4 séculos a assombrava... Sua figura etérea bruxeleava atrás de Helena e ele parecia querer tocá-la. Aquilo resultaria em problemas na medida em que qualquer manifestação de poder era estritamente proibida dentro de um Elísio. E qualquer manifestação vinda de um fantasma tornaria imediatamente Isabela culpada do delito. Giorgio já aprontara desta forma antes, querendo provocá-la. E dera certo. Ele sabia que sua presença era proibida e causaria problemas a ela, mas este era justamente o seu objetivo desde que ela resolvera trazer o ex-noivo do descanso eterno. E, agora, a energia existente em Nova Orleans o tornava mais forte e ele rodopiava ao redor da senescal.

Parte de Isabela torcia para que Giorgio fizesse o maior fiasco naquela sala, assim Helena poderia lembrar de que Isabela não fora apenas aceita na cidade bem como fora convidada a ser membro daquele Primigênie apenas por causa de seus mais de 400 anos de idade. Precisavam que Isabela controlasse os spiritti. Mas Helena esquecia que assim como podia controlá-los, descontrolá-los era molto molto facile.

A senescal tornou a captar sua atenção quando anunciou que se encontrariam com o Príncipe. Aquilo era inesperado e fez Isabela piscar. Helena impôs suas condições e quase fez Isabela cair na gargalhada quando tentou apelar em seu idioma materno, completamente alienígena na boca dela, que a respeitasse única e exclusivamente por causa de sua geração superior. Isabela não conseguiu de sorrir condescentemente para a senescal.

Ela a convidou para saírem da biblioteca.

Apenas as duas seguiram. E após atravessarem alguns halls e corredores, as luzes começaram a piscar. Era Giorgio causando suas interferências. Isabela manteve-se impassível, já estava mais do que acostumada com este tipo de intromissões. Será que Helena estava acostumada? Mais um corredor e este estava com a porta ao seu fim fechada. Ao passarem pela de entrada, esta fechou-se bruscamente atrás delas e Giorgio começou a gritar e as luzes a piscarem de forma rápida e erratica. Ele ia de um lado para o outro e estava tão agitado que fez esvoaçar as formas impecáveis das vampiras. Isabela empurrou Helena contra a parede e se colocou no centro do corredor e esperou. Quando ele se aproximou dela, levou o punho com força para o centro de seu “corpo”. Ele parou imediatamente e Isabela apertou a mão direita ao redor de seu pescoço a fim de segurá-lo.

Não seria uma Giovanni desequilibrada que acabaria com minha postura. Quase desci ao nível de "merda" em que a conversa dela e do outro estava, mas por sorte eu tenho um cérebro e muito bom senso. A prova disso é que permiti que eles tivessem a possibilidade de ver o Príncipe esta noite. Sim, dei minha permissão mesmo sabendo que eles não mereciam tamanha honra. O que recebo em troca? Uma maldita manifestação fantasma na Longue Vue. Não é porque eles não podem de fato pisar neste solo sagrado que eu vá permitir que vaguem pelos cantos. A princípio eu não sabia do que se tratava, chegando a pensar que estaríamos sendo alvos de algum ataque Sabá. Mas para quem também anda pelo mundo dos Mortos - de certa forma, pois meus níveis de Auspícios me permitem um passeio espiritual -, e tem uma Giovanni ao lado, resta claro o que eram aquelas luzes piscando. Essa foi fácil; complicado mesmo foi arrumar uma explicação para a audácia dela em me empurrar contra a parede. Maldita desequilibrada.

- Comportati bene, mio caro. Dobbiamo essere educato qui. Anche tu. - Disse Isabela ao spirito. - Aspettami a casa. Io vado a dare quello che vuoi.

Ela o soltou. E ele logo desapareceu, não ficaria mesmo ali, uma manifestação daquela o deixaria esgotado.

Ajeitou os cabelos rapidamente e virou-se para Helena.

- Acho que a visita ao príncipe deverá esperar. - Disse. - Embora eu acredite que ele não esteja realmente disposto a deixar a segurança de suas sombras apenas por minha causa. Seu incomodo não deve valer tanto. Além disso, Helena, meu problema não é com ele, mas com você... E aliás, nem é, ao certo, um problema, é mais um interesse. Eu realmente quero ajudá-la, e quero querer estar ao seu lado. Mas esta causa pouco me interessando para querer lutar por ela seja por qual lado for. Acredito que você saiba que o poder que eu tenho me torna importante para os dois lados. Independente de quem ganhar esta briga, vão precisar de mim. Você pode me caçar por causa de minha “falta de respeito”, mas lembre do estrago que posso fazer enquanto tenta me pegar. Posso colocar uma legião ao seu redor que vai lhe deixar tão louca quanto você tenta esconder que é.

- Ah se eu soubesse que tu mudas de opinião tão facilmente... Estarão os outros a salvo de suas alternâncias quando passar para o outro lado? - sorrio para que desconsiderasse minhas palavras - Você tem que decidir o que vai querer da sua não-vida, senhora Sforza. O encontro com o Príncipe poderia esclarecer suas idéias, por isso eu insisto. - erro os olhos e a encaro mais de perto - E não ache que você é a única criatura com esse tipo de poder. Muito menos ache que é a mais forte.

- Não sou a única, nem a mais forte, mas como é conveniente manter-me aqui. Tudo bem, desdenhe-me, se quiser. Ainda há muito por acontecer. Mas saiba eu não quero lhe fazer ameaças! Eu sinceramente quero ser sua amiga. De verdade. Por alguma razão absurda e revoltante, eu nutro algum afeto pela sua fragmentada pessoa. - Lançou um olhar frustrado para ela.

- Esse tipo de artifício não funciona mais contra mim. O que funciona comigo é o respeito. Respeito e cumplicidade. Você nem sempre poderá ter líderes que cedem tamanha liberdade aos seguidores. Digo-lhe que deves recuar em suas ameaças, afinal, estamos do mesmo lado. Ainda é o desejo de nosso Príncipe que trabalhemos juntos para expurgar todo o mal de nossa cidade. Seja ele qual for.

- E qual o tipo de respeito que você quer? O provido pela insegurança do medo ou o provido pela lealdade da amizade? Àqueles que me subjugam pelo medo jamais terá meu respeito, eu não me ajoelho e àqueles que conquistam a minha admiração, eu dou a vida. Escondemos, Helena, mas apesar de estarmos mortas há tanto tempo, ainda somos movidas por nossos sentimentalismos. Nossas emoções são a raíz de nossa vontade, a única coisa que nos mantém vivos. Não me importo com qual lado eu vá ficar. O que preciso desta cidade terei, seja lá quem estiver no comando. E se aqui eu não puder conseguir, o mundo é vasto e muitos são os que morrem e deixam assuntos inacabado. O que quero saber é o que você que de mim? Você quer que fujam de você ou morram por você? Medo ou respeito? Pois não são as mesmas coisas. - Isabela para por um momento, a olhar Helena nos olhos. Aquela noite fora um fiasco. Não fora tão entediante quanto imaginara, e acabara se envolvendo demais em algo que na verdade nem lhe era tão caro assim. Deu de ombros. - Se quiser a minha amizade, ela está a disposição, porém, não espere que eu vá ficar lambendo o chão que você pisa como fazem os seus Toreadoresinhos de estimação. - Disse referindo-se à Lorrimer e à garota. - Agora, desça do pedestal da idade e pondere, por pouco que seja sobre isto. E eu vou cuidar de meus assuntos e, se possível, darei uma olhada sobre Lakefront.

Despediu-se e seguiu em direção à saída.

28Mansão Longue Vue (Elísio)        - Página 2 Empty Re: Mansão Longue Vue (Elísio) Qua Jun 13, 2012 10:45 am

Helena De Vries

Helena De Vries
Anciã

Malditos fantasmas, bregas até a alma. Luzes piscando, correntes sendo arrastadas, murmúrios lamuriosos... Será que isso nunca vai mudar? Eles poderiam ao menos se inspirar na Aparição do Arnaud’s Restaurant: histórica, estilosa e que apenas soma ao local. Em vida, teria os pêlos de meus braços eriçados com a fantasmagórica presença do servo de Isabela, mas em morte só tenho a lamentar que ainda tenha que presenciar tão depreciativa cena.

Livre da Giovanni, de seus espíritos e da apresentação Real, coube a mim a única e fastidiosa tarefa de aguardar. Aguardei Edgard e seus convidados antes de ser informada que viriam apenas na noite seguinte, finalizando de forma melancólica uma noite recheada de expectativas. Ao menos puder presenciar o ancião Brujah Royce Gregor acatar a ordem Real para ter com os advogados da “Venstrue”; discussões filosóficas e arregimentação de aliados é apenas um lado do embate, enquanto que a questão humana-jurídica é outro – o qual não deve ser ignorado. Com os Ventrue e seus humanos na Longue Vue, ficará mais fácil encontrar uma solução. Assim espero.

Ao levantar esta noite, tratei de dispensar Franz de qualquer obrigação na mansão. Ele tem a tarefa importante de propagar a iniciativa Toreador, de expandir nossa rede de contatos leais, contando com prévia autorização Real para agir como queira, afinal, trata-se de um Membro que inspira grande confiança. Ivica permaneceria conosco, fazendo a recepção dos ilustres convidados, mas sua participação será apenas complementar. Quanto aos lacaios e funcionários da Longue Vue, estão todos ordenados a fazer plantão, devendo fazer checagens de hora em hora em busca de ameças ou armadilhas. De resto... Creio que Edgard é mais que habilitado a cuidar de eventuais problemas.

Escolhi a Sala de Estar no segundo andar para receber minhas visitas. No momento, coordeno um grupinho bem enrolado de humanos que não conseguem sequer alinhar a os sofás da forma necessária. Ordeno que limpem os vidros das janelas,que tirem o pó das paredes, teto e móveis, passem algum produto no piso de madeiras – anti-Nosferatu, de preferência – e que providenciem taças de cristal romeno para otimizar a experiência de um bom gole de sangue. Ademais, também não queria ver papés, planilhas quadros, eletrônicos modernos e qualquer outra mundinice que corra o risco de evocar uma atmosfera Ventrue.

Após tudo ser colocado na mais perfeita harmonia, dispenso os lacaios de seus serviços de arrumação, deixando-os alerta para uma eventual requisição de última hora. Sozinha, sento de pernas cruzadas em uma das cadeiras e sirvo-me de uma das taças após um estalar de dedos para a criada de plantão. Recebo a visita de Ivica e toda sua elegância. Ela parou à entrada do cômodo e ficou esperando pelas ordens da noite.

- Minha querida, terei que lhe pedir que faça novamente as honras da casa. Recepcione Edgard da maneira mais agradável possível, e não menos agradavelmente dê as boas-vindas a quem lhe fizer companhia.

Fizemos o mesmo gesto de aceitação com a cabeça ao mesmo tempo, sendo Ivica dispensada em seguida. Permaneço com a taça entre os dedos, levemente balançando em círculos. Procuro manter meus olhos fechados e ouvidos atentos à chegada de “pessoas” em nossa humilde residência. O som dos grilos no jardim é o que escolho para me concentrar enquanto simplesmente aguardo.


__________________________________
OFF: Aqueles que forem postar na Longue Vue, podem dizer que foram recepcionados por Ivica Romanova e depois levados até o segundo andar, à Sala de Estar, onde está a Senescal Helena de Vries. Não precisam aguardar por post de Ivica.

29Mansão Longue Vue (Elísio)        - Página 2 Empty Re: Mansão Longue Vue (Elísio) Sex Jun 15, 2012 2:07 am

Catherine Blake

Catherine Blake
Anciã

CONTINUAÇÃO DE CENTRO EMPRESARIAL. É ESSENCIAL A LEITURA DO POST ANTERIOR ANTES DESTE.


A chegada ao Longue Vue foi calma, apesar da turbulência que irrompia em seu interior e do desagradável cheiro do Nosferatu ao seu lado. Sua mão permanecera, por toda a viagem, repousada na coxa de Liam, enquanto a cabeça dele encostava-se em seu ombro e seu corpo aconchegava-se levemente ao dela. Queria ter tempo de coloca-lo em seu colo por alguns instantes e mandar que ele lhe desse todos os detalhes sobre a noite, mas naquele momento seria impossível. Aproveitou-se do tempo de inércia para retirar a coleira de couro negro e interior forrado de pele de cordeiro tingida em vermelho dele de dentro de sua bolsa, colocando-a no pescoço de seu pet e desenrolando a guia de prata. Era essencial que ele usasse a coleira em sua presença, como símbolo de sua evidente posse.

Desceu do carro quando a porta foi aberta pelo motorista-carniçal, após a saída do Xerife, que os guiou para dentro da bela mansão clássica sem dizer absolutamente nada. Era, de fato, algo esperado, já que podia notar a surpresa que permeava o Nosferatu por sua aparição. Ele sabia que era uma anciã e extremamente importante, apenas por sua aparência e modo de se portar, mas não teria como saber quem ela realmente era. Isso, para um Nosferatu, era quase um insulto, mas Catherine guardara sua presença muito bem guardada.

Por causa de Henry, fora obrigada a se revelar e tiraria o maior proveito da situação.

Sua entrada pelo hall extremamente bem decorado foi feita com a elegância que lhe convinha, carregando Liam pela guia da coleira enquanto caminhava pelos tapetes caros e antigos. Exatamente como uma rainha, como se pertencesse àquele lugar.

Deparou-se com a presença da Hárpia que já os aguardava, pelo visto, e foi até ela com um sorriso encantador no rosto.

Ivica era linda, uma boneca. Seus cabelos claros, juntamente com a pele perfeita e as feições infantis faziam dela algo que Catherine ambicionava. Seria um prazer ter aquela princesinha a seu serviço, mas sabia que, para isso, deveria conquista-la aos poucos, algo que pretendia fazer em um futuro próximo.

Fitou-a por alguns segundos, sua expressão amável, antes de cumprimenta-la com classe e educação.

- Boa noite, pequena. É um prazer para mim finalmente poder vê-la pessoalmente. Será que poderia nos dar a honra de anunciar a presença de Catherine Blake para a sua senhora, ou então nos levar até ela? – Solicitou, calmamente, observando cada uma das reações da Toreadora.

Ivica poderia lhe ser de grande ajuda ou de grande infortúnio, dependendo de como a soubesse conduzir, e Catherine pretendia que fosse da melhor maneira possível. Pelo menos, para que seus planos pudessem fluir no caminho certo.

30Mansão Longue Vue (Elísio)        - Página 2 Empty Re: Mansão Longue Vue (Elísio) Seg Jun 18, 2012 8:14 pm

Ivica Romanova

Ivica Romanova
Ancillae

I V I C A




Segundo palavras de Willian Hazlitt, “a melhor parte da nossa vida é passada a aguardar o que vem.” Quis dizer com isso que a expectativa por muitas vezes supera a realidade, assim como aconteceu no recente encontro da Primigênie. Enquanto sangue era aguardado ao fim da noite no Elísio, Ivica limitou-se a testemunhar serenas despedidas. Os ânimos se esfriaram mais do que as peles mortas há séculos, e cada qual seguiu seu rumo sem entrar em maiores conflitos. Ainda faltam alguns séculos para que a pequena vampira consiga compreender a complexidade da mente de um Ancião, entender os motivos e padrões de comportamento que os fazem esquecer-se de ofensas e promessas tão facilmente quanto as suscitam.

O belo, porém tolo Royce Gregor, foi acompanhado até a porta e de lá sumiu na penumbra do jardim da Longue Vue. Ivica retornava ao interior da mansão quando cruza com Isabela, a outra a se despedir. Franz, por sua vez, não teria afazeres que justificassem sua presença pelos corredores esvaziados, restando à pequena a companhia da presença de Helena. Ambas aguardaram pela volta de Edgard acompanhado do Ventrue Henry, sendo informadas que retornariam na noita seguinte. Não havia mais trabalho a ser feito esta noite e Ivica antepôs o sono a todo o resto.

Desde sua criação – a qual chama de forma armagurada de “maldição” -, a criança-monstro tem consciência de que representa o papel da torpeza a qual os vampiros estão suscetíveis. Muitos querem sua destruição, justificando o odioso ato com a desculpa de estarem a consertar "erros do passado", cometidos pelo senhor da criança. Talvez por desejar essa redenção macabara, a Morte Final, Ivica escolheu não se esconder. Além de assumir um dos cargos de maior visibilidade da administração da Camarilla, o seu refúgio é o próprio Quarto Principal da Longue Vue, livre de qualquer medida adicional de segurança. É nele em que a pequena se recolhe, veste a camisola infantil feita de seda e noite após noite passa pela dificuldade de escalar a alta cama de madeira brasileira. Como num ritual inerente a quase todas as crianças do mundo, ela se deita e espera ser coberta e beijada por um adulto – qualquer carniçal disponível no momento.

Passada a noite, ela recebe novas ordens para fazer as “honras da casa”. Helena foi sutil ao dizer que não queria picuinhas entre a pequena e o Xerife, e que deveria tratar muito bem os convidados. Tais acompanhantes, colocados no plural, deixando claro que não receberiam somente o senhor Freeman, seriam a chave para o desdobramento do embate entre Artistas e Homens de Negócio. Dentre as possibilidades que se clareiam para Ivica frente o encontro marcado, ela vê o surgimento de outro aliado dos Ventrue como a mais forte candidata. Poderia inclusive apostar um Malkaviano como parceiro de conflito deles – aliás, encaixaria perfeitamente na história. Portanto, é com bastante interesse que a criança desce para o hall de entrada a fim de esperar pelas visitas surpresas.

As mãozinhas de Ivica repousam à frente de seu corpo com os dedos cruzados; seu queixo permanece erguido. Ela passa minutos sem olhar para outra direção que não fosse a do portão de entrada da Longue Vue. Os mais de duzentos metros da entrada de ladrilhos de cerâmica rodeada de imponentes árvores são apenas um pequeno obstáculo para os olhos aprimorados da vampira. Mesmo ao longe ela enxerga o luxuoso carro parando em frente ao portão. Quatro figuras iniciam o longo percurso até a entrada da mansão, sendo que apenas o carniçal porteiro e o Xerife são reconhecidos por Ivica. Os outros dois, desconhecidos até então, atraem toda a atenção da Harpia. A mulher poderia se passar por uma Toreadora, tamanha a beleza e delicadeza de seus traços; mas a escolha dos scarpins de couro são definitivamente um ponto contra. Que Artista que em plena consciência colocaria tal peça em visita ao santuário sagrado da finesse? O outro que acompanhava a mulher era um pet, um “animalzinho de estimação.” A criança já ouvira falar a respeito dos tais pets, mas nunca havia visto um de tão perto. Pelo que já lhe contaram, são criaturas - humanos em sua maioria – que perderam o amor próprio após anos de submissão. Sem dúvida alguma estava diante de uma cainita extremamente dominadora. E, “extremamente”, em termos vamíricos, significa perigo.

A cainita se aproximou de Ivica e, observando-a atentamente, dirigiu-lhe a palavra.

- Boa noite, pequena. É um prazer para mim finalmente poder vê-la pessoalmente. Será que poderia nos dar a honra de anunciar a presença de Catherine Blake para a sua senhora, ou então nos levar até ela?

Catherine Blake não é um nome conhecido para a criança, mas certamente o é para Helena. O que incomodou a Harpia de fato foi que a apresentação aconteceu de forma amistosa demais, sem imposição de voz ou intimidação. Ela queria a simpatia de Ivica.

-- Seria uma honra, senhora Blake. - faz um movimento único de levar o queixo ao peito, concordando em levá-la até Helena -- Por favor, queiram me acompanhar.

Não havia sorriso na expressão de Ivica; nada de simpatia ou antipatia, apenas bons modos. Ela gira sobre os pés e espera que os convidados entrem na mansão, cumprimentando Edgard assim que ele passa. A criança então retoma sua posição à frente do grupo e segue na mesma postura em que estava na porta. Andava lançando olhares pontuais para os quadros e objetos de arte expostos pelo caminho, querendo com isso que a atenção dos convidados fosse guiada para tais pontos de interesse. Permanece em silêncio, fazendo com que o único barulho presente fosse o dos calçados se chocando contra o piso de madeira.

Ao atingir as escadas centrais da Longue Vue, Ivica quebra o silêncio das palavras. Dirigi-se à Catherine, ainda que continuasse olhando para os degraus à frente.

-- Tu és amiga de Henry Freeman, aquele que descobrimos querer nos desalojar de nosso Elísio?

Catherine meneia com a cabeça em resposta, seguindo a pequena com polidez. Sua mente estava completamente tomada por pensamentos e opções para a resolução do problema, o que era quase o suficiente para retirar sua atenção dos arredores, mas não tanto. Conseguia reparar na beleza da arte exposta no Elísio, mas não se importava o suficiente para fitá-la demoradamente.

A pergunta de Ivica não a pegou de surpresa, apenas fez com que o sorriso retornasse ao seu rosto, dessa vez frio e contido.

- Posso dizer que, a partir de hoje, não mais. - Respondeu, sem intenção de se explicar ou justificar para a Harpia. Sua conversa era com Helena e mais ninguém.

Outras perguntas se seguiriam com o intuito de descobrir sempre "um pouco mais" - se não fosse pelo polido ‘gelo’ que Catherine deu na garota. Longe de se incomodar com isso, Ivica responde de maneira bem curta com um "entendo".

As mãozinhas diminutas se esticam para que pudessem alcançar o topo do corrimão. Elas deslizam suavemente, livres de qualquer poeira ou farpa solta. Ao atingir o final da escadaria, Ivica mantém-se à frente do grupo até parar próxima à entrada da Sala de Estar. Ela aproveita estar de frente para o cômodo e busca Helena com olhares disfarçados, encontrando sua senhora sentada confortavelmente enquanto bebericava sangue fresco em uma fina taça.

-- Com licença, senhora Helena. Nossos convidados estão aqui.

A pequena se volta para a comitiva que guiava e anda um passo de lado, saindo do caminho e deixando livre o caminho para a entrada de Edgard e Catherine – esperava de coração que Catherine tivesse o bom senso em deixar o pet aguardando do lado de fora. E novamente, fala com a Senescal.

-- Devo permanecer aqui junto a vossa senhoria?

A curiosidade é forte demais. Se pedir para ficar não fosse tão humilhante, assim Ivica o faria.


Com participação de Catherine Blake

31Mansão Longue Vue (Elísio)        - Página 2 Empty Re: Mansão Longue Vue (Elísio) Qua Jun 20, 2012 1:54 pm

Helena De Vries

Helena De Vries
Anciã

Dizem que quando o fim está próximo um filme passa pela sua cabeça. Pois meu cinema é mudo.

O tão alarmado fim do governo atual não passa de um conto de fadas de araque. Quando eu puder enfim confrontar o trovador a narrar esta estória, desmistificarei as mentiras contadas às nossas crianças e aos nossos velhos – vide o senhor Gregor e a senhora Sforza. Henry Freeman poderá tirar suas próprias conclusões sobre a figura a quem tanta profana chamando de ‘louca’, e acabará descobrindo que de louca ela não tem nada.

Enquanto espero de olhos fechados, presto atenção no silêncio ao meu redor. O silêncio se transforma em pequenos ruídos das telhas no telhado e do relógio se movimentando na parede atrás de mim. Expandindo minha percepção para além do quarto, capto burburinhos dos servos da mansão no primeiro andar. Finalmente, com todos os sons captados e compreendidos, movo minha percepção para mais longe ainda, para além das paredes da Longue Vue. As engrenagens do portão se abrem sob o toque do porteiro no botão certo. Um carro não muito pequeno, a julgar pelo peso de suas rodas contra os ladrilhos. Ele esbarra na impossibilidade de seguir até a porta da mansão e logo o estridente barulho dos calçados contra o piso chega em meus ouvidos. Três visitantes, e a julgar pelo fedor que em pouco tempo é trazido por uma brisa até mim, um deles é o meu Xerife. Os cheiros dos outros dois, além de serem muito fracos, se misturam um pouco, tornando indetectável a origem correta de qualquer um deles.

O frustrado trovador não estava presente. Em seu lugar, Catherine Blake. É óbvio, que descuidada que eu sou! Os Ventrue não poderiam continuar como estavam, com um homenzinho incapaz de honrar o cargo de destronador da Camarilla tomando a frente das ações. Alguém de maiores capacidades deveria tomar a frente.

Passam pela escada e logo são anunciados por Ivica, que por sinal, fez muito bem seu trabalho.

- Sim, Ivica. Pode ficar. – faço um gesto sem muita importância e paciência com as mãos; coloco a taça em cima da mesinha ao lado da poltrona e viro o rosto na direção da porta – Entrem todos. E por favor, sentem-se.

Educadamente mostro os quatro lugares vazios. Ivica sabe que não deveria aceitar o convite, ficando em pé a alguns passos de distância. Sinceramente esperava receber Freeman, mas até achei melhor receber alguém mais à minha altura. Seria ótimo se não fosse tão grande a comitiva.

- Catherine Blake, Anciã do clã dos Ventrue, estou certa? – cruzo as pernas e repouso as mãos com estilo sobre minhas coxas – Dispenso minha própria apresentação, afinal, vocês devem me conhecer muito bem. Para ser sincera, devem me amar.

O bom de não ser uma figura autoritária, de viver com carrancas de superioridade, é que quando disparamos ironias e ofensas do tipo elas nunca formam aquele clima pesado de inimizade. E posso fazer isso sucessivamente.

- Sinto muito por o senhor Freeman não estar conosco nesta reunião. Gostaria muito de vê-lo mais uma vez. É uma visão tão linda... – sorrio e desvio o olhar para o chão, simulando uma vergonha escancaradamente falsa – Que ele queime no inferno. Aaamém. - faço o sinal da cruz com pouco jeito para a coisa – Fico muito satisfeita por tê-la na Longue Vue esta noite, senhorita Blake. Creio que já conheceste minha pequena Ivica – olho na direção da Harpiae meu amigo, o mais que respeitável Edgard von Astorff.

Que Edgard não tenha me traído ainda, aquele rato chauvinista. Onde já se viu, chegar em seu próprio Elísio "escoltando" aqueles que tentaram acabar com os seus? Confiar na estabilidade do pacto de não-agressão em Elísios não é uma alternativa muito confiável para mim; preferia confiar em meu Xerife. Mas evito de perder muito tempo com preocupações ou apresentações; junto as mãos e fixo a atenção na Anciã, não demonstrando medo de seu olhar.

- Vou ser breve ao abrir os trabalhos, Catherine – se me permite chamá-la assim. Recusamos a interferência de vocês no poder antes e continuaremos a recusá-la. Nova Orleans é tradicionalmente uma cidade de domínio Toreador e jamais cederá o controle aos Ventrue, não importando o quanto vocês demonstrem saber governar. Advinhe: nós também sabemos, e mesmo diante de um desastre natural temos conseguido reestruturá-la aos poucos. Não são suas ameaças e manobras sujas que nos farão mudar de estratégia.

Como uma dama que sou, permito-lhe que pense a respeito sobre o que falei, aproveitando o tempo para ordenar à serviçal presente que servisse uma taça para Edgard e uma para o acompanhanete da senhorita Blake. A Ventrue, com suas frescuras de alimentação, de certo não aceitaria minha generosa oferta.

- Antes de lhe dar a palavra devo dizer que estamos abertos para receber o seu clã como parte de nossa organização, desde que se retratem das ofensas disparadas até o presente momento.

Aproveito o gesto de beber mais um gole da taça e escondo o meu rosto com ela, deixando somente os olhos a encararem a senhora Ventrue.

32Mansão Longue Vue (Elísio)        - Página 2 Empty Re: Mansão Longue Vue (Elísio) Ter Jul 31, 2012 4:30 pm

Catherine Blake

Catherine Blake
Anciã



Helena De Vries era uma mulher difícil.

Seus trejeitos e modos claramente gritavam seu clã sanguíneo, e as vestimentas e porte, forçadamente doutrinado, demonstravam a decadência de sua mente.

A anciã alegava ter se redimido da insanidade característica dos filhos de Malkav, dizendo-se libertada de tal maldição. Ela, porém, não conseguia enxergar que, ao fazer tal declaração e passar a viver uma identidade que não possuía, ela apenas afogava-se mais na loucura que seu sangue lhe infligia.

Era um ciclo vicioso. Um ciclo que Helena jamais estaria disposta a quebrar conscientemente. E, além de tudo, um ciclo de delírios que arrastava todo o principado de Nova Orleans dentro de sua decadência.

Mas Catherine nada disse. A falta de classe e finesse da Malkaviana não a incomodavam realmente, apenas faziam com que um brilho levemente divertido se acendesse em seus olhos. Seguindo suas instruções, entrou no aposento indicado, lançando um olhar demorado e significativo a seu pet. Liam, entendendo a mensagem, se prostrou imediatamente de joelhos, com a cabeça baixa, apoiando-se em suas mãos e permitindo assim que sua senhora pudesse se sentar em suas costas, confortavelmente.

Cruzando as pernas, Catherine ofereceu um minúsculo sorriso educado em direção a Helena ao ouvi-la falar. Não estava acostumada a ser tratada sem a comum deferência e com tanto despojar, mas a mudança, para sua surpresa, não a desagradou.

- O clã Ventrue não nutre qualquer sentimento negativo a seu respeito, Helena. – Declarou, erguendo uma das sobrancelhas em divertimento ao escutar suas declamações sobre Henry.

Ao pensar no subordinado, porém, sua expressão se fechou em aborrecimento. Esperou que as apresentações desnecessárias fossem feitas, cumprimentando a todos com um aceno de cabeça educado.

- Catherine Blake, anciã dos Ventrue como já deve ter ficado claro. E Liam. – Disse, sinalizando o pet abaixo de si.



Edgard olhou para a elegante mulher, que se encontrava sentada em cima do Gangrel como se o rebelde que encontrara anteriormente não passasse de um ser inútil a ser comandado. Talvez ele realmente o fosse. Ou talvez o poder da Ventrue houvesse sido o suficiente para subjugar sua vontade própria, mas não perderia tempo refletindo sobre tal fato.

Respondeu ao aceno com o cenho franzido, analisando-a. Estava pronto para agir a qualquer mínimo problema que pudesse ocorrer naquele encontro, mas a verdade era que estava interessado no que a esnobe Ventrue tinha a dizer, já que se encontrava pessoalmente no Elísio. O tratamento dispensado ao ignóbil Freeman havia sido um adendo especial para intriga-lo diante daquela situação.

Aquilo tudo poderia ser um teatro extremamente bem bolado, mas a fúria que testemunhara naqueles claros e detestáveis olhos azuis não parecera nem um pouco falsa. Muito pelo contrário. Portanto, Edgard pretendia ouvir para depois julgar. Talvez algo de útil pudesse ser extraído daquela reunião.



Catherine permitiu que seu sorriso se alargasse diante das palavras bruscas da Malkaviana. Helena parecia resoluta, o que não lhe surpreendia minimamente. Sabia bem de suas intenções e idealizações, mas também conhecia a insatisfação da Primigênie. Conhecia os anseios dos membros do Conselho, afinal, nada naquela cidade fugia de seu conhecimento.

Mas aquela era uma cartada que Catherine pretendia guardar. Pelo menos, por enquanto.

- Acho que estamos discutindo o assunto errado nesta reunião, Helena. Vim falar de Henry Freeman. – Declarou, recusando a taça servida a Liam com o erguer de uma das mãos. Não estava na hora da alimentação de seu pet. – O que ele fez não foi apenas sujo e detestável, mas completamente fora dos planos do clã Ventrue e sem nenhuma autorização. Henry Freeman agiu por conta própria em sua empreitada, Helena, e é exatamente por isso que estou aqui.

Permitiu que seus olhos fitassem o dela com uma intensidade quase intimidadora. Conseguia captar, com a visão periférica, a atenção do Xerife a poucos metros, percebendo que ele estava bastante interessado em sua declaração sobre Freeman, e pretendia mantê-lo dessa forma.

- Temos um inimigo em comum. Por descuido de meu clã ao confiar em um ser fraco e patético, porém, ambicioso, toda a Camarilla e a Sociedade dos Membros de Nova Orleans está ameaçada. Henry tem cartas nas mangas que não deveria ter, controla áreas que não deveria controlar, e simplesmente eliminá-lo não seria o suficiente. – Falou, permitindo-se tocar os cabelos de seu pet distraidamente. – Mandei que Liam o escoltasse no evento para que eu tivesse Henry debaixo de meus olhos enquanto terminava de investigar suas empreitadas. Henry deveria ser vigiado por todo o momento, e qual não foi minha surpresa diante de sua infame declaração pública!

Seu tom demonstrava todo o desgosto que sentia por aquele episódio. Voltou os olhos para Edgard, observando o Xerife por alguns segundos antes de voltar a falar.

- Se ele fosse eliminado naquele momento, a cidade estaria perdida. Digo isso com toda a certeza que tenho: Henry Freeman estendeu suas mãos longe demais.



- Quão longe? – Questionou, sem mais qualquer vontade de se manter passivo naquela conversa.
Viu um sorriso adornar o belo rosto da Ventrue que fez com que suas sobrancelhas se franzissem em alerta. Não era um sorriso comum, de escarnio ou ironia. Não era sequer um sorriso de deboche. Era algo que jamais havia vido em sua vida e que traduzia tudo de obscuro que poderia conter dentro de um cainita tão velho como Catherine Blake parecia ser.

Edgard não possuía medos. Mas, naquele segundo, soube que não seria uma boa ideia ter a Ventrue como uma inimiga.


~Ela pode te esmagar sem nem tentar, não é mesmo? Você é tão fraco, tão fraco, meu querido... Gostaria de vê-lo morrer pelas mãos de uma mulher. Seria magnífico!~

Cerrou os punhos, na tentativa de ignorar a voz em sua mente e a brisa que tocou sua pele gelada. Maldita fosse, mil vezes! Mas não teve tempo de se concentrar naquela tormenta, já que os lábios avermelhados da Ventrue voltaram a se mover com a resposta que queria ouvir.



- Longe o suficiente.


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Post feito em conjunto com Edgard von Astorff



33Mansão Longue Vue (Elísio)        - Página 2 Empty Re: Mansão Longue Vue (Elísio) Dom Ago 05, 2012 3:57 am

Helena De Vries

Helena De Vries
Anciã

Devo ser muito burra mesmo para continuar a parecer uma retardada depois de tantos séculos vividos. Vejam só: tenho uma Anciã Ventrue na minha frente, dizendo na minha cara, que um dos seus colocou tudo a perder sem que ninguém de dentro do clã aprovasse suas ações. Só com muita cara de retardada para ter que ouvir isso... Quero dizer, não é algo que seja fora dos parâmetros adotados pelos Ventrue, mas ter que vê-la se passando de boazinha depois de tudo o que eles fizeram para tomarem o poder, depois de todas as maquinações para ganharem influência no Centro da cidade, é pedir demais de minha pessoa. É nessa hora que adoraria poder gritar “que soltem os cachorros!” e uma alcatéia faminta de lobos selvagens invadissem a sala com sede de sangue-azul. Lembro-me de um do clã dos loucos que agira exatamente dessa forma há séculos atrás; pena que não possuía mais do que um filhote de vira-lata em seu cubículo-refúgio à época para que seu plano pudesse ter dado certo.

Foram tantos impropérios disparados um após o outro que por pouco me esqueço de fazer o primeiro julgamento de caráter de meus convidados. Dispenso avaliações mais profundas sobre a psiquê de Edgard, contentando-me em testemunhar seu real interesse pela minha convidada. Não posso me esquecer disso futuramente. Já “aquilo” que servia de banco para o traseiro raquítico da vampira provavelmente seja o Gangrel aliado dos Ventrue; não digo isso por ele estar a serví-la no momento, mas sim por ter sido o cainita designado para servir Freeman. Se os boatos estiverem corretos, trata-se de um membro dos Selvagens de relativa experiência, passando longe de ser um dos cabeças do clã. Vê-lo tão submisso à Ventrue é algo memorável, coisa que uma pessoa diga daqui a cem anos “eu estive lá e testemunhei com meus próprios olhos”! Tão bizarro que beira o insano – e do insano quero distância. Perder tempo com ele não está nos meus planos; eu só passarei a me preocupar se os Selvagens começarem a entrar na jogada com os seus mais velhos. Por fim tenho lady Catherine Blake. Dizem as más línguas que ela possui tanta idade quanto eu, o que seria agradável quando me batesse aquela vontade de conversar sobre o passado... isso se ela não fosse uma Ventrue. Malditos burocratas, sempre com suas ambições do tamanho de seus egos. Penso neles como exemplares de vampiros que deram errado e acabaram ganhando o poder do “Toque de Merdas”: tudo em que encostam vira bosta. Se Nova Orleans dependesse deles, teríamos mais ou menos o seguinte quadro: as músicas da Bourbon Street cederiam lugar a discursos super enfadonhos; os casarões do Garden District se transfomariam em prédios comerciais de cem andares; os quadros, móveis e demais objetos de arte da Longue Vue seriam susbtituídos por planilhas e pastas. Não somos Londres, tampouco Nova Iorque; temos aqui uma história recheada de mistura racial, de inovação artística; temos uma história que ditou os rumos da arte por todo o país, e é exatamente assim que pretendo manter as coisas.

Apesar dos pesares, ela é uma governante nata e uma negociadora idem. Ficar quieta apenas maquinando comigo mesmo não é uma opção. O melhor a se fazer é demonstrar mais conhecimento de causa do que ela, e com sorte, convencê-la de que não somos os idiotas que pensam que somos. Começo pela mudança de postura. Pimeiro passo: retiro o sorriso de meu rosto por completo. Pronto, sem sinal de alegria agora, como se eu nunca tivesse sorrido em minha penca de anos. Um leve balançar de cabeça se encarrega de colocar minhas madeixas em harmonia com meu rosto, deixando os olhos livres para encararem Cathy com toda a seriedade de meu ser. De minha boca saem palavras embanhadas em convicção, sem ao menos “respirar” entre uma e outra frase, denotando assim que eu não precisava raciocinar sobre o que falava por pertencer-me a razão.

- Então só posso acreditar que nossa reunião não passa de perda de tempo. Vocês se deslocarem até aqui com a única e exclusiva intenção de dizer que Henry Freeman estendeu suas mãos “longe mais do que o suficiente” não é de todo produtivo, e explico o porquê do meu pensar. – aumento a seriedade em minhas palavras para que Catherine ouvisse como uma bronca, o que de fato o é – É óbvio que diriam isso. Eu mesma diria isso em seu lugar. Mas vocês sabem que eu não posso e nem vou acreditar nessa história, e que justamente por isso essa reunião só teria sentido se vocês viessem com uma prova de que não estão contra a Camarilla de Nova Orleans.

Arregalo os olhos, subo as sobrancelhas, entorto o rosto de lado, coloco a cabeça à frente. Está claro o suficiente que agindo dessa forma eu esperava ouvir uma concordância geral, um uníssono “você tem razão”?

- Sequer vejo o senhor Freeman conosco. – repito a expressão anterior por mais alguns segundos, esperando ouvir uma explicação para a minha pergunta disfarçada de afirmação; mas logo pareceria uma louca com essa cara, então volto a falar com a mesma seriedade e porte de outrora, desta vez indagando brevemente meu querido Xerife – Você viu Freeman, Edgard? – durma com essa, Edgard! – Lady Catherine, enquanto não estivermos a testemunhar uma real mostra de cooperação dos Ventrue com a Camarilla de Nova Orleans, vamos nos manter fechados à diálogos com o seu clã. Poderás visitar nossa imponente Mansão quando quiser – desde já lha faço o convite -, mas não pense que vamos considerar suas propostas ou idéias antes que refaçamos essa relação Camarilla X Ventrue de uma maneira saudável. Compreendeste?

Mais um pouco e eu teria que desenhar o óbvio. Pelo menos eu espero que a partir de agora a senhorita Blake haja de acordo com sua posição e pare de nos tratar como um bando de retardados.

34Mansão Longue Vue (Elísio)        - Página 2 Empty Re: Mansão Longue Vue (Elísio) Ter Ago 14, 2012 1:53 pm

Catherine Blake

Catherine Blake
Anciã


Paciência era uma virtude que Catherine possuía de berço. Sua face sempre se mostrava impassível e indiferente diante de qualquer situação, mesmo as que mais lhe demandavam esforço por manter tal compostura.

E Helena estava começando a irritá-la.

Era o dom dos loucos a capacidade de tentar fazer sentido em situações absurdas e imaginárias, tratando como verdade o que não passava de mera fantasia. Mas Catherine era uma jogadora nata e sabia perfeitamente o momento de mostrar as cartas certas.

Um mínimo sorriso agradável levantou o canto de seus lábios avermelhados, fazendo com que tamborilasse os dedos nas costas de Liam. Então Helena queria ser difícil? Isso era um problema apenas dela.

- Entendendo sua posição. Gostaria de conversar com o Príncipe sobre ela, já que, por mais que você tenha soberania para tomar uma decisão, há assuntos que só um Príncipe pode sancionar.

Era uma alfinetada, apesar da sinceridade de suas palavras. Aquela cidade já havia sido governada por tempo demais por uma Senescal insana e um Príncipe sem pulso, que permanecia nas sombras como uma espécie de rato acuado. Catherine gostaria de olhá-lo nos olhos e ver exatamente com que tipo de Cainita estaria lidando. Se é que ele realmente existia.

As dúvidas permeavam não só a sua própria pessoa, mas também todos os que a cercavam. Até os próprios membros da Camarilla. Todo Cainita que se prezasse tinha receios e dúvidas quanto ao suposto governante de Nova Orleans e sua Senescal ensandecida que insistia em se declarar curada do mal que atormenta os de seu clã; como se isso fosse algo realmente possível.

Como se a própria Catherine conseguisse beber qualquer sangue que desejasse, ou se Liam deixasse de se transformar em animais. Como se o Xerife, parado perto de si, reconquistasse uma aparência respeitável, ou a pequena Ivica deixasse de entrar em transe pelas coisas belas.

Era mais fácil atingir a Golconda.

- É de meu conhecimento que seus serviços prestados ao Principado de Nova Orleans são vitais e de extrema competência. Tem minha admiração, Helena, já que é realmente uma pena que o Príncipe não seja você mesma.

Ah, os poderes da mente de um dos filhos de Malkav... Era exatamente o que Catherine pretendia verificar; o quão poderosa a mente de Helena De Vries era.


35Mansão Longue Vue (Elísio)        - Página 2 Empty Re: Mansão Longue Vue (Elísio) Dom Out 07, 2012 2:03 am

Helena De Vries

Helena De Vries
Anciã

Esse Príncipe deve ser realmente alguém muito importante para que todos queiram vê-lo. A imagem que eu criei dele, de alguém recluso e que não dá a mínima para a cidade que deveria governar pode não ser a imagem que ele mereça, afinal de contas, ele fez a melhor escolha na hora de nomear sua administradora real. Eu, Helena de Vries, a senescal que governa de fato Nova Orleans e que arrancou elogios de uma Ventrue carrancuda como essa Blake aí. Elogios tão falsos como promessas de uma Serpente, mas ainda sim que servem para lembrá-la de quem é que está no comando.

Da última vez que autorizei alguém a ver o Príncipe pessoalmente, só tive desgosto. A Giovanni se arrancou da Mansão com seus espíritos sem um pingo de elegância. Espero de coração que Cathy não tome o mesmo caminho. Sim, vou conceder o seu desejo e acabar logo com essa lenga-lenga. Se eu puder fazer isso com um pingo de sarcasmo e humor, melhor ainda.

- Agradeço pelos seus elogios. Sinto-me deveras lisonjeada com tua lembrança – toco o peito por um momento. – Sabemos que não cabe a um cainita qualquer da cidade, muito menos a você, estrangeira, decidir sobre ter um horário com o nosso suserano ou não. Entretanto – levanto o dedo indicador ao alto -, uma forte onde de bom humor se apoderou de mim à alvorada, estranhamente trazendo-me vontades até então por mim desconhecidas.

Levanto do sofá já apontando com o corpo em direção à saída do cômodo.

- Estou com vontade de satisfazer sua curiosidade, plebe. – giro o rosto, mostrando como ela foi sortuda de me encontrar numa noite boa – Agora está na hora de calar a boca.Venha comigo antes que eu mude de idéia. Só eu e você.

Descer escada, subir escada, passar por serviçais, falar com alguns e me vangloriar em silêncio enquanto a Ventrue morre de inveja da beleza de meu refúgio. Tudo isso se dá no caminho até a famigerada sala do Príncipe. Digito os códigos da porta de segurança e em dois tempos estamos andando por um imenso tapete vermelho aveludado coberto de poeira. Está tudo muito escuro, então aproveito a luz que vem do corredor através da porta entreaberta e procuro pelo interruptor. Confesso que é besteira de minha parte, já que há uns 2 séculos a escuridão absoluta não me incapacita. Aos poucos as luzes brancas de emergência se acendem uma após outra pelo extenso corredor que inclinava-se acentuadamente para baixo. Seguimos em silêncio até uma câmara arredondada feita inteiramente de maçiças pedras entalhadas à mão. No centro, um sarcófago – sempre gostei dessa palavra – com um dispositivo bem no topo. Era um disco redondo, no qual encosto a mão, giro para dentro e empurro com bastante força para baixo. O mecanismo destrava a tampa e o interior do sarcófago é lentamente mostrado.

- Ele vai detestar ser acordado a essa hora. – digo enquanto o momento de tensão demora a passar, com a abertura lenta da tampa. – Se ele me perguntar, direi que...

Detenho-me no mesmo instante. O que é isso que estamos vendo? Onde está o corpo?


________________________________________
Não há corpo nenhum dentro do caixão de pedra, e pelo estado deplorável de conservação, de fato nunca ouve – ou há MUITO tempo foi retirado.

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